Componente pode apresentar problemas causados por produtos adulterados ou falsificados e também pelo uso indevido de dispositivos que burlam a eletrônica do caminhão. Empresa  especializada aponta a remanufatura como solução para que o sistema de tratamento dos gases do veículo volte a funcionar e o motorista evite complicações com a fiscalização

Por Daniela Giopato 

De olho em um nicho de mercado ainda bastante carente, a Renova Tecnologia Automotiva, empresa localizada em Campinas/SP, se especializou em remanufatura da bomba de Arla 32, reagente líquido necessário para o bom funcionamento da tecnologia SCR (Selective Catalytic Reduction) de motores, desenvolvida para atender a legislação Proconve P7 (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), em vigor  desde janeiro de 2012.

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Reagentes feitos com ureia comum, de uso agrícola e água de rede ou de poço, danificam o sistema e causam prejuízos

A ideia surgiu dos sócios da empresa, profissionais especializados em manutenção de módulos eletrônicos da linha diesel. Eles se basearam nas solicitações de clientes que reclamavam da falta de manutenção e disponibilidade no mercado de bombas para o sistema Arla remanufaturadas. O trabalho inicial exigiu a busca de parceiros  no Exterior, exclusivos para o fornecimento de peças e componentes, bem como equi­pamentos para testes e diagnósticos.

Como resultado, atualmente a empresa remanufatura cerca de 50 unidades mensais. Os principais problemas são corrosão, cristalização e defeitos eletrônicos. “Em muitos casos o mau funcionamento se deve ao Arla 32 de baixa qualidade. Temos uma bancada de testes que simula as funções do veículo e todas as peças de reposição”, explicou Clóvis Henrique Ribeiro, diretor técnico da empresa.

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Nos últimos seis anos tornou-se fato normal o uso de sistemas para burlar o Arla 32, bem como a venda de reagentes falsificados. Geralmente são produtos feitos com ureia comum, de uso agrícola, e água de rede ou de poço, que causam danos permanentes a componentes do sistema. Essas práticas se tornaram preocupações de entidades ligadas ao setor.

Além de danificar a bomba, o Arla 32 de baixa qualidade compromete também o catalisador, cujo custo pode chegar a R$ 20 mil dependendo do modelo do caminhão. Existe manutenção para esse componente também. Porém, sem ele o caminhão tem de ficar parado para evitar problemas com multas (veja boxe abaixo), corforme alerta a Afeevas, associação que reúne fabricantes de controles de emissões.

“Geralmente, problemas são evitados com manutenção preventiva (troca dos filtros, limpeza do sistema e regulagem eletrônica) e uso de produtos de boa qualidade”, destacou Ribeiro. A empresa trabalha também com peças remanufaturadas com pronta entrega e também à base de troca.

“O cliente, por sua vez, tem sua necessidade atendida imediatamente e na e logo em seguida ele nos envia a peça usada para que seja também remanufaturada e retorne para o mercado”, explicou Ribeiro, acrescentando que desta forma se evita qualquer descarte incorreto, akém de o trabalho realizado pela empresa ser realizado de modosustentável.

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PRF e agentes do Ibama têm realizado operações em parceria nas estradas

A bomba de Arla 32 remanufaturada pela empresa tem garantia de seis meses e custa entre R$ 1.750,00 e R$ 4.000,00, dependendo do modelo do caminhão. Isso representa, em média, 50% do preço das peças novas encontradas nas redes de concessionárias. Ele diz ainda que em alguns casos é possível remanufaturar a própria peça do cliente através de orçamento. Nessas situações, o custo estimado é entre 30% a 40% do valor de uma peça nova. “E o preço do conserto seria de aproximadamente 30% de uma bomba nova e com garantia de 90 dias’, completou.

Ribeiro estima que devido ao aumento da frota de veículos com sistema Euro 5 em circulação, inclusive da linha agrícola e da construção civil, haverá aumento no volume de bombas quebradas nos próximos anos. Atualmente a empresa já atende todo o território brasileiro. “Nosso plano de expansão é criar em breve uma rede de franquias para o mercado nacional e também para países do Mercosul, onde o sistema Euro 5 já foi implantado”, finalizou.

FRAUDES E MULTAS 

A Polícia Rodoviária Federal e o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) têm realizado diversas operações de fiscalização nas rodovias do País para combater fraudes relacionadas ao uso de Arla32. Sob alegação de redução de custos, fraudes como adulteração do reagente e fraudes na tecnologia embarcada do veículo têm sido comuns nas rodovias, conforme constatam as operações de fiscalização realizadas pela Polícia Rodoviária Federal em parceria com agentes do Ibama.

Nas blitzes realizadas são analisadas amostras do Arla32 retirado do tanque do caminhão e submetidas a testes. Se o aditivo estiver dentro do limite tolerável, o motorista e caminhão são liberados, porém, se for detectada alguma irregularidade no reagente ou na eletrônica do caminhão, será considerado crime ambiental, conforme o Artigo 54 da lei 9.605/98 e também infração ambiental.

O motorista será conduzido à delegacia de Polícia Civil para prestar esclarecimentos. Dependendo do caso, o caminhão é apreendido para perícia. A infração de trânsito prevista no artigo 230 do Código Brasileiro de Trânsito é por “conduzir veículo com equipamento obrigatório ineficiente e inoperante”, cujo valor é de R$ 127,69 mais 5 pontos na CNH do proprietário do veículo. Ocorre também multas aplicadas pelo Ibama. Uma delas é por “conduzir veículo fora das especificações”; outra opor alteração de itens que atuam nas emissões. No total, as três multas somadas podem atingir o valor de R$ 8.000,00.