Por João Geraldo Fotos Fernando Favoretto
Uma tendência adotada há anos pelos transportadores rodoviários de cargas é buscar maior produtividade através da utilização do caminhão adequado à sua aplicação. As características que tornam os veículos mais apropriados a cada tipo de operação e, consequentemente, mais eficientes, abrange, entre outros itens, desde a motorização e todo o sistema de transmissão, a plataforma de carga e tipo e medidas de carroçaria. Nesta lista, cabe também a inclusão da distância entreeixos do cavalo-mecânico, um detalhe que possibilita o engate de um semirreboque mais longo, com maior capacidade de carga.
É o caso do Scania R 420 6X2 com entreeixos de 3,100mm original de fábrica, que pode receber implemento para o transporte de 32 pallets, como a câmara fria atrelada ao cavalo-mecânico cedido pela engenharia da Scania à equipe da Revista O Carreteiro. Fabricado pela Boreal assentado sobre uma base da Pastre, com três eixos distanciados (tipo Vanderleia), formando uma composição de 18.597m – de pára-choque a pára-choque – através do reposicionamento da quinta-roda.
O implemento, com 15.560m de comprimento, é a mesma unidade que a Boreal expôs em seu estande durante a 17ª Salão do Transporte (Fenatran), realizado em São Paulo, em outubro de 2009, com o detalhe de ter uma lateral lisa e a outra canelada, como opções de fechamento do baú. Atrelado ao cavalo-mecânico com entreeixos de 3.100mm, resultou em conjunto equilibrado tanto visualmente quanto na rodagem.
Com 53 toneladas de PBTC, a composição desliza suave pela pista, graças às características do cavalo-mecânico equipado com motor de 420 cavalos de potência (linha 2010), cabine ampla, ergonomia e outros atributos que valorizam o conforto e bem-estar do motorista são pontos fortes da nova linha de caminhões Scania lançada no segundo semestre do ano passado.
Um dos recursos para tornar a condução mais segura e tranquila é o Opticruise, sistema inteligente disponibilizado há anos pela Scania para sua linha de veículos, que tem como características combinar as rotações do motor e executar as mudanças de marcha automaticamente. Entre as vantagens do equipamento, ganha destaque também a economia de combustível, porque as trocas são realizadas no tempo certo, além do prolongamento da vida útil do trem de força do caminhão.
Outro recurso do veículo, que ajuda na condução e valoriza a segurança, é o freio retarder, que integrado ao controle de cruzeiro e ao freio motor administra automaticamente a velocidade da composição nos trechos de descidas. O dispositivo possibilita que o motorista ajuste as mudanças de marchas de modo automático ou manual a qualquer momento, através de controle no volante de direção e não dispensa o pedal de embreagem, usado para dar partida ou parar e também, de acordo com a montadora, ajuda o motorista nas operações de manobra do caminhão.
O cavalo-mecânico é equipado com suspensão a ar, sistema que evita inclinação do eixo cardã como ocorre no sistema com feixes de mola. Neste ponto, o engenheiro Eduardo Engel, da Scania, alerta que quanto mais curto é o entreeixo maior é a inclinação do cardã, cuja variação ocorre quando se coloca ou retira a carga do caminhão. “Essa inclinação gera vibração devido à força transmitida provocando um certo desconforto ao motorista”, explica, acentuando o conforto como uma das vantagens da suspensão a ar.
Ele acrescenta que com o entreeixos de 3.100mm não é possível a instalação de feixes de molas no sistema de suspensão. A montadora disponibiliza esta medida de entreeixos desde 1998, quando lançou a série 4 no mercado brasileiro. Desde então já foram comercializadas mais de 11 mil unidades, sendo as operações de transporte que exijam aplicação de baú frigorífico, tanque e bebida as que mais tem utilizado cavalos-mecânicos mais curtos.
Atualmente, o modelo com entreeixos curto está operando também com carretas cegonhas modernas de 22,40m, no transporte de veículos mais pesados que os automóveis de passeio, como picapes e SUVs (veículos utilitários esportivos), que normalmente provocam excesso de peso no eixo de tração. Com isso, já existem cegonheiros que começaram a migrar para o cavalo-mecânico 6X2 com menor entreeixos para evitarem multas por excesso de peso.
FICHA TÉCNICA |
TREM DE FORÇA |
Motor DC12 06 420hp (06 cilindros) |
Potência máxima |
420hp a 1.900rpm |
Torque máximo |
2000 Nm (at 1.100 a 1.300rpm) |
Caixa de marchas |
GRS900 c/opção para GRS900R |
Número de marchas 12 à frente |
Opticruise Opcional |
CHASSI |
Suspensão dianteira mola parabólica |
Suspensão traseira a ar |
Tanque de combustível duas unidades de 330 cilíndricos (um de cada lado) |
Pneus 295/80 |
Rodas 8.25 -22,5″ em aço (opção para alumínio) |
Sistema de freios de duplo circuito hidráulico (tambor) |
ABS e Retarder Opcionais |
Carga no eixo dianteiro 7.100kg |
Capacidade Técnica do boogie 19.000kg (10.500 8.500) |
PBT Técnico 26.100kg |