De acordo com levantamento feito pelo jornal Estado de São Paulo, grandes obras previstas nos contratos de concessão das sete rodovias federais, leiloadas pelo governo em outubro de 2007, ainda não saíram do papel. Com base nos editais de licitação e investimentos informados pelas concessionárias, comprova-se que apenas 55% do valor determinado – R$ 2,05 bilhões de R$ 3,6 bilhões – para os três primeiros anos de concessão foram aplicados nas estradas.
Os maiores atrasos estão nas rodovias administradas pelas espanholas OHL e Acciona e a brasileira BRVias. Em 2007, essas empresas surpreenderam o mercado ao arrematarem rodovias problemáticas como Régis Bittencourt e Fernão dias, oferecendo valores de pedágio muito abaixo dos praticados em leilões de outras rodovias. As taxas variavam de R$ 0,99 a R$ 2,94.
As regras do edital determinavam investimentos de cerca de R$ 5 bilhões nos primeiros cinco anos de concessão, incluindo trabalhos iniciais como pavimentação e sinalização, algumas ampliações, construção de edificações e implementação de equipamentos. No entanto, planos e cronogramas foram alterados. Alguns projetos, que deveriam ser entregues no ano que vem, foram prorrogados para 2015 e outros ainda não têm previsão de início ou término das obras.
Muitos dos atrasados são atribuídos a dificuldade para obter o licenciamento ambiental dos empreendimentos e a complexidade dos projetos. Um dos casos mais famosos é a duplicação da Serra do Cafezal, na Régis Bittencourt, em São Paulo. O trecho de cerca de 30 quilômetros de pista simples tem alto índice de acidentes e congestionamentos por causa do fluxo de veículos pesados. A OHL, controladora da Autopista Regis Bittencourt, ainda não conseguiu licença para realizar reformas nos 19 km mais complicados, que englobam o centro da serra, ainda estão em estudos. A duplicação deve ficar pronta apenas em 2015.
Na contramão dessa justificativa estão situações em que as empresas nem terminaram os estudos para dar entrada no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).