A falta de infraestrutura viária no Brasil provoca aumento nos custos do transporte rodoviário de cargas. Pesquisa CNT de Rodovias demonstrou que estradas mal conservadas podem gerar aumento de despesas como manutenção, acidentes e impactos ambientais. Sem contar no valor do frete que também é automaticamente impactado.
Além disso, motoristas de caminhão que trafegam por estradas sem estrutura relatam aumento da insegurança, consumo de diesel e imprevistos, que atrasam as viagens e impactam diretamente em sua rotina.
Com base no estudo da CNT listamos alguns impactos provocados pela falta de infraestrutura na estrada.
Custos ambientais
O setor de transporte no Brasil possui uma participação de 22,8% nas emissões de dióxido
de carbono (CO2), sendo que 89,9% das emissões desse setor (ou 20,5% das
emissões do Brasil) vêm do modal rodoviário.
Nesse contexto, as inadequações na pavimentação das rodovias, por exemplo, trechos com
buracos, trincas, ondulações e erosões, são alguns dos fatores que levam ao aumento do
consumo de combustível nos veículos e, consequentemente, das emissões atmosféricas.
Ao trafegar por pistas de baixa qualidade, o motorista tem mais dificuldade para manter a
velocidade constante, precisando frear e acelerar com mais frequência a fim de dirigir com
segurança, o que aumenta o consumo.
Custos Socioambientais
Estradas mal conservadas provoca o aumento do consumo de combustível e consequentemente os níveis de emissão do setor transportador. O tráfego em rodovias com infraestrutura inapropriada pode causar um desperdício médio de 5,0% de volume de combustível. Ao adotar esse percentual de desperdício, estima-se que, em 2019, o consumo desnecessário de 931,80 milhões de litros de diesel fóssil devido às inadequações do Pavimento das vias brasileiras ocasionará emissões adicionais de 2,46 MtCO2eq.
O consumo excessivo desse combustível representará cerca de R$ 3,30 bilhões
de prejuízo financeiro para os transportadores. Com esse valor o transportador poderia investir em melhorias ou renovação de frota.
Custo acidentes
Em relação à segurança do transporte por rodovias, a CNT adota o custo econômico financeiro médio dos acidentes nas rodovias federais do país estimado em 2015 pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em parceria com a Agência Nacional de
Transportes Públicos (ANTP) e o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). O custo
total desses acidentes é, então, atualizado a partir do número de acidentes registrados pela
Polícia Rodoviária Federal (PRF) e pela inflação do período analisado.
Em decorrência desses acidentes, estima-se que o prejuízo total para a economia brasileira
em 2018 foi de pelo menos R$ 9,73 bilhões, sendo 57,7% gerados por acidentes com vítimas feridas; 37,7% por acidentes com vítimas fatais; e 4,6% por acidentes sem vítimas. Já no primeiro semestre de 2019, estima-se que o prejuízo total foi de pelo menos R$ 4,78 bilhões. A atualização dos valores é feita pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador utilizado pelo Banco Central
como referência para a inflação no Brasil.
Custo operacional transportador
Problemas relacionados ao pavimento interferem diretamente no custo dos transportadores pois aumentam o consumo de combustíveis por quilômetro, à lubrificação, ao desgaste do veículo, de suas peças e pneus e a gastos com lavagem. Elevam, também, o custo total médio dos transportadores, pois diminuem a velocidade dos veículos, reduzindo o número de viagens feitas por ano e, portanto, aumentam o custo total por viagem.
Estima-se que o estado Péssimo do Pavimento pode quase dobrar o custo operacional
do transporte rodoviário de cargas, uma vez que o adicional de custos pode chegar a até
91,5% (Gráfico 76). Assim, considerando os resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2019,
calcula-se que o país gasta, em média, 28,5% a mais do que deveria para transportar seus
insumos, bens de produção e bens de consumo por rodovias, apenas em razão de problemas
no pavimento.