A expectativa no início de 2020 era de mais um ano de recuperação, como vinha ocorrendo desde 2017, e superar as 101,3 mil unidades licenciadas em 2019. Porém, a produção de somente 400 unidades em abril (contra 8.400 em março) acendeu a luz vermelha do setor. E para completar, o licenciamento em março de 6.438 caiu para 4.859 em abril, trazendo de volta a sombra do fantasma de 2016, quando o volume total de caminhões licenciados, somados todos os fabricantes juntos, naquele ano ficou em somente em 48,7 mil unidades (média de pouco mais de 4.000 unidades por mês.

DAF XF Brasil Externa 7

Muito pouco frente às 134.998 licenciadas dois anos antes. Era um dos piores resultados da indústria de caminhões em solo brasileiro. Abalado pela pandemia da covid-19, o ano de 2020 transcorreu bastante diferente do esperado pela população do planeta e indústria. A doença ceifou milhões de vidas em todas as partes do mundo, trouxe queda de produção e das vendas, causou desempregos e reduziu rendas. No caso específico dos fabricantes de caminhões e da cadeia de fornecedores, o vírus provocou redução de produção, retração das vendas e, consequentemente, de emplacamentos, com maior incidência no primeiro semestre e que impediram o avanço do setor em relação ao ano de 2019.

Até 2014, a situação vinha bem, ano em que foram registradas 134.998 unidades licenciadas. Com a chegada da recessão econômica, em 2015, caiu para 70.226 e reduziu mais ainda, fechando 2016 com  48.742 unidades. E ao final de 2017, ainda sob os efeitos da economia doente e fraca, a indústria de caminhões registrou o emplacamento de 50.162 unidades; seguidas no ano seguinte por 75.994.

 

A recuperação começou a dar sinais mais consistentes de reação em 2019, especialmente em razão do otimismo diante do volume de vendas realizadas na Fenatran, levando ao licenciamento de 101.335 caminhões, o melhor resultado após cinco anos.

O volume positivo alcançado em 2019 tinha tudo favorável para ser maior ao final de 2020 e superar não somente o número de licenciamentos como também as 113,4 mil unidades produzidas. A produção caiu para 90.936 (-19,9%) e o número de licenciamentos (veículos vendidos e emplacados e prontos para o trabalho) para 89.6 mil (-11,5%). A expectativa não se realizou, mas o ano não terminou com resultados tão negativos como chegou a ser previsto por especialistas do mercado de caminhões no momento mais crítico, logo após a pandemia ser decretada.

LEVES– A redução de licenciamentos em 2020 em percentual comparado ao ano anterior foi maior entre os caminhões leves, com retração de 19,5%. Em números absolutos caiu de 11.242 unidades para 9.049. Formada por veículos com PBT na faixa de 6 a 10 toneladas, nesta categoria a Mercedes-Benz foi a marca com maior volume de emplacamentos, com 4.455. O carro-chefe da marca é o Accelo, produzido nas versões 815, 1016 e 1316 para o mercado interno, 915 para exportação, e a versão 915 E desenvolvida para o transporte de valores.

Entretanto, quando se trata do caminhão leve mais licenciado ano passado, o destaque fica para o Volkswagen Delivery 9.170, com mais de 3.150 unidades emplacadas, embora a versão mais valorizada da família Delivery, segundo pesquisa do Selo Maior Valor de Revenda (SMVR), em sua versão 2020, tenha sido a 8.160. Por outro lado, nesta categoria o Mercedes-Benz Accelo 1016 é caminhão seminovo com menor desvalorização no mercado brasileiro, de acordo com o estudo. No total, a Volkswagen atingiu a marca de 3.379 caminhões leves licenciados em 2020. A Iveco contabilizou 791 unidades. somando modelos da linha Daily e Tector.

MÉDIOS– Formado por caminhões com PBT na faixa de 10 a 15 toneladas, o segmento de médios é o que encerrou 2020 com   o menor número de veículos licenciados comparado aos demais. Foram 8.357 unidades contra 10.069 no ano anterior. De uns anos para cá, este segmento passou a ser atendido também por modelos derivados da linha leve, como é o caso do Accelo 1316 e do Volkswagen Delivery 13.18, ambos dimensionados para 13 toneladas de PBT.

Nesta categoria a Volkswagen é campeã disparada de vendas, com 6.162 unidades licenciadas, sendo  a versão 11.180 a de maior destaque da linha Delivery, tendo atingido marca acima de 4.450 unidades no período. Este modelo utiliza motor Cummins ISF de 3.8 litros e transmissão Eaton de 6 velocidades manual com opção para versão automatizada. Outra versão do Delivery para a faixa média de carga é a 13.180 6×2, automatizada e equipada com o mesmo motor. A marca conta também com o médio Constellation 14.190, que utiliza motor MAN de 186cv e transmissão manual Eaton.

Quem registrou avanço na categoria foi a Iveco, com o caminhão Tector, saltando de 121 unidades em 2019 para 460 em 2020.  Apesar dos números serem baixos frente aos concorrentes, representou crescimento de 280% e deverá continuar avançando em 2021 em razão de lançamentos previstos e das medidas tomadas em relação ao atendimento e ao pós-vendas para veículos da marca.

SEMIPESADOS– Entre os caminhões semipesados  não houve praticamente redução no número de emplacamentos durante 2020. Foram 23.120 unidades licenciadas ano passado contra 23.226 em 2019 (-0,5%). Deste total, 11.309 modelos são da marca Volkswagen, com destaque para as 7.464 do modelo VW 24.280. Nesta categoria a fabricante instalada em Resende/RJ concorre também com as versões VW 17.190, 17.230, 26.280 e 24.260.

A Mercedes-Benz, por sua vez, atingiu 7.464 unidades; sendo as versões do Atego 2426 e 1719 as mais vendidas. A marca da estrela conta ainda com as versões 2430 e 3030 da família Atego. Nesta categoria a Volvo encerrou o ano de 2020 com 2.221 unidades, sendo o VM 270 responsável por quase 90% das vendas.

A Iveco, com modelos da linha Tector para 17, 24 e 30 toneladas, nas configurações de eixo 4×2, 62, 6×4 e 8×2 atingiu o licenciamento de 1.817 unidades, contra 1.144 unidades licenciadas em 2019. Também nesta categoria, em que os modelos para 24 toneladas de PBT são os mais vendidos, entraram as últimas 270 unidades do Ford Cargo. Já a Scania, marca com forte tradição no segmento de caminhões pesados, teve registro de apenas 22 unidades licenciadas durante o ano. Em 2019 tinham sido 88.

PESADOS– Dominado por cavalos mecânicos, muitos deles com potências acima de 500cv, nos últimos anos esta categoria tem sido a responsável pelo maior volume de vendas de caminhões no mercado brasileiro, especialmente em razão do agronegócio. Ano passado o segmento sofreu queda de 14,4% no volume de emplacamento, caindo de 51.718 unidades em 2019 para 44.293. Mas teve fabricante que  que vendeu mais em relação ao ano anterior. É o caso da DAF, única marca com aumento de vendas em 2020, com o emplacamento de 3.831 unidades contra 3.226 em 2019.

Por outro lado, a retração maior no segmento foi vivida pela Scania, com o volume de 8.690 unidades frente às 12.669 licenciadas em 2019, registrando recuo de 31,4%. O resultado, divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), aponta a marca na terceira posição de emplacamento de caminhões pesados. Os modelos Scania com maior volume de vendas foram o R450, com 3.576 unidades e o R500, com 1.672.

Ainda de acordo com relatório da Anfavea, baseado em números do Renavam/Denatran, a Mercedes-Benz foi a marca com maior volume de licenciamento de caminhões pesados em 2020, com 13.196 unidades. Nesta categoria, os destaques da montadora  são o Actros 2651 (3.131 unidades) e 2546 e Axor 2544 e 3344.  Em 2019 a marca atingiu o registro de 14.114 modelos pesados licenciados.

Depois da Mercedes, a montadora com maior volume de pesados emplacados em 2020 é a Volvo, com 12.755 unidades. O modelo mais vendido da marca, o FH 540 6×4, o qual também o caminhão pesado com maior volume de emplacamentos em 2020, com acumulado de 5.870 unidades. Outro modelo da montadora com alta preferência no mercado é o FH 460, com 3.936 unidades no período. Neste segmento a Iveco registrou o licenciamento de 1.599 cavalos mecânicos dos modelos Hi-Road e Hi-Way, segundo números divulgados pela Anfavea.

A MAN/Volkswagen, por sua vez, que havia licenciado 5.022 caminhões pesados em 2019 fechou 2020 com 4.180 somando modelos das famílias VW Constallation (2.167 unidades) e mais 2.13 MAN TGX, sendo 1.224 da versão 28.440 e outras 789 da 28.440. Outro destaque da montadora foram as 61 unidades licenciadas do recém-lançado Meteor, a primeira família de caminhões Volkswagen extrapesados. Foram 35 unidades da versão 28.460 e outras 26 do Meteor 29.520.

SEMILEVES

Nesta categoria com veículos  de carga de 3,5 a 6 toneladas de PBT, segundo classificação da Anfavea, entram modelos de diferentes configurações técnicas como, por exemplo, produtos Mercedes-Benz da linha Sprinter  (chassi-cabine e furgão), Iveco Daily (chassi-cabine e furgão), VW Delivery, Agrale, Dodge (picape RAM) e furgões Peugeot e Citroën. Pelos números da Anfavea, das 4.859 unidades licenciadas em 2020,  o maior volume, 2.131, foram da Mercedes-Benz, com a linha Sprinter.

Delivery Express vai no

Mais direcionado à distribuição em centros urbanos e aplicações especiais, o segmento de semileves é atendido ainda por veículos que não constam lista de caminhões da Anfavea (e sim na seção de comerciais leves), caso do VW Delivery Express. Esse caminhãozinho para 3,5 toneladas de PBT equipado com motor Cummins de 2.8 litros, caixa de marchas manual e rodado traseiro simples atingiu 3.381 unidades licenciadas.