As notícias sobre a intenção do governo argentino em elevar o preço dos combustíveis para veículos brasileiros que abastecem em Paso de Los Libres/AR, na fronteira com Uruguaiana/RS, que atualmente é extremamente compensador para os carreteiros do transporte internacional de cargas, se constitui numa afronta ao Mercosul, segundo opinião de empresários locais, inconformados com o anúncio. Essa alteração nos preços atingiria diretamente cerca de 500 caminhões que atravessam a fronteira diariamente e abastecem em Libres, onde o litro do diesel custa US$ 0,48 (R$ 1,05) contra os US$ 0,85 (R$ 1,90) no Brasil, tornando-se, desse modo, muito vantajoso para os brasileiros. Enquanto isso, os postos de combustíveis de Uruguaiana perdem fregueses e a maioria opera no vermelho.

Para barrar o excesso de consumo de combustíveis nas regiões de fronteira com o Brasil, a Secretaria de Energia da República Argentina baixou a Resolução 938 de 10 de julho de 2006 que dá prazo de 30 dias para a equiparação dos valores. Com isso, a ABTI (Associação Brasileira dos Transportadores Internacionais) e o Sindicato das Empresas de Transporte, Armazenagem e Logística enviaram ofícios ao governo argentino, Consulado Argentino em Uruguaiana e ao Consulado Brasileiro em Paso de Los Libres. O mesmo tipo de documento foi enviado aos ministros Celso Amorim, Dilma Rousself e Luiz Fernando Furlan buscando mais informações sobre o assunto que, na avaliação dos dois órgãos, afrontam o Mercosul de forma incisiva. Na opinião do diretor-administrativo da ABTI, José Carlos Becker, medidas como essas não contribuem para a integração dos países-membros do Mercosul. Em média, um caminhão com capacidade para 500 litros de óleo abastecido na Argentina deixa divisas significativas no País, afirmou. \”O Mercosul é uma fronteira aberta para que os países do bloco cresçam de forma ordenada e uniforme\”.