Na edição passada falamos sobre convergência e divergência (alinhamento das rodas em sua parte dianteira para dentro ou para fora), um dos itens que compõem a geometria do veículo. Mas este é apenas um dos elementos que podem afetar a vida útil do pneu, porque todo sai de fábrica também com uma especificação técnica de seu ângulo de câmber determinada pelo fabricante.

Trata-se da cambagem (o ângulo das rodas – determinado em graus – em relação a uma linha vertical em sua parte superior), para dentro ou para fora do veículo. Este item deve ser verificado periodicamente, porque as condições de trabalho, estrada, sobrecarga e acidente, entre outras ocorrências, podem tirar as rodas fora da especificação.

Principais funções do ângulo de câmber:

  • Compensar a flexão do eixo em suas extremidades quando o veículo recebe carga, mantendo o conjunto pneu/roda trabalhando na vertical.
  • Transferir o peso do veículo e da carga para os rolamentos internos do cubo, que são os rolamentos de trabalho efetivamente.

A especificação do ângulo de câmber em veículos de carga normalmente é positiva (parte de cima das rodas mais abertas que a parte inferior). Existem veículos que dependendo da geometria da suspensão, a especificação pode ser negativa (com a parte de cima das rodas mais fechadas que a inferior). Excesso de carga pode fazer essa especificação trabalhar fora das especificações recomendadas.

Principais problemas causados pela cambagem fora das especificações:

  • Desgaste irregular dos pneus, em forma cônica das laterais (ombros) para o centro da banda de rodagem;
  • A dirigibilidade do veículo fica comprometida;
  • O ângulo de câmber fora de especificação afeta a convergência/divergência do veículo;
  • Aumento da resistência do veículo ao rolamento
  • Os principais fatores que tiram a cambagem de sua especificação são:
  • Desgaste das buchas da ponta de eixo;
  • Desgaste do pino mestre;
  • Desgaste do punho do eixo;
  • Folga excessiva dos rolamentos do cubo.

Esse item afeta a quilometragem dos pneus e o consumo de combustível. Portanto, é imprescindível a geometria do veículo ser feita periodicamente e em sua totalidade. E o alinhador deve ter conhecimentos mínimos de medidas e geometria para fazer um bom trabalho no alinhamento total de um veículo. Bom trabalho e até o mês que vem.

Esse Boletim é de responsabilidade do Consultor na área Automotiva Pesada, Guilherme Junqueira Franco, que tem a formação TTS – Truck Tire Specialist (Especialista em Pneus de Caminhão).

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