Sensação de liberdade, oportunidade de conhecer lugares e pessoas diferentes, vivenciar diversas situações a cada parada e ser reconhecido como herói eram os principais atrativos da profissão de motorista de caminhão na década de 70. Incentivados, na maioria das vezes, pelo pai, irmão ou parente próximo, muitos jovens abandonaram os estudos acreditando que seriam os donos do seu próprio negócio trabalhando na estrada, livres, com poder de ir e vir, e ainda com perspectiva de obter sucesso profissional.

Motoristas veteranos lembram que era fácil conseguir frete, havia menos roubos de carga e os transportadores exigiam apenas a carteira de habilitação do motorista e uma condução responsável. A profissão era vista com romantismo e encarada como uma alternativa prazerosa de ganhar dinheiro. Naquela época, apesar de o caminhão não ser tão evoluído e a infraestrutura no Brasil ser pior do que é hoje, a profissão era mais valorizada pela sociedade, que enxergava o caminhão como o principal meio para ter acesso às novidades.

confortoEm quatro décadas, a tecnologia embarcada chegou aos caminhões e os transportadores passaram a exigir profissionais qualificados para conduzir os seus veículos. Atualmente, há mais exigências para se conseguir frete. É preciso, entre outras coisas, ter um caminhão em boas condições de conservação, e de preferência com aparelho de rastreamento instalado, cursos profissionalizantes, cadastro em seguradora e experiência comprovada.

Especialistas do setor acreditam que no passado, existiu o romantismo que impulsionou milhares de jovens a seguir a profissão. Hoje, existe o risco, as exigências, e todos estão diante de um quadro de aumento de roubo de cargas e de insegurança, da falta de frete e alta competitividade. Poucos querem se submeter a arriscar a vida, e assim os próprios motoristas de caminhão pararam de incentivar seus filhos a ganhar a vida na estrada.

Apesar dessa nova realidade do transporte ter acabado com toda a poesia que envolvia a atividade, por outro lado contribuiu para profissionalizar o carreteiro. E, para se manter no mercado, ele se viu obrigado a buscar uma formação mais adequada e participar de cursos, treinamentos e escolas direcionadas a melhorar seu perfil profissional.

Atualmente, é importante que o aspirante à profissão conheça de perto tudo o que envolve esse universo do transporte, tenha noção do que é um caminhão e como o veículo se comporta, por exemplo, nos centros urbanos, onde disputa diariamente espaço com carros de passeio.