A restrição à circulação de caminhões nas principais avenidas do ABC Paulista foi cancelada nesta terça-feira (03.04) pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. A justificativa da entidade é de que a medida traria prejuízos ao setor industrial e poderia comprometer o desenvolvimento econômico dos municípios. Para amenizar o impacto dos veículos pesados no trânsito e os congestionamentos, as prefeituras cogitam a volta do rodízio de veículos. Com isso, o consórcio irá contratar um instituto de pesquisa para avaliar a opinião da população sobre a medida. A estimativa é de que sejam gastos R$ 100 mil e o material fique pronto em até cinco meses.
Segundo o presidente da entidade e prefeito de Diadema, Mário Reali (PT), se aprovado, o rodízio entrará em vigor ainda neste ano. Segundo ele, há dez anos pesquisa mostrava que os moradores da região aprovavam o esquema.
Segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), em dez anos a frota de automóveis aumentou 59,7%, passando de 632.341 para 1.009.661 na região. Já entre os caminhões, o aumento foi de 72,9% no mesmo período, saltando de 28.527 para 49.323. Com o rodízio, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) estima que 20% menos veículos circulem pelas ruas diariamente.
Proibição – a restrição de caminhões nos municípios da região entrou em vigor em fevereiro e o início das multas aos motoristas infratores estava previsto para o dia 9 deste mês. O presidente do Sindicato das Empresas de Carga do ABC, Sallum Kalil Neto, afirma que não tinha sido comunicado sobre o cancelamento. \”Acho que usaram o bom-senso. Se querem implantar, devem discutir antes de forma ampla.\” Kalil Neto critica, no entanto, o fato de a discussão ser levada para São Paulo. \”São realidades diferentes\”, avalia. Especialista em trânsito, o advogado José Almeida Sobrinho, presidente do Instituto Brasileiro de Ciências do Trânsito, considera que a restrição a caminhões não melhora a mobilidade. \”Pelo contrário, ao ver que a via está livre, motoristas de automóveis utilizam a via para se locomover. E quando acaba a restrição, juntam os carros e os caminhões.\”

Fonte: Diário do Grande ABC