A pandemia da covid-19 impactou carreteiros e provocou queda de 8% nos fretes no primeiro semestre de 2020. Porém, a quantidade de cargas transportadas por rodovias  no ano cresceu 62% comparada a 2019.

Essa alta, segundo levantamento da FreteBras, startup que se posiciona como a maior plataforma online de transporte de cargas da América Latina, começou a ocorrer a partir do terceiro trimestre.

Bruno Hacad, diretor de operações da FreteBras, observa que o crescimento foi alavancado especialmente pela oferta de cargas geradas pelos setores do agronegócio, indústria e construção civil.

“O agronegócio gerou 800 mil fretes a mais, 71% acima de 2019”, destacou. Além do crescimento das cargas de grãos, o setor teve aumento também de insumos para o plantio da safra.

“O Porto de Paranaguá/PR, registrou aumento de 82% no volume de fertilizantes importados, enquanto o Porto de Rio Grande/RS teve aumento no recebimento de cargas de arroz”, disse o executivo da FreteBras.

No movimento de exportação, o porto gaúcho aumentou em 75% o embarque de grãos (soja, milho e trigo). Já o Porto de Itaqui, no Maranhão, registrou crescimento de 108% no volume total de fretes.

E o setor da construção civil, também considerado atividade essencial, registrou alta de 89%, com destaque para cargas de cimento, chegando haver  falta do produto nos últimos três meses de 2020.

Entre os motivos apontados como responsáveis pela retomada da atividade constam a taxa de juros baixa e maior disponibilidade de crédito imobiliário .

As cargas de produtos industrializados cresceram 50%, sendo a recuperação maior a partir de julho, com destaque para produtos da indústria e alimentos.

Junto com a maior oferta de cargas veio também o crescimento de caminhoneiros cadastrados na plataforma da FreteBras. De acordo com Hacad, ano passado a empresa registrou o ingresso de 200 mil novos motoristas, 30% de crescimento.

“ A pandemia ajudou bastante, pois muita gente buscou frete pela internet”, justificou. O maior número de cadastro foi de motoristas com veículos leves de carga para distribuição urbana, com 32% de aumento, especialmente na região Sudeste. Já os caminhões com baús frigoríficos representaram (24,5%), os baús 18% e sider 14%.

O aumento de motoristas cadastrados na plataforma se deve ao uso da internet pelos caminhoneiros. Pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte) indicou que 98% dos profissionais do volante acessam a rede pelo smartphone.

Otimista, Hacad vê cenário de recuperação em 2020 bastante favorável ao aumento de fretes. Em seu entendimento, fatores como a manutenção da taxa de juros em 2%, mais a expectativa de uma nova safra recorde (estimada em 260 milhões toneladas) e avanço das vendas pela internet apontam um quadro positivo para quem transporta e vive do frete.