É possível trocar de caminhão? Responder a essa pergunta é realmente uma tarefa bem difícil principalmente para o autônomo, profissional que diante da burocracia imposta pelas financeiras encontra grandes dificuldades para obter o crédito necessário para concretizar a transação e realizar seu objetivo.

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Mudanças na legislação, como o fim da carta frete, ajudaram a tirar esses profissionais da informalidade, porém, entraves como os juros praticados pelo mercado, instabilidade da atividade e preços dos veículos ainda desencorajam os pequenos transportadores a se arriscarem a enfrentar um compromisso financeiro que não tem certeza se conseguirá pagar. E assim, entra ano e sai ano, a frota em poder dos transportadores autônomos vai ficando mais velha e carente de renovação.

O que diz os caminhoneiros sobre a possibilidade de trocar de caminhão

Sete dicas na hora de escolher o veículo

Compra entre amigos é uma das soluções encontradas quando o assunto é trocar de caminhão

Para driblar as dificuldades e tentar atualizar o caminhão, os autônomos têm buscado alternativas para evitar financiamentos. Uma delas é comprar um veículo mais novo de algum colega que também esteja pensando em trocar e assim conseguir pagar a vista ou em parcelas sem juros.  É o caso de Heber Coelho, 43 anos de idade e 24 de profissão, de Barra Mansa/RJ, para quem financiamento não é uma boa opção para o autônomo, porque os juros são muito altos e no final acaba não valendo a pena. Para ele, funciona a opção de comprar um caminhão usado, um pouco mais novo, de algum colega que também esteja pensando em trocar seu veículo por outro mais atual.

“Vendi meu Scania 112 ano 87 e comprei um Mercedes-Benz 1634, fabricado em 2004, com o qual trabalho hoje”, disse Coelho ao comentar sobre a troca de veículo no início desse ano. O autônomo afirmou que fez a transação com um colega que também estava trocando o caminhão por outro mais novo. “É muito mais tranquilo e seguro. Não tenho de arcar com juros, e caso eu atrase algum pagamento, é só ligar e avisar que fica tudo certo”, afirmou.

Anderson Kalatalo da Silva, 40 anos de idade e 22 de profissão, da cidade de São Paulo/SP, transporta revistas no interior do Estado com um Mercedes-Benz 1113, ano 1980, em bom estado de conservação. Há seis anos ele havia trocado esse caminhão outro Mercedes-Benz 1113, ano 1976. Anderson também defende que, assim como muitos colegas, a troca só foi possível porque um outro autônomo estava vendendo seu veículo.

Anderson lembra que antigamente as empresas garantiam trabalho, então era mais seguro assumir dívidas, mas hoje a instabilidade é muito grande e força o motorista a não entrar em financiamento. “A melhor maneira de progredir na profissão é cuidar do caminhão para poder ter um valor razoável na hora da venda.  Sempre que possível, o motorista deve fazer uma reserva financeira para poder completar o valor do próximo veículo e pagar à vista”, explicou.

Daniel dos Santos Rodrigues, 42 de idade, de Cachoeiro de Itapemirim/ES, também acredita que a melhor maneira de adquirir um caminhão um pouco mais novo é comprando de um outro colega. Igualmente concorda que entrar em financiamento é muito arriscado para uma profissão cheia de altos e baixos. Alerta que os juros são abusivos e chegam a dobrar o valor do veículo.

Apesar do pouco tempo de estrada, o carreteiro acredita que o sucesso na profissão, e até mesmo o caminho para trocar de caminhão, está na forma como o motorista encara o veículo. “Eu trato o caminhão como uma empresa. Separei um valor para pagamento das despesas particulares e outro para ser direcionado às melhorias do veículo, que podem ser para manutenção, troca de uma peça ou outros cuidados”, explicou.