Uma rua totalmente residencial, cheia de sobrados, com apenas cem metros de comprimento e oito de largura, virou uma das rotas de acesso de alguns caminhões que decidiram se arriscar pelas ruas da zona norte de São Paulo em vez de seguir pela marginal Tietê. \”A casa trepida, as janelas vibram, a gente consegue perceber a passagem dos caminhões – e eles não andam devagar\”, diz a dona de casa Claudia Machado, 45, que mora na rua Caraná, na Vila Guilherme. Seu temor é que surjam mais buracos na via, já toda remendada, e haja mais acidentes na esquina com a movimentada Chico Pontes – há uma semana, um caminhão cegonha se desequilibrou na curva e bateu num poste.
Segundo a moradora, o movimento de caminhões cresceu há uma semana em sua rua e há cerca de um mês na rua Chico Pontes, que hoje recebe grande fluxo de veículos.
Bonifácio Santos, 63, dono de uma loja de conveniência na rua Curuçá, Vila Maria, também notou um aumento do fluxo de caminhões desde segunda. \”Às 6h50 cheguei aqui e já tinha fila de caminhões. Eles saem por aqui para evitar os guardas.\”
Na rua Voluntários da Pátria, em Santana, o fluxo também parece ter aumentado há cerca de duas semanas, quando as vendedoras Nadir de Abreu, 57, e Natália Costelini, 18, perceberam mais picos de congestionamento causados por carretas tentando fazer curvas em ruas estreitas. \”Na semana passada pensei que o caminhão não ia conseguir virar na rua Racionalismo Cristão\”, diz Natália. \”Parou os carros todos atrás.\”
\”A restrição na marginal vai levar caminhões para vias de bairros que não têm a menor condição de suportar tráfego pesado; o pavimento vai começar a trincar\”, diz o consultor em engenharia de tráfego e transporte Horácio Figueira.

Fonte: Folha.com