Por João Geraldo

As rodas do País

No inicio dos anos 70 quando a Revista O Carreteiro começou a circular, a indústria de pneus já estava estabelecida no País, com suas fábricas em plena produção para suprir a indústria automotiva. Era uma época em que o pneu diagonal dominava as estradas. Porém, com a evolução do transporte rodoviário de cargas, o mercado migrou para radiais como equipamento original dos veículos de carga e com produtos desenvolvidos tecnologicamente para proporcionar maior desempenho e segurança.

Trata-se de uma indústria com muitas décadas de Brasil. A Goodyear, por exemplo, já tinha escritório no Rio de Janeiro desde 1919 e inaugurou a fábrica em 1939; a Pirelli chegou com a sua marca em 1929, ao adquirir uma pequena indústria de condutores elétricos e a Firestone (hoje Bridgestone Firestone), por sua vez, começou a produzir no Brasil também no final dos anos 30.

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Na prática, a instalação da Firestone, Goodyear e Pirelli aconteceu quase que simultaneamente no final dos anos 30, e também de outras que acabaram sendo absorvidas , como a Dunlop, Generali e Goodrich. A Michelin se instalou no Brasil há cerca de 25 anos e, mais recentemente, a Continental.

Por tratar-se de uma indústria que caminha ao lado das montadoras de veículos automotores, o setor de produção de pneus cresceu com a chegada de outras empresas como a francesa Michelin e a alemã Continental, que tem uma unidade produtiva no Paraná e vai inaugurar outra fábrica na Bahia, em 2006. Informações da ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneus -, que congrega os fabricantes do setor, dão conta da existência de 13 fábricas no Brasil, incluindo fabricantes com unidades produtivas nos Estado de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

Para se ter uma idéia do tamanho do segmento, em 2004 a produção atingiu 52 milhões de pneus, conforme dados da ANIP. Foram 6,5 milhões de unidades para caminhões e ônibus; 4,8 milhões para picapes; 29,6 milhões para automóveis de passeio e 8,9 para motocicletas, distribuídos por 4,5 milhões de revendedores autorizados. As empresas instaladas no Brasil produzem pneus para agricultura e terraplanagem (913 mil), veículos industriais (1,1 milhão) e aviões (29 mil).

As exportações atingiram 13,4 milhões de unidades no período. Pelos números de 2004, o setor fechou o ano com 100 mil empregos diretos, outros 100 mil indiretos e faturou 11,7 bilhões de reais. Da produção brasileira, 43,6% seguem para o mercado de reposição, 31% para o mercado externo e 25,4% se destinam às montadoras para equipar veículos zero quilômetro.

O setor utiliza tecnologia de ponta na produção de pneus e conta com campos de prova para testar e desenvolver seus produtos adequados para os mercados que se destinam. Este diferencial de um lugar e outro, onde o pneu vai rodar, está diretamente ligado às condições do relevo, estradas e clima. O estado da malha rodoviária brasileira, por exemplo, (apenas 10% das estradas são asfaltadas, segundo dados da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística – NTC & Logística) é uma das grandes preocupações dos fabricantes do setor.

DESTINO AMBIENTALMENTE CORRETO
Há alguns anos, os pneus que não podiam mais serem reformados eram simplesmente descartados em terrenos baldios, rios e lixões, causando uma agressão contra a natureza, já que se trata de um produto que chega a demorar 200 anos para se desintegrar. Porém, com a lei ambiental brasileira, referente à destinação dos pneus inservíveis, a situação começou a mudar com a criação de ecopontos através de parcerias com prefeituras municipais e comunidades das cidades e regiões metropolitanas para a coleta de pneus, e daí serem transportados para as indústrias de reciclagem. Trata-se de um programa da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP). Atualmente existem 78 ecopontos espalhados por várias cidades brasileiras.