Segundo ex-ministro, medida pode causar desabastecimento no País
A Argentina congelou o preço dos combustíveis por seis meses, em uma nova tentativa de conter a alta inflação, que ameaça a economia e também o apoio ao governo, meses antes das eleições legislativas de outubro. Os preços na bomba de combustível seguirão os mesmos de 9 de abril durante seis meses, segundo a resolução publicada ontem no \”Diário Oficial\” do governo.
A medida busca \”evitar a conduta especulativa\” e também distorções no fornecimento de produtos e serviços. A resolução é assinada pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, o \”czar\” do controle de preços no governo.
O congelamento do combustível e de outros hidrocarbonetos líquidos ocorre após medidas similares serem tomadas com produtos vendidos por supermercados, com preços fixos até o fim de maio, para tentar controlar a inflação, que segundo economistas independentes está bem acima dos 20% ao ano. Analistas atribuem a inflação à política do banco central para financiar os gastos públicos.
A inflação é uma das razões para a perda de popularidade da presidente Cristina Kirchner, que segundo uma empresa de pesquisas local estava em 30% no fim de 2012. Quando foi reeleita, em outubro de 2011, a popularidade de Cristina estava em 64%.
Para Martín Lousteau, que foi ministro da Economia de Cristina entre 2007 e 2008, o congelamento dos combustíveis vai provocar \”um salto inflacionário maior\” após as eleições legislativas. Ele também disse que há uma possibilidade de ocorrer desabastecimento, já que os comerciantes verão reduzidas as margens de lucro oferecidas. \”Quando a pressão sobre a rentabilidade se mantém, os produtos que não são rentáveis deixam de ser comercializados\”, disse Lousteau.
Uma entidade que representa postos de gasolina afirmou que não será possível cumprir o congelamento de preços durante seis meses. A Federação de Empresários de Combustíveis da República Argentina afirmou que, antes da medida, os postos já não tinham como lidar com a exigência de aumento de 40% nos salários dos trabalhadores do setor. \”É impossível\”, disse a presidente da federação, Rosario Sica.
Do Valor Econômico