Com o total 25.586 veículos de carga acima de 3,5 toneladas de PBT licenciados durante o ano passado, e vice-líder no ranking de vendas no mercado brasileiro, a Volkswagen iniciou 2021, ano de comemoração de suas quatro décadas de existência, fortalecida para brigar pela retomada da liderança perdida para a Mercedes-Benz em 2016. Uma das cartas da montadora está no aumento da oferta de produtos com a chegada dos pesados 28.460 6×2 e 29.520 6×4 da nova linha Meteor, e do novo Constellation 33.460 6×4 para aplicações fora de estrada.
Os estradeiros mais rodados sabem que antes de 1981 não existia caminhão Volkswagen em parte alguma do mundo. A marca é alemã, mas o ingresso no segmento de veículos comerciais pesados começou no Brasil com os modelos médios 11.130 e 13.130, os primeiros produzidos na época pela montadora, na antiga fábrica da Chrysler, Em Santo André, no ABC Paulista.
Anos depois, a linha de produção foi transferida para a fábrica da Ford, no bairro do Ipiranga/SP, no período da Autolatina (joint ventures da Ford com a Volkswagen entre 1988 e 1994). Em 1996, a Volkswagen Caminhões e Ônibus inaugurou sua própria fábrica, em Resende/RJ, em 1996. Em novembro a fábrica completa 25 anos de atividades.
Com sistema de produção chamado de Consórcio Modular, e a filosofia de oferecer somente caminhões sob medida, e com cabine avançada para melhor aproveitamento da plataforma de carga, a montadora não demorou para conquistar espaço nos diferentes segmentos e faixas de carga. Atualmente a Volkswagen é a segunda maior fabricante de caminhões no Brasil em volume de produção e vendas de caminhões.
No fechamento de 2020, a montadora registrou o licenciamento de 25.586 caminhões acima de 3,5 toneladas de PBT; 1.172 unidades atrás das 26.758 registrados pela Mercedes-Benz, segundo números divulgados pela Anfavea, associação que reúne fabricantes de veículos automotores. A maior diferença em relação à líder de mercado está justamente no segmento de pesados, no qual os resultados apontaram 4.180 unidades contra 13.196 unidades.
No entanto, de acordo com números da Anfavea a montadora de Resende ficou à frente da concorrente nos segmentos de médios, com 6.162 unidades contra 1.643. Nesta categoria o VW Delivery 11.180 alcançou o licenciamento de 4.458 unidades. Ainda em 2020, a empresa se destacou também entre os semipesados, com licenciamento de 11.309.
Mesmo com a queda de 4,0% nos emplacamentos da marca durante o ano passado, as 25.586 unidades possibilitaram avanço de participação da marca no mercado de caminhões em relação a 2019. De acordo com a montadora, cresceu de 26,4% para 28,5%. Em outra conta, a Volkswagen soma mais 3.381 unidades do Delivery Express, caminhãozinho para 2,5 toneladas de PBT classificado pela Anfavea como comercial leve. Se acrescidas, o total de veículos de carga da marca sobe para 28.967 unidades.
O presidente e CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes, avalia o resultado obtido pela montadora como bastante positivo se considerada a conjuntura enfrentada em 2020. Sobre 2021, o executivo disse estar bastante confiante no desempenho das vendas de veículos pesados, pois há espaço para crescer diante dos indicadores econômicos registrados em 2020 e das perspectivas para setores como o agronegócio, e-commerce e construção civil. “Estamos confiantes na retomada do mercado e nosso otimismo é reforçado também em razão da nossa entrada definitiva no segmento de extrapesados com a marca VW, que já vem conquistando clientes desde seu lançamento no último trimestre de 2020”, afirmou Cortes.
Um dos motivos para a expectativa de avançar no mercado está na linha Meteor, que já tem unidades em operação com clientes. No início deste ano foram entregues 120 unidades da versão 29.520 6×4 para a Transpipeline, empresa especializada em transporte de carga fluvial e rodoviária na região Norte. Os veículos vão operar com tanques de gás GNL na rota Manaus-Boa Vista.
Outras 10 unidades do Meteor 28.460 6×2 foram adquiridas pela TTGLog, de Limeira/SP, para o transporte de gás liquefeito de petróleo (GLP) a granel. A frota de empresa conta com mais 500 caminhões dos modelos e VW Constellation e MAN TGX.
Com o lançamento da linha Meteor, o MAN TGX passou a ser equipado com o motor D26 de 13 litros nacionalizado. Caminhão premium à altura dos concorrentes, por anos o MAN conviveu com preço elevado em razão da quantidade de conteúdo importado e volume de vendas abaixo das expectativas da montadora, diante da dificuldade em convencer empresas de transporte a comprarem o caminhão sem o desconto desejado. O bloco do motor, por exemplo, era produzido no Brasile enviado à Alemanha, onde o propulsor era montado e mandado de volta ao Brasil, num processo tirava competitividade do veículo.
O processo de nacionalização do motor D26 para equipar os novos extrapesados, inclusive Constellation 33.460 fora de estrada, contou com a modificação de mais de 130 componentes para atender a combinação desejada pela Volkswagen para seus extrapesados nos quesitos torque, potência, redução de consumo e durabilidade.
Com os novos modelos para 57 e 74 toneladas de PBTC, a montadora avançou também na nacionalização de fornecedores de peças, na distribuição e também na estratégia de peças de reposição. O objetivo da VWCO, como exige o disputado segmento de extrapesados, é oferecer melhor custo de propriedade e evoluir na nova faixa de carga.