Empreiteiras responsáveis por 15.104 quilômetros em obras de manutenção nas estradas federais garantem que os contratos poderão cair para apenas 1.316 quilômetros até dezembro desse ano, situação que espalhará crise no setor e contribuirá para a proliferação de buracos nas pistas. “Na verdade, já estamos em crise\”, afirma o presidente da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor), José Alberto Pereira Ribeiro. \”Em todas as reuniões que temos com os nossos associados, recebemos um relato de alguém diminuindo o quadro de pessoal em pelo menos 5%\”, diz o executivo, lembrando que o setor chegou a empregar 1,5 milhão de trabalhadores diretos em junho do ano passado, quando começou a perceber redução no ritmo das obras. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), os contratos mais recentes de manutenção – que englobam restauração e conservação das estradas – tinham dois anos de duração e deveriam dar lugar a outros de até cinco anos, à medida que fossem vencendo, a partir de 2012. Porém, a substituição esbarra em dois problemas, o primeiro trata-se da determinação de ajustes pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nas novas licitações, já o segundo, refere-se a crise política que atingiu o Ministério dos Transportes em meados do ano passado. Com isso, o orçamento disponível no ministério despencou e a maioria dos editais do Dnit atrasou.
Estudo da Aneor aponta que essa situação deve comprometer os investimentos futuros do órgão. Em 2009, foram lançados editais de licitação para contratar obras em 313 lotes de rodovias federais no valor total de R$ 14,3 bilhões. Esses números já tiveram pequena redução em 2010, mas desabaram em seguida. Em 2011, o Dnit lançou editais para obras em 196 lotes, que previam investimento de apenas R$ 1,9 bilhão.
De acordo com o presidente da Aneor, isso sinaliza que a malha rodoviária federal ficará coberta apenas por contratos simples de conservação – sem mexer na estrutura do pavimento – e que aumentam as chances de deterioração da qualidade das estradas.

Fonte: Valor Econômico