De acordo com o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), os efeitos da valorização do real frente ao dólar começam a aparecer na balança comercial das fabricantes de autopeças no Brasil. No primeiro bimestre deste ano, as exportações diretas, aquelas realizadas pelos próprios fabricantes e indiretas, por montadoras e exportadores independentes, ainda ascendentes, somaram US$ 1,2 bilhão, superiores 2,9% às de igual período de 2006.

Por outro lado, as importações superaram em 21,45% as registradas nos primeiros dois meses do ano passado, passando de US$ 999 milhões a US$ 1,21 bilhão. O resultado dessa diferença de crescimento já é notado no saldo comercial, que despencou de US$ 171,7 milhões positivos para US$ 8,6 milhões negativos.

Em artigo publicado na edição de abril de 2006 do Informativo Sindipeças, Paulo Butori, presidente da entidade, fez uma advertência. \”Podemos comparar o que ocorre com o nosso setor a um transatlântico que está sendo freado. Ele não pára de repente, mas pára\”, explica. A demora nos efeitos do câmbio desfavorável deve-se principalmente à dificuldade de interromper um contrato em andamento. \”É praticamente impossível recuperar um negócio de exportação desfeito e as multas ainda são enormes\”, lamenta. \”Mas se o dólar descer a menos de R$ 2,00, muitos empresários do setor vão fazer a conta para ver se não vale mais a pena arcar com as conseqüências da quebra de contratos, além de pensar muito antes de fechar novas vendas externas\”, concluiu o executivo.