Tempo de espera para descarregar existe, mas é menor

Os caminhões que transportam soja para o mercado externo estão fazendo um percurso adicional de 1.600 quilômetros para escoar o produto pelo porto de Rio Grande/RS, para evitar as longas filas nos portos de Santos e Paranaguá.

O desvio demonstra as dificuldades logísticas que o setor graneleiro enfrenta neste ano de safra excepcional, não acompanhada por investimentos adequados na infraestrutura. Por causa da saturação dos portos, há longas filas não só de navios para atracar, mas também de caminhões esperando para descarregar.

A assessoria de imprensa do porto de Rio Grande, disse que geralmente o porto gaúcho não costuma receber tantos caminhões com grãos nesta época.  \”Isso é por causa da fila nos outros portos. Aqui o tempo de espera é bem menor.\”

As filas já custaram caro ao Brasil neste ano. A China, maior compradora da soja brasileira, disse estar perdendo a paciência e cancelou algumas aquisições, preferindo a soja dos EUA.

O caos logístico turva o que deveria ser um ano jubilante para os sojicultores brasileiros, com a previsão de superarem os EUA como maior produtor mundial – em parte graças a incansáveis esforços de pesquisa para melhorar a produtividade no Brasil; além disso, a última safra dos EUA foi fortemente afetada pela seca.

O envio da soja para Rio Grande reduz os encargos dos navios pela demora nos portos e o pagamento dos tripulantes, o que compensa os gastos com a viagem mais longa.

A fila de navios em Rio Grande já equivale ao triplo de um ano atrás, segundo a agência marítima SA Commodities/Unimar. Na última sexta-feira, havia 46 embarcações esperando para atracar.  Mas isso ainda é apenas metade da fila que há em Paranaguá, e menor também do que em Santos, onde 59 navios esperavam para atracar na sexta-feira.

\”Rio Grande tem boa infraestrutura, então estão enviando muitos barcos para lá\”, disse Isis Markarian, representante da SA Commodities/Unimar em Santos. Segundo ela, os navios que chegarem agora ao porto gaúcho conseguirão atracar na primeira ou segunda semana de maio, ao passo que em Paranaguá a espera pode se prolongar até o começo de junho, dependendo do terminal ao qual o navio de destine.

Do Estado de S. Paulo