Quando se fala em comunicação do caminhoneiro na estrada logo pensamos no celular. Mas, os aparelhos invadiram a cabine a pouco tempo. Antes disso, o Rádio PX era o principal equipamento utilizado pelo motorista para se comunicar com os outros colegas e ser alertado sobre algum imprevisto como acidente ou congestionamento na estrada. Falar com os familiares ou entrar em contato com a empresa por conta de um imprevisto não era uma tarefa fácil. Com o avanço da tecnologia, essa realidade mudou. E hoje a comunicação do caminhoneiro foi facilitada por uma série de aplicativos de mensagem instantâneas, ligações de vídeo, o que encurtou a distância, otimizou o tempo e reduziu a saudade.
Hoje, através do Whatsapp, por exemplo, é possível montar grupos de caminhoneiros e repassar mensagens, tirar dúvidas, dar e receber dicas, além do uso de lazer. Porém esse excesso de informação muitas vezes prejudica a rotina do caminhoneiro e compromete a segurança. Dados da pesquisa sobre o retrato do motorista, realizada pela SK Cia da Informação, em parceria com a Revista O Carreteiro, revelou que 98% dos entrevistados conversam pelo WhatsApp. O uso desse aplicativo é tão eficiente e frequente que foi uma das ferramentas mais importantes na articulação de uma greve no País.
Aplicativos de comunicação do caminhoneiro pode comprometer a segurança
A evolução da comunicação do caminhoneiro trouxe alguns problemas como o comprometimento da segurança. Especialistas afirmam que alguns segundos de distração ao digitar um número de telefone ou mensagem, por exemplo, a uma velocidade de pouco mais de 100km/h, pode levar um motorista a percorrer a distância equivalente a quatro campos de futebol totalmente às cegas. O que parece algo inofensivo, um deslize simples, pode custar vidas.
Reduzir ou ultrapassar a velocidade compatível com o tráfego, não utilizar o retrovisor, fazer rotas erradas, avançar o sinal e até ter dificuldades em trocar de marchas, também são alguns dos problemas que o motorista enfrenta ao dirigir e falar ao celular ao mesmo tempo. Com o aumento da interatividade o usuário está sempre conectado e como consequência utiliza cada vez mais o aparelho. É importante ressaltar que digitar ou ler uma mensagem ao celular é tão arriscado quanto atender.
A multa para quem insiste nessa prática é de R$ 293,47 mais sete pontos na carteira, conforme cita o Código de Trânsito Brasileiro. Nessa situação o veículo se torna uma arma que pode resultar em acidentes com vítimas. Prova desse descaso é o número de motoristas que receberam multas por utilizarem o celular enquanto dirigiam. Somente no Estado de São Paulo, no primeiro semestre de 2022, as multas por uso do celular cresceram 160%, de acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP).
Mas e o Rádio PX acabou?
Liberado para utilização no Brasil na década de 70, a Faixa do Cidadão é sujeito a uma série de exigência da Anatel – Agência Nacional das Telecomunicações, que controla a origem, o modelo e a potência do equipamento, além da habilitação do operador, que tem um prefixo próprio e pago taxas pelo uso da frequência de rádio. No começo era assim: os adeptos do radioamadorismo foram os primeiros usuários, passando logo depois para os taxistas e os carreteiros. E com a proliferação de equipamentos contrabandeados, a necessidade de licença foi tornando-se cada vez mais ignorada. Apesar de muitos caminhoneiro não utilizarem mais o Radio PX existem profissionais que ainda apostam nesse meio de comunicação para se sentirem informados. Tanto o rádio PX como celular têm desvantagens, com as chamadas “zonas mortas”, onde não há sinal.
Outro grande desafio do Radio PX é o fato de ter um alcance de 2 mil km e funcionar em uma frequência específica. Além de exigir uma autorização da Anatel para o uso e o pagamento de uma taxa anual. Durante muitos anos essa foi uma das principais reinvindicações da classe, já que o caminhoneiro que não tiver a autorização e nem pagar a taxa fica sujeito a multa em uma fiscalização da PRF ou da própria Anatel.