Mais próxima do que nunca do cliente, a Mercedes atualiza toda sua linha de produtos com mudanças feitas a partir da sinalização do mercado, numa estratégia que tem trazido resultados positivos, principalmente para os extrapesados
Por João Geraldo
A nova linha de caminhões da Mercedes-Benz formada pelas famílias Accelo, Atego, Axor e Actros, traz diversas novidades no que se refere a recursos de tecnologia e atualizações técnicas, além de novas cores metálicas brilhantes e foscas. As inovações nos produtos da marca são parte de um processo iniciado em 2014, chegando a 60 mudanças nos últimos quatro anos. Desta vez não há potências nem capacidade de carga dos caminhões, porém, as caixas de câmbio evoluíram na parte eletrônica e também passaram a equipar mais produtos da marca.
O Actros rodoviário, que no agronegócio trafega também por estradas de terra atrelados a carretas graneleiras, recebeu poucas novidades, porque se trata de um modelo que tem recebido constantes atualizações. Roberto Leoncini, vice-presidente de marketing, vendas e pós-vendas de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, disse que a partir das mudanças, os extrapesados cresceram 6% em participação.
“A Mercedes vem se mantendo na liderança desde o início do ano e isso se deve à mudança de postura e proximidade com o cliente. Tudo está embaixo do guarda-chuva “as estradas falam e a Mercedes-Benz escuta”, explica. Ainda de acordo com o executivo, a empresa está muito focada em sua estratégia. A expectativa é manter participação média de 28% em 2018.
Leoncini destacou que o segmento de extrapesados começou a acelerar e que isso é bom porque puxa o mercado de caminhões. Acrescentou que o Axor atual tem mesmo nome, mas é um caminhão totalmente diferente. Já o Actros é o modelo que a empresa cuida com bastante carinho. “Quando trouxemos o Actros para o Brasil ele não se adaptava, mas fizemos um novo produto. Hoje é um extrapesado que está nas grandes frotas e aonde ele ainda não está nós vamos lá bater na porta”, concluiu.
Marcos Andrade, gerente de produto caminhão da Mercedes-Benz do Brasil, diz que as inovações aplicadas ao Actros deram resultados e as vendas estão evoluindo. Ele comenta que em 2013 o modelo tinha apenas 1,4% de participação dentro do segmento, mas já encerrou agosto deste ano (mês em que foram emplacadas 175 unidades) com 10% de participação no acumulado. Andrade credita o crescimento às inovações aplicadas ao veículo durante os últimos quatro anos.
Acrescenta que para a linha 2018 tem novidades, a suspensão está mais robusta, o tanque de combustível ganhou capacidade para até 1.080 litros e para-choque e faróis agora são preparados para as operações mistas. A linha recebeu outras diversas mudanças externas e internas, como novas funções no painel de instrumentos (indicação do consumo de combustível em litros, tempo de marcha lenta, pressão da turbina, contagem de tempo em velocidade excessiva e tempo em cada faixa de rotação, entre outras).
Outras mudanças são o piloto automático, otimizado para priorizar o consumo e desempenho do veículo, utilizando sensor de inclinação para definir a troca de marchas, aceleração e aproveitar a inércia. Exceto a indicação do tempo do motor em cada faixa de rotação, as demais funções estão presentes também no Accelo, Atego e Axor.
A família Axor, por sua vez, foi uma das mais privilegiadas na nova linha. A cabine, por exemplo, ganhou espaço em seu interior com o rebaixamento do túnel do motor de 300mm para 200mm, elevando a altura entre o assoalho e o teto para 1.780mm na versão cabine teto alto e 1.310mm na de teto baixo e estendida.
O modelo recebeu um novo climatizador mais compacto, 75mm mais baixo, melhorando a aerodinâmica, perdeu 8 quilos e ganhou capacidade para seis litros a mais de água. Outras novidades do modelo são a chineleira (cobertura dos degraus) nova área externa porta-objetos na lateral esquerda da cabine (para guardar o macaco), maior espaço embaixo da cama e iluminação do lado fora da cabine na parte traseira.
No item segurança a linha Axor agora disponibiliza o EBD (sistema que distribui a força da frenagem e compensa o deslocamento do centro de gravidade do veículo); ASR, sistema eletrônico que evita que as rodas patinem, e HSA, auxílio de partida em rampa, que segura automaticamente o veículo por três segundos.
Marcos Andrade afirma que o custo de manutenção do Axor chega a ser de 5 a 20% menor do que os concorrentes, isso num período de cinco anos. Segundo ele, o modelo já superou a casa das 65 mil unidades vendidas no País e que esse volume produz uma certa familiaridade com o veículo. “O Axor utiliza o motor 457, o mesmo dos ônibus Mercedes-Benz que fazem rotas interurbanas, e isso aumenta a facilidade para encontrar suas peças em qualquer parte do País”, concluiu. A linha 2018 sai de fábrica com faixas nas laterais da cabine para se diferenciarem dos modelos atuais.
Na linha Atego, as novidades começam pela ampliação do pacote robustez para aplicações mistas e fora de estrada. As versões 2430 6X2 e 3030 8X2 passaram a operar com a nova geração da caixa automatizada PowerShift G211-12K (de 12 velocidades), com sensor de partida em rampa, de inclinação, piloto automático e, opcionalmente, o ARS, sistema eletrônico para evitar que as rodas patinem.
O Atego 2426 6X2, por sua vez, recebeu a caixa automatizada G140-8K, (de 8 marchas) com as funções Ecoroll (“banguela eletrônica”) e power, além de sensor de inclinação da pista, sensor de rampa e kickdown. O 2730, por exemplo, passou a ter, de série, protetor de cárter e bloqueio de diferencial transversal entre outros itens. Outras mudanças são o novo climatizador, painel de instrumentos com novas funções, piloto automático inteligente, sistema de distribuição de força de frenagem e controle de tração. Já as versões 4X2 passaram a oferecer opção para molas trapezoidais. No total a linha Atego recebeu um pacote com 13 modificações.
A linha Accelo recebeu um pacote de atualizações e modificações. Uma delas é a transmissão automatizada de seis marchas, a qual acresce R$ 5 mil no preço do veículo. Com esta caixa de câmbio o modelo passou a contar com itens disponíveis nos modelos de maior porte, como o sensor de inclinação de pista, sistema de partida em rampa (HSA), kickdown e sensor de aviso de sobrecarga.
Das 15 alterações aplicadas à linha Accelo, boa parte está relacionada ao conforto. Por conta disso, a cabine ficou mais espaçosa, com o aumento de 180mm para os modelos leves 815 e 1016 e o médio 1316 6X2. O volante de direção oferece mais opções de regulagem, o banco do motorista, com novos ajustes, agora é pneumático e teve seu curso aumentado em 25mm para correr até 210mm. E o encosto pode reclinar 13 graus a mais, já o assento também ganhou movimento de 13 graus.
Do lado do ajudante foi colocado um tapete mais grosso e elevou o piso para melhorar o apoio dos pés, principalmente durante viagens. Os espaços para guardar objetos aumentaram inclusive com a disposição de uma rede atrás dos bancos.
Andrade disse que a Mercedes deixou os modelos Accelo mais confortáveis porque cerca de 10% trafegam em rodovias. Ele acrescenta que a cabine estendida, uma das novidades, é item de série, mas o banco é opcional, assim como os dois tanques de combustível de 150 litros cada, para quem percorre trechos longos.
Outras novidades são o maior entre-eixos, tanque de Arla32 com capacidade para 25 litros e conjunto de válvula reguladora com filtro secador de ar e separador de óleo que dispensa a necessidade de purgar o filtro diariamente. “Acreditamos que aos poucos o Accelo automatizado vai crescer no mercado, principalmente por causa das mudanças na cabine que deixaram o modelo mais confortável”, finalizou Andrade.