“Como pai de família e motorista autônomo não posso reclamar. Graças a Deus trabalhei em 2020 sem parar. Foi um ano para agradecer e não para reclamar”. As palavras são do carreteiro Eder Barbosa, de Minas Gerais, sobre sobre a disponibilidade de frete em 2020 mesmo com as mudanças e dificuldades provocadas pela a pandemia da covid-19. Embora seu depoimento não indique a satisfação de toda a categoria acerca da oferta e dos valores recebidos pelos fretes, a quantidade de cargas transportadas em 2020 por veículos rodoviários cresceu bastante em relação a 2019.

De acordo com relatório anual da FreteBras, startup que se posiciona como a maior plataforma online de transporte de cargas da América Latina, do primeiro para o segundo trimestre houve queda de 8% em razão do impacto do coronavírus e das medidas de segurança para evitar o contágio pelo coronavírus. Porém, o crescimento registrado a partir do terceiro trimestre resultou em aumento de 62% na quantidade de cargas transportadas durante o ano em relação a 2019.

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O aumento do volume de cargas foi impulsionado principalmente pelo agronegócio, com alta superior a 70% no volume de fretes. Mais uma vez o setor se destacou como um importante e grande gerador de cargas rodoviárias no País. Produtos industrializados (alimentos, máquinas e equipamentos, materiais siderúrgicos, papel e celulose e material para reciclagem), além de cargas geradas pelo setor da construção civil. Considerado essencial, a retomada da construção foi motivada pela maior disponibilidade de crédito imobiliário e taxa de juros mais atrativa, causas que contribuíram para aumentar a oferta de fretes, especialmente com carregamentos de cimento.

O diretor de operações da FreteBras, Bruno Hacad, disse que em 2020 os carreteiros transportaram 250 milhões de toneladas de grãos (produção 4,6% maior que 2019).

Pelo relatório da plataforma FreteBras, o crescimento da safra gerou 800 mil fretes a mais, um aumento de 71,3% sobre o ano anterior. Ainda de acordo como executivo, o caminhoneiro que cruzou o Brasil de Norte a Sul recebeu em média R$3,93 por km por eixo. Os ganhos foram mais altos no Centro-Oeste com valor médio de R$4,73. As regiões Sudeste e Nordeste registraram os valores mais baixos do País, média de R$3,81.

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Além do aumento do fluxo de cargas do agronegócio, houve também maior oferta de fretes de insumos para o plantio das lavouras. No Porto de Paranaguá, as cargas de fertilizantes dobraram de volume e houve crescimento também nos fretes de outras cargas importadas com maior frequência, como alimentos, trigo e máquinas e equipamentos, com crescimento da disponibilidade de fretes em 82,3%, segundo o relatório anual da FreteBras.

O porto de Rio Grande/RS também movimentou maior volume de cargas, tanto de exportação quanto de importação. Segundo o relatório, com o crescimento das exportações de grãos, as cargas com destino ao porto aumentaram 74,6% com destaque para a grande quantidade de escoamento de soja e milho. Outro destaque de Rio Grande foram as cargas de arroz importado, cujo volume de frete cresceu 450%. Ano passado, o porto de Rio Grande recebeu a instalação do Terminal Logístico do Arroz (TLA), exclusivo para o escoamento do cereal.

Outro porto destacado como um grande destino de carga em 2020 é o  porto de Itaqui, em São Luiz/MA, que apresentou alta de 108% no volume de  exportação de produtos siderúrgicos e alimentos, que juntos somaram movimento de 25 milhões de toneladas. Esse volume ficou acima da média histórica do porto. De modo geral, os fretes com destino aos portos representaram 27% do total das cargas transportadas em 2020, informa o relatório.

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Junto com a maior oferta de cargas  veio também o crescimento no número de caminhoneiros cadastrados na plataforma da FreteBras. De acordo com Hacad, ano passado a empresa registrou o ingresso de 200 mil novos motoristas, um crescimento de 30%. “A pandemia ajudou bastante, pois muita gente buscou frete pela internet”, justificou.

Hacad destaca que o aumento de cadastros na plataforma se deve principalmente ao uso da internet pelos caminhoneiros. Ele lembra que pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte) indicou que 98% dos motoristas acessam a internet pelo smartphone.

O maior número de cadastros é de  motoristas com veículos leves, para distribuição urbana, com 32% de aumento, especialmente na região Sudeste. Já os caminhões com baús frigoríficos representaram (24,5%), os baús 18% e sider 14%. O portifólio  a FreteBras conta  atualmente com 470 mil motoristas e 12 mil empresas de transporte de diferentes portes. Ano passado a empresa transportou de seis milhões de cargas.

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