WM18042 361 1

Conhecimento técnico, organização e habilidade são requisitos que envolvem equipes de mecânicos, mecatrônicos e demais profissionais de oficina das redes de concessionárias Scania e Volvo de todo o mundo em busca do título de campeã mundial. Com regras e objetivos parecidos, as competições das duas montadoras são realizadas quase que simultaneamente, a cada dois anos. A campeã mundial da Volvo já foi definida no Brasil; a da Scania será decidida em dezembro na Suécia

Por João Geraldo 

Em época de Campeonato Mundial de Futebol, as competições estiveram em alta também entre profissionais das redes de concessionários Scania e Volvo de todo o mundo. Em disputas que testam o nível de conhecimento teórico e prático dos participantes, dentro do universo de cada uma das duas fabricantes suecas de veículos pesados, as competições têm como principal objetivo desenvolver e aprimorar conhecimento, competência e habilidade, valorizar e incentivar a capacitação de profissionais de serviço das respectivas redes de concessionários.

As duas ações surgiram na Suécia em épocas bem difrentes. A da Volvo, conhecida como VISTA, sigla de Volvo International Service Training Award (Prêmio de Treinamento de Serviço Internacional da Volvo), começou em 1957 com a finalidade de premiar mecânicos. A da Scania, que tem o nome de Top Team, teve início em 1989. Hoje, ambas são globais e buscam promover a melhoria constante do atendimento pós-venda. Isso diz respeito à eficiência do serviço e rapidez para que o veículo do cliente permaneça o menor tempo possível em reparo na oficina da concessionária. A corrida pelo melhor atendimento pós-venda se justifica principalmente porque os produtos – independente da marca do fabricante – estão cada vez mais parecidos tecnicamente.

SCANIA

A edição da Top Team 2017/2018 contou com a participação de 8.000 profissionais da rede Scania de 70 países, sendo 1.000 deles do Brasil, os quais   formaram 209 equipes. A primeira eliminatória das equipes do Brasil – que definiu as 10 melhores equipes para a final brasileira – aconteceu no final de 2017 em duas provas teóricas com 100 questões acerca do dia a dia de uma concessionária.

Realizada em março, na fábrica da montadora em São Bernardo do Campo (ABC Paulista), a final brasileira contou com 10 juízes da Scania para avaliar os diagnósticos apresentados pelos finalistas, tais como reparo de falha, metodologia de trabalho escolhida, grau de segurança executado e o tempo gasto com os veículos. Das três melhores equipes que se sobressaíram entre as 10, a Btec, da concessionária Brasdiesel, de Ijui/RS, ficou em primeiro lugar e garantiu vaga para representar o Brasil na semifinal regional, fase que reuniu equipes também da Argentina, África do Sul, Chile, México, Peru, Quênia e Uruguai, num total de 48 profissionais.

18176 066
Após ter realizado etapa seminfinal regional no Brasil, equipe campeã mundial da Scania será definida em dezembro, na Suécia, com time de brasileiros na disputa

Também disputada na fábrica da Scania, em São Bernardo do Campo, a semifinal regional teve como vencedoras – novamente a equipe Btec – e a Metegol, de Buenos Aires (Argentina). Ambas se classificaram para o encontro final na matriz da Scania, na Suécia, entre os dias 05 e 07 de dezembro, onde 12 equipes finalistas de diferentes partes do mundo disputarão o título mundial. A vencedora receberá o prêmio de 50 mil euros; a segunda colocada 30 mil e a terceira 20 mil euros.

Os brasileiros da Btec são André Luís Decker (técnico em informática), Carlos Alberto Fösch (eletricista), Felipe Daniel Fogaça (mecânico de motores), Marcelo Bueno (mecânico) e Nelson Goi Freitag (mecânico de transmissão). Os argentinos, da concessionária Baisur Motor, de Buenos Aires, são Luciano Barroso, Paulo Brito, Sérgio Busnelli, Juan di Pasquale e Roberto Gimenez.

WM18042 264

Os desafios propostos aos competidores na final brasileira foram preparados na Scania do Brasil. Na parte prática, por exemplo, os competidores precisaram identificar falhas no sistema de freios eletrônicos, na transmissão que envolve o sistema Retarder e elaborar projeto para implementá-lo, além de uma tarefa que incluiu o novo motor da marca. Já a seminifinal regional é organizada em estações que apresentam diferentes níveis de dificuldades e problemas a serem resolvidos. Os desafios colocados consideram sempre os avanços  já implantados nos veículos Scania disponibilizados em cada país do grupo regional, tais como tecnologias Euro 3, 4, 5 ou 6, por exemplo. Os testes práticos envolveram descobrir uma falha simulada em um caminhão ou ônibus.

WM18042 279

Na parte teórica, as provas podem apresentar questões da rotina de oficina e conhecimentos gerais sobre a fabricante. Cada equipe tem 20 minutos para preparar a estratégia e outros 20 para resolver cada fase. Vencem aquelas que apresentam melhor conhecimento técnico aliado ao poder de decisão, rapidez de raciocínio, trabalho em equipe e equilíbrio psicológico. Gustavo Andrade, gerente de portifólio de serviços Scania no Brasil, destacou que o Top Team é mais do que uma competição, porque representa uma filosofia de trabalho que enriquece os profissionais. “Cada vez mais acirrada, a competição nos permite ter uma rede de concessionárias pronta para enfrentar qualquer desafio no atendimento ao cliente”, acrescentou.

WM18042 318

Gustavo Andrade Scania
O Top Team é uma filosofia de trabalho que enriquece os profissionais, disse Gustavo Andrade, da Scania

Cesar Giaconi, gerente da Scania Academy, destacou que todas as equipes têm o mesmo nível de chances, mesmo sendo de países diferentes, porque a base de todas as provas são os veículos da própria marca, os quais possuem um DNA de plataformas globais. Giaconi acrescentou que o nível da competição está aumentando em paralelo com a evolução dos produtos Scania. “Com isso, também se reduziu o nível de reclamações e de defeitos nos veículos da marca”, completou.

WM18042 331
Problemas propostos para equipes de competidores exigiam conhecimento necessário para prestar atendimento rápido e preciso em concessionárias da rede

Foi em 1996 que a Top Team contou pela primeira vez com participação de profissionais de outros países além da Suécia, com competidores  da Noruega, Finlândia, Dinamarca e Islândia. Em 2003, o torneio contou com 17 países do continente europeu, saltando para 21 em 2005 e 44 em 2011, ano em que o Brasil estreou na competição. Em 2013 a disputa reuniu profissionais da rede de 58 países; de 63 em 2015, e de 70 na edição 2017/2018, que representaram um recorde de participação.

VOLVO 

A competição VISTA, que também envolve caminhões e ônibus da marca Volvo, passou a ser realizada em toda a Europa a partir de 1977. O objetivo era promover a qualificação, o trabalho em equipe e o reconhecimento dos técnicos e do pessoal das áreas de peças de reposição, além de aprimorar a capacidade dos profissionais das oficinas da rede de concessionários em todo o mundo. A primeira final global aconteceu em 2007,  com as melhores equipes já lutando pela conquista do título de campeã mundial.

8ePDBtQEIms4r0UuJ9h2Ao3Xyw1

A competição VISTA é realizada a cada dois anos, sendo que a primeira fase da edição 2017/2018 reuniu  na disputa 19.700 participantes de 117 países. Do total de profissionais inscritos, 231 equipes (com quatro participantes cada) se qualificaram para as semifinais que aconteceram em Gotemburgo (Suécia), em abril deste ano. Equipes da América Latina conquistaram sete vagas, sendo quatro delas do Brasil (formada por profissionais das concessionárias Auto Sueco, Guarulhos/SP; Trevisa, de Betim/MG; Dicave, de Araquari/SC e Diesel), duas para companhias de mercado e uma de importadores privados. Cada time contou com 30 minutos para encontrar e solucionar os problemas mais comuns na rotina de trabalho dentro de oficinas das concessionárias.

A grande final dessa edição aconteceu dia 26 de junho, em Curitiba/PR, e envolveu 200 competidores de 31 países, divididos em 40 equipes. As provas foram realizadas em 10 diferentes estações, com as equipes se movimentando entre uma e outra com a missão de resolver os desafios propostos em cada uma delas, numa maratona que durou oito horas. Em cada estação, a equipe tinha 25 minutos para resolver os “desafios” preparados no caminhão ou ônibus. Todos participantes completaram as fases  propostas para a competição. Até mesmo a coreana Sunny, que chegou em Curitiba com atraso, após 60 horas de viagem.

Equipe VIIES RATAS da Estônia é a campeã do VISTA 2017 2018
Equipe de profissionais de concessionária Volvo da Estonia foi a grande campeã desta edição do VISTA, que teve a etapa decisiva realizada pela primeira vez no Brasil

Os desafios colocados levaram em conta as diferenças entre veículos vendidos em cada mercado como, por exemplo, as tecnologias de emissões que podem variar de Euro 3 a Euro 6. Ao final, a grande campeã de 2018 foi a equipe Viies Ratas, da Estônia, país campeão do VISA pela primeira vez. Em segundo lugar ficou o time Derma Ex-Power, da Bélgica, e em terceiro a Team Harju, da Finlândia, campeã da edição anterior. “Este ano tentamos trabalhar com tecnologias menos europeias, as estações foram desenvolvidas por profissionais brasileiros. Antes eram apenas da Suécia”, disse a coordenadora mundial do VISA, Anna Rogbrant. Ela classificou como recorde o número de participantes desta edição.

DjGts25kMLZJTYq3Vh4e9f8U6B
Conhecimento e concentração para resolver desafios de oficina são requisitos essenciais na disputa

Para Karen Wasman, gerente de desenvolvimento de competências da Volvo do Brasil, a disputa motiva os técnicos a serem cada vez melhor e leva os profissionais a se preparem mais para atender os clientes com rápidez e eficiência. “O VISTA é importante para nossa estratégia em atingir a mais alta qualidade em serviços em todos os mercados onde temos presença”, acrescentou. Quanto à final no Brasil, ela disse que a competição fora da Suécia coloca em pratica a globalização, e que a unidade de Curitiba se preparou dois anos para  a final no Brasil.

ZXBJdklavwbE102KVNOMQCoqSP

Karen Wasman
Karen Wasman, da Volvo, afirmou que o VISTA motiva os técnicos a serem cada vez melhor no atendimento aos clientes

Para Adriano Merigli, diretor  de desenvolvimento de concessionária do Grupo Volvo na América Latina, a  competição motiva os técnicos a serem cada vez melhores. “Faz com que se preparem mais e possam atender aos clientes de forma rápida e eficiente”, completou. Wilson Lirmann, presidente do Grupo Volvo América Latina, destacou que a escolha da Volvo do Brasil para sediar a primeira final fora da Suécia, país-sede da Volvo, é motivo de muito orgulho. “O Brasil é um dos principais mercados globais da marca, com estrutura de ponta e profissionais altamente qualificados”, afirmou. Esta edição do VISTA teve duração de oito meses, com rodadas classificatórias regionais na Europa, América Latina, América do Norte, África, Ásia, Oriente Médio e Oceania.