Embora o custo seguro do caminhão seja item de grande peso no orçamento do carreteiro autônomo, impraticável por boa parte da categoria, rodar desprotegido tornou-se um grande risco, cada dia com maior incidência no Brasil.

No quarto trimestre de 2018, por exemplo, o número de ocorrências de caminhões e cargas roubados ou furtadas atingiu 174 ocorrências. Esse número representou um crescimento de quase 40% sobre o mesmo período de 2017. As altas haviam sido registradas também nos dois trimestres anteriores.

Os números, levantados pelo Grupo Tracker, empresa do ramo de rastreamento e monitoramento para gerenciamento de frotas, apontam ainda que durante o ano de 2018 recebeu 572 chamados e conseguiu mapear diversos desmanches de caminhões.

“Esse tipo de crime vem crescendo expressivamente em razão do alto valor agregado a um veículo desse porte, que acaba sendo um atrativo para o comércio ilegal de peças”, opinou o coordenador do Comando de Operações do Grupo Tracker, Vitor Correa.

Roubo de caminhão e carga é uma indústria que tem crescido no País, com quadrilhas especializadas que já sabem o tipo de carga que o veículo está levando, antes da abordagem do veículo e do motorista.

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Roubos e furtos de caminhões e da carga, não raramente são seguidos de sequestro, têm acontecido em todas as estradas do País, clocando sempre em risco a vida do carreteiro

Produtos alimentícios, cigarros, eletroeletrônicos, produtos farmacêuticos, químicos e autopeças são as cargas mais visadas. Estes, têm maior incidência na região Sudeste, com maior concentração nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

Rio Janeiro foram registrados 9.182 casos durante o ano de 2018. Esse número caiu em relação ao ano anterior, que teve 10.584 casos, segundo números do Instituto de Segurança Pública do Estado.

São Paulo, por sua vez, teve em 2018 registro de 8738 ocorrências, segundo estatística da Secretaria Pública do Estado. As ações das quadrilhas acontecem com maior incidência na capital, seguida pela região metropolitana e Interior.

Roubos de caminhão e da carga, ou até mesmo tentativas frustradas por parte de bandidos, infelizmente são fatos praticamente que corriqueiros nas estradas brasileiras. Na madrugada de 28 de agosto de 2018, por exemplo, o motorista de um caminhão foi rendido na BR-491, em Alfenas/MG, por dois homens armados que ocupavam um carro de passeio.

O veículo se aproximou como se fosse fazer a ultrapassagem e o passageiro colocou uma arma para fora da janela e exigiu que o carreteiro parasse e entregasse o caminhão.

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As ações acontecem não somente por causa da carga, mas também porque existe um atrativo comércio de peças roubadas, diz especialista de empresa de rastreamento

Rendido e ameaçado de morte, o motorista ficou em poder dos desconhecidos por uma hora, até ser abandonado na beira da estrada. Além do caminhão, os ladrões levaram todos os documentos e pertences da vítima. Mas nem sempre os ladrões obtêm o sucesso esperado.

Na manhã de 08 de março do ano passado, o motorista de um caminhão que transportava máquinas agrícolas seguia pela MG-146, que liga Araxá, no Alto Paranaíba, a Patos de Minas, foi abordado por homens armados e obrigado a estacionar.

Enquanto os ladrões estavam transferiam a carga para outro caminhão, um motorista que passava pela rodovia desconfiou da movimentação e avisou a Polícia Militar. Com a chegada dos policiais, os assaltantes fugiram em dois carros e levaram o motorista de refém.

Após montar um cerco, a Polícia conseguiu recuperar o caminhão, a carga e interceptar um dos carros. O segundo, no qual estava o motorista, seguiu em direção a uma fazenda, mas logo abandonaram o veículo, motorista refém e fugiram a pé por uma mata. Assim como esses dois casos citados, muitos outros acontecem diariamente pelas rodovias do Brasil.