Reconhecer a qualidade do pneu e tirar o maior proveito possível para reduzir custo da operação, seguindo orientação dos fabricantes, é lição de casa de transportadores de todos os portes. Uns a fazem com dedicação, outros nem tanto, mas o fato é que a grande maioria se mantém informada por meio das redes sociais sobre os produtos e aplicações, especialmente os autônomos

Todo transportador rodoviário sonha em reduzir ao máximo as despesas com pneus, item que normalmente está posicionado entre os três maiores custos da operação. Autônomo ou frotista, e com diferentes níveis de cuidados, uns mais outros menos, é normal que a maioria dos profissionais do setor cuide bem desse insumo para se obter o melhor custo por quilômetro possível. Essa busca pela redução de custo provoca a preferência por marcas, modelos e características técnicas e leva os fabricantes do setor a desenvolverem produtos cada vez mais eficientes para cada operação.

Por conta dessa necessidade de sobrevivência num mercado com alto nível de concorrência, com certa frequência as marcas anunciam a introdução no mercado de novos produtos. Normalmente chegam com novidades em compostos e construção após serem desenvolvidos e testados geralmente em parceria com transportadores, nas diferentes aplicações.

A meta sempre, tanto de quem produz quanto de quem consome, é a busca pelo melhor desempenho, performance e durabilidade. E por mais evoluídos que sejam os novos pneus, ainda são redondos e pretos e o tempo de vida útil está intimamente ligado às boas e velhas práticas já conhecidas do mercado. Manter a pressão ideal e rodízio; evitar choques em guias e buracos e recapagem de qualidade são algumas delas.

Profissionais das principais fabricantes de pneus instaladas no Brasil dizem que hoje em dia a maioria dos transportadores rodoviários cuidam dos pneus e têm conhecimento cada vez maior a respeito dos produtos. É comum a frotistas e autonômos perceberem os efeitos positivos e verem resultados proporcionados pelas tecnologias inseridas nos produtos. Com isso, os fabricantes têm de oferecer cada vez mais produtos de qualidade, o que exige emprego de avançadas tecnologias que ofereçam maior capacidade de carga, tração, frenagem, estabilidade e vida útil mais longa entre outras necessidades.

FS440 Lateral

“Todo transportador precisa de um pneu que gere boa condição de trabalho e o sentimento que chegará ao seu destino com segurança e sem contratempo”, frisa o diretor de vendas da Bridgestone, Marcos Aoki. O executivo explica que um pneu novo tem de trazer confiança, isto é, ter uma boa carcaça para melhor recabilidade e um adequado custo por quilômetro. Com vasta experiência no setor, Aoki afirma que tanto os caminhoneiros autônomos quanto os frotistas são profissionais qualificados e exigentes.

Aoki RHF 1276
Marcos Aoki, da Bridgestone, lembra que todo transportador precisa de um pneu que gere boa condição de trabalho e segurança

No caso específico dos frotistas, é objetivo ao afirmar que na hora da aquisição eles sabem identificar o pneu ideal para suas necessidades sem pensar somente no preço do produto. Ele reconhece que são profissionais que levam em consideração o custo quilométrico na primeira vida e na recapagem, além dos custos indiretos a eles relacionados.

O executivo lembra que não somente os pneus, mas o veículo por inteiro necessita de manutenção preventiva para poder render o máximo em performance e segurança. “No caso do pneu, temos uma regra básica de constante avaliação dos ‘5 ladrões de quilometragem’ (alinhamento, balanceamento, calibragem, desenho da banda e rodagem e emparelhamento). Quando não são conferidos podem roubar de 25% a 40% da performance do pneu”, conclui.

O especialista de produtos da Continental Pneus, Rafael Figueiredo, reforça que a maioria dos profissionais que transporta é grande conhecedora de pneus, assim como do segmento em que atua. “Em termos gerais, as expectativas desses profissionais são de obter o melhor custo possível por quilômetro rodado ou por hora, e o fabricante, por sua vez, deve identificar as necessidades do transportador e indicar qual o produto correto para cada aplicação”, reforça.

Conti Hybrid HD3

02 Rafael Figueiredo.Still001
Rafael Figueiredo, da Continental, destaca que o fabricante deve identificar as necesidades do transportador

Figueiredo destaca que a gestão de pneus tem passado por muitas evoluções e cita os novos sistemas de acompanhamento, os sensores para medição de pressão e temperatura e também os softwares que alertam e ajudam o transportador a ter um controle mais efetivo. “Além da performance quilométrica e da recapabilidade, algumas frotas já têm considerado o consumo de combustível como item de controle, e os pneus podem oferecer economia ou maior consumo dependendo do modelo e da categoria de posicionamento na etiqueta do Inmetro”, explica.

Outro ponto citado pelo especialista da Continental é a importância do atendimento pós-venda por parte do fabricante ou da revenda, por ser o pneu um produto técnico que necessita de um acompanhamento. “Além disso, no caso de frotas a equipe responsável pelos pneus poderá se manter atualizada e treinada para se obter melhor aproveitamento”, complementa.

Hoje, quando se fala em pneus deve se dar atenção à tecnologia da informação, porque esta já exerce forte influência sobre a forma e intensidade com a qual os motoristas, sobretudo os autônomos, têm cuidado desse item do caminhão. Essa observação é feita por Gabriel Caldas, responsável pelo marketing da Prometeon (fabricante dos pneus Pirelli).
“No passado, as informações sobre pneus vinham do borracheiro, mecânico ou do ponto de venda, mas hoje elas são compartilhadas pelos motoristas via Whatsapp”, diz, ao explicar que o pneu é o item com o qual o caminhoneiro tem a relação mais próxima. “Essa mesma interatividade não existe com o combustível ou peças, porque não são perceptíveis como os pneus”, acrescenta.

2015 12 18 09 15 Cópia de Pirelli Truck 1204
Pneu é o item que os carreteiros têm a relação mais próxima. Essa interação não existe com peças ou com o combustível, disse Gabriel Caldas, da Prometeon

Caldas avalia esse movimento como uma verdadeira plataforma de conhecimento que ajuda os motoristas a terem mais rapidez e acesso à informação. De acordo com ele, profissionais da companhia têm observado, durante conversas com motoristas autônomos, que atualmente a abordagem feita por esses profissionais vão além daquelas básicas, do tipo que diz preferir pneu borrachudo porque dá maior quilometragem, ou que paga menos por pneu que rende mais etc”. “Hoje em dia há outra consciência, inclusive sobre a aplicação correta do pneu”, complementa.

Na avaliação de Caldas, esse conhecimento mais amplo e a sua propagação de um caminhoneiro para o outro é muito válido e interessante para nós fabricantes. “Quanto mais informações puderem ser disponibilizadas (via redes sociais e rede de revendedores) melhor será a compreensão por parte dos motoristas”. Porém, ele frisa que as informações devem ser de fácil compreensão, sem muitos dados técnicos para facilitar o entendimento e que os motoristas possam ser efetivamente multiplicadores.

fabrica michelin

Isabella Ferraz
Para Isabella Ferraz, da Michelin, a empresa precisa estar atenta aos caminhoneiros, que hoje estão mais conectados e atentos do que nunca

A diretora de marketing da Michelin América do Sul, Isabela Ferraz, também comenta sobre a importância do transportador ser orientado sobre o uso e manutenção do pneu, para obter o máximo dos benefícios em economia com redução de custos dos pneus; produtividade com maior disponibilidades do veículo ou para sua segurança com redução de risco de acidentes. Ela destaca também a necessidade da empresa estar atento ao comportamento dos caminhoneiros, atualmente mais conectados do que nunca, conforme definiu.

A executiva lembra que além da expectativa de alta quilometragem do pneu, e de um índice de recapabilidade a contento, o profissional do transporte espera também uma boa tração, resistência a agressões, desgaste uniforme, boa aderência em solo seco ou molhado e, acima de tudo, o custo por quilômetro. “É importante que estas performances estejam presentes ao longo da vida do pneu”, adiciona.

Ainda na análise da executiva de marketing, os transportadores reconhecem as tecnologias empregadas nos produtos da marca, especialmente nos materiais utilizados na fabricação. Essa percepção, explica, é percebida por meio de benefícios entregues pelos produtos como vida útil, resistência a choques e perfurações e recapabilidade.

DUNLOP SP320 oblique

Dunlop 2 Rodrigo Alonso Gerente Senior Nacional de Vendas e Marketing
Rodrigo Alonso, da Dunlop: empresa está trazendo tecnologias inovadoras e exclusivas para o segmento de pneus de carga

O gerente sênior de vendas e marketing da Dunlop, Rodrigo Alonso, reforça o discurso da necessidade do pneu atender todos os atributos esperados pelos transportadores, os quais são base para o desenvolvimento de qualquer produto, e acrescenta que o foco da empresa é entregar um produto de maior qualidade e confiança, que reflita de modo positivo na produtividade dos transportadores e um custo por quilômetro melhor.

Alonso ressalta que mesmo em um mercado competitivo, como é o brasileiro, a empresa está trazendo tecnologias inovadoras e exclusivas para o segmento. Ele cita o exemplo da produção de pneus sem emendas nas partes de borracha, um sistema, conforme diz, que resulta num produto mais uniforme e mais assimétrico do que um pneu construído pelo método convencional de produção. Ele destaca que entre as vantagens exige menor uso contrapeso para o balanceamento e aprimora o conforto do motorista na condução do caminhão.

A Dunlop, empresa do Grupo Sumitomo Rubber, começou esse ano a produção de pneus de carga no Brasil. Até então, o mercado era atendido com produtos importados de outras unidades da fabricante. “Temos melhorado a cada dia o atendimento a este mercado, visando estreitar o relacionamento com os transportadores, principalmente com o foco na demonstração de custo por quilômetro rodado (CPK) de nossos produtos e a diversidade da nossa linha de pneus”, afirma Alonso. Ainda de acordo com ele, esta proximidade tem trazido melhores resultados para os clientes da marca.

Goodyear 01 P
Goodyear conta diversas patentes tecnológicas que proporcionam atributos e benefícios para a aplicação do pneu, explicou Eduardo Schilling, do departamento de marketing da companhia

Entregar o melhor CPK na vida total do pneu é também o foco da Goodyear, empresa com mais de 100 anos de instalação no Brasil. Eduardo Schilling, gerente marketing de pneus commercial da companhia, afirma que a marca oferece elevado padrão de qualidade, tecnologia e inovação em todos os seus produtos, os quais estão direcionados para atender veículos que atuam nos setores rodoviário, regional, regional severo, urbano, misto e fora de estrada.

Schilling destaca que a Goodyear conta com diversas patentes tecnológicas que proporcionam diferentes atributos e benefícios específicos para a aplicação do pneu. Isso significa aplicação de materiais e sistemas de construção que garantem um produto final de maior performance, como carcaça mais resistente e flexível e com capacidade de reduzir a possibilidade de perfurações da carcaça, banda de rodagem que garantem desgaste mais regular e maior quilometragem, entre outras vantagens. No seu entender, o atendimento pós-venda é fundamental para manter os clientes e reforçar as qualidades do produtos da marca.

INDÚSTRIA DE PNEUS

Interior da fábrica da Sumitomo Rubber do Brasil 1

Ano passado, os fabricantes de pneus venderam juntos no Brasil 7.228.688 pneus de carga, 8,9% acima das 6.635.706 unidades registradas em 2017. Os números, divulgados, pela Anip (a associação que reúne os fabricantes do setor), apontaram um crescimento 8,9% nas vendas em relação ao ano anterior, sendo 5.777.329 absorvidos pelo mercado de reposição e 1.451.359 pelas montadoras de veículos.

O crescimento maior na comparação ano a ano foi registrado nas vendas para as montadoras, motivado especialmente pelo aumento da produção de vendas de caminhões, saltando de 907.802 para 1.451.359 pneus, volume 59,9% acima.

Os números da indústria do setor de pneus novos continuou em ascensão em 2019, conforme mostram números da Anip. Entre janeiro e julho deste ano, as vendas totais para veículos de carga atingiram 3.737.506 (2.815.131 para reposição e 922.375 para veículos novos).

No mesmo período de 2018, as vendas totais atingiram 3.532.524 unidades (2.854.342 para reposição e 678.182 para montadoras).