A profissão de caminhoneiro mudou e nem os motoristas mais experientes poderiam esperar ou até mesmo assimilar todas essas alterações. Mas como será a profissão do caminhoneiro nos próximos anos? Será que o perfil do caminhoneiro de hoje vai atender as demandas do mercado nos próximos anos?

Apesar de todas as evoluções ocorridas ao longo dos anos, muitos problemas inerentes a profissão de caminhoneiro permanecem os mesmos, dando a impressão de pouca mudança para os motoristas. Entre as principais questões que ainda permanecem sem solução podemos citar o  preço do frete e do diesel, insegurança e falta de incentivo para a troca do caminhão. Por outro lado, algumas coisas evoluíram e melhoraram o dia a dia do caminhoneiro como é o caso da comunicação. Afinal, quase nem se escuta mais falar de rádio PX e os aparelhos celulares e aplicativos de mensagens encurtaram as distâncias e reduziram um pouco a saudade de casa. Sem contar nos caminhões, que receberam uma série de melhorias e se tornaram mais confortáveis, eficientes e tecnológicos.

Mas é certo que, a medida que o tempo foi passando, as exigências por parte de embarcadores e transportadores foram aumentando e, como consequência, o perfil do motorista sofreu algumas mudanças para poder continuar competitivo no mercado. Mas afinal quem é o caminhoneiro hoje?

Como será a profissão de caminhoneiro nos próximos anos?

Para o diretor executivo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Bruno Batista, o motorista deverá ser ainda mais capacitado e deverá saber lidar com as tecnologias incorporadas nos caminhões. Além disso, cada vez mais o caminhoneiro tem um papel fundamental como intermediário entre as transportadoras e embarcadores e o cliente. “É importante que o caminhoneiro tenha uma postura diferenciada já que é a primeira imagem que a empresa vai ter da transportadora. Portanto, tem que saber falar do negócio e entender todo o processo”.

Para Bruno um dado da pesquisa sobre o Perfil do Caminhoneiro da CNT que chama a atenção é o fato do motorista ainda sentir orgulho da sua profissão e saber da sua importância para o País. Outro ponto interessante diz respeito aos pontos positivos da profissão que ainda estão ligados ao fato de poderem conhecer lugares e pessoas diferentes, flexibilidade de horário e de terem uma renda média que permite oferecer conforto a sua família. “Porém é necessário estar atento ao problema da escassez que não é apenas um desafio do Brasil. Estados Unidos e Europa já sofrem com a falta de motorista. Por isso é muito importante ações e investimentos em atrativos para a profissão.

Cerca de 45% das empresas do Transporte Rodoviário de Cargas (TRC) que responderam à Pesquisa CNT Perfil Empresarial têm vagas disponíveis para motoristas. Profissionais com pouco tempo de experiência no TRC é um fator que leva à dificuldade de recolocação, segundo responderam 46,1% das empresas no levantamento. A segunda maior adversidade, identificada por 31,5% delas, é encontrar profissionais qualificados e com treinamento direcionado ao setor rodoviário de cargas. Esses dados mostram a importância do caminhoneiro buscar a qualificação como uma forma de se manter competitivo no mercado e conseguir boas oportunidades de frete. 

Mas existe ações voltadas para os autônomos?

Um dos pontos de atenção está relacionado aos autônomos. Mais da metade dos caminhoneiros são autônomos e esse grupo de profissionais não contam com o respaldo das empresas. “Estamos atentos a esses profissionais e para tentar auxiliá-los oferecemos a possibilidade de treinamento e cursos pelo Brasil e boa parte gratuitos. Esses cursos são disponibilizados através do Sest Senat com o objetivo é capacitar e qualificar esses profissionais e prepará-los para os próximos anos. Outras ações já envolveram cursos para mudança da CNH profissional, explicou.”

Bruno Batista chama a atenção também para os principais problemas da profissão que, segundo a pesquisa, estão diretamente ligados as dificuldades do País. os grandes entraves da profissão são assaltos e roubos e o preço do diesel que em um ano subiu mais de 45%. “Da nossa parte estamos em diálogo com o governo para melhorar a segurança na estrada e achar alternativas para o preço do diesel. “É importante superar que o caminhoneiro se sinta valorizado e os jovens atraídos pela profissão, opinou.”

Profissão de Caminhoneiro: protagonista quando o assunto é transporte de carga

É urgente as ações para preparar o motorista para os próximos anos e tornar a profissão cada vez mais atraentes para os jovens. Afinal o caminhoneiro é o personagem principal quando o assunto é transporte rodoviário de carga. “Muito se falou dos veículos automotores. Que em dez anos os caminhões estariam viajando sozinhos. Mas, a realidade vem se mostrando diferente.  Se percebeu que não será tão rápido e nem fácil colocar um veículo autônomo e descartar o motorista. A profissão de caminhoneiro é ainda mais essencial. Não vai ser tarefa fácil tirar do volante o motorista, que tem experiencia,  entende as rotas e, principalmente, a infraestrutura precária do Pais”, concluiu.