Durante o comitê de Logística Amcham-São Paulo, o diretor geral de negócios do Ilos (Instituto de Logística e Supply Chain), Jão Guilherme Araújo, falou sobre o panorama do setor em 2012 e apresentou dados que colocam o Brasil como quinto País do mundo em extensão territorial com uma imensa capacidade de aproveitamento de seus recursos naturais. Porém, qualquer assunto que aborde a competitividade advinda dessa vantagem natural emperra na logística já que é o 41º na capacidade de escoar sua produção interna, dentro de suas próprias fronteiras ou para fora. A falta de mão-de-obra em todos os níveis da cadeia é o maior freio para o setor. “Para a logística, o maior problema não é a infraestrutura, mas a falta de mão-de-obra. Há necessidade desde top management (alta gestão) até motorista de caminhão”, afirmou.
Desde 2008- com exceção de 2009 -, conforme explicou Araújo, o setor vem crescendo e grande parte desse movimento é proporcionada pela extensão do mercado interno. Mas, apesar de a infraestrutura ser um problema, a escassez de profissionais afeta a todas as empresas de todos os ramos. “Hoje há crédito disponível, mas só o capital não resolve, porque não basta comprar um caminhão se não tiver motorista. Hoje há cada vez mais tecnologia numa cabine e não é qualquer um que é capaz de operar”. Ele diz que não é possível sequer estimar o total de vagas de que o setor necessita para ficar competitivo.
Em relação a infraestrutura brasileira, Araújo cita uma pesquisa realizada pelo Ilos que mostra a falta de rotas. O Brasil tem hoje 1.600.000 quilômetros de estradas (não pavimentadas) e 214 mil de rodovias. No caso de ferrovias, são 29 mil km. Isso significa que há mais de 7 km de estradas para cada quilômetro de linha-férrea em operação.
Os EUA, por exemplo, têm 2,4 km de ferrovias para cada 100 km² de área, enquanto esse índice no Brasil está em 0,33 km. São 4,21 milhões de estradas pavimentadas e 227 mil de trilhos no território americano. A China tem 1,57 milhão de km e 77 mil km, respectivamente. Para Araújo, o setor tem necessidade de uma capacidade instalada imensa. Porque uma coisa é a economia conseguir produzir mais, a outra é ela conseguir colocar tudo isso no mercado. Araújo diz que as empresas no Brasil gastam em torno de 8,3% de seu faturamento com custos logísticos, para fazer seus produtos e matérias-primas chegarem aos consumidores. “A má conservação das estradas e a falta de malha ferroviária são os principais problemas de infraestrutura na opinião dos profissionais do setor”, afirma. Dados do próprio Ilos mostram que, na avaliação de motorista, gerentes e outros profissionais do setor, 92% reclamam das rodovias ruins – que encarecem o frete e derrubam o dinamismo das entregas.