Transportadora idealizada pela Scania para ser modelo de frota moderna, e repassar os resultados para seus clientes, é um laboratório de transporte que opera com motoristas de ambos os sexos, diferentes idades e veículos diferenciados. Tudo em busca das melhores formas de operar para se obter mais eficiência na atividade
Por João Geraldo
Imagine uma transportadora criada por um fabricante de caminhões com a finalidade de entender as necessidades do transportador, avaliar o desempenho dos veículos em operação, aprimorar cada vez mais a operação de transporte e repassar para os seus clientes práticas que contribuam para aumentar a sua rentabilidade no negócio de transporte.
Essa empresa, chamada de Scania Transport Laboratory existe e foi idealizada em 2008 pela Scania, na Suécia, com o objetivo de ser um modelo de frota moderna. Para isso opera com 37 cavalos-mecânicos e 120 semirreboques, 20 caminhões de distribuição movidos a etanol e cinco ônibus urbanos que utilizam o mesmo tipo de combustível. Além de veículos produzidos pela Scania, o laboratório de transporte opera também com pesados das marcas concorrentes, como MAN, Mercedes-Benz e Volvo.
Os caminhões de longa distância fazem a rota da fábrica da Scania em Södertälje (na região metropolitana de Estocolmo) transportando componentes de veículos para a unidade de Zwolle, na Holanda. O laboratório de transporte emprega mais de 100 motoristas, sendo 50 deles para trechos de longa distância e 30 trabalham na distribuição, ônibus, entre outros que são motoristas de testes e coordenadores.
Tanto o grupo de motoristas de longa distância quanto o de distribuição contam também com dois coordenadores cada e mais três pessoas para cuidar do tráfego e cinco profissionais na administração.
Por questão estratégica, os profissionais têm diferentes idades, sendo que 20% são mulheres. Uma delas é Andrea Pedersen, 22 anos de idade e filha de motorista de caminhão, seu currículo consta três anos no colégio de transporte. Ela disse que na Suécia – onde é permitido começar a dirigir automóvel aos 16 anos – as carreteiras são mais respeitadas do que em outros países da União Europeia.
A jovem, que afirmou gostar muito da profissão, explicou que no primeiro ano se aprende a anatomia do caminhão e nos demais práticas de condução e outros itens inerentes ao setor de transporte rodoviário.
Os motoristas do laboratório de transporte dirigem oito horas e meia por turno de trabalho, podendo chegar ao máximo de 11 horas. Os locais de troca do profissional geralmente acontecem no mesmo local onde é feita também a manutenção dos veículos, quando necessária, no prazo máximo de três horas.
De acordo com a Scania, medidas como treinamento de motoristas, manutenção inteligente (por meio da conectividade) e o uso de combustíveis alternativos têm contribuído também com o meio ambiente. Técnicos da montadora esperam obter uma redução de até 50% nas emissões por tonelada transportada entre 2000 e 2020. Apesar de todos serem profissionais qualificados, o consumo de combustível varia.
Especificação correta do caminhão, manutenção, treinamento do motorista, além das novas tecnologias, também exercem grande influência num transporte mais eficiente. Defletores e ajustes aerodinâmicos nos caminhões, por exemplo, contribuem entre 2% e 4% na redução do consumo de diesel. Os platooning proporcionam ganhos de consumo entre 7% (o primeiro caminhão) e até 12% nos os demais do comboio.
A utilização de grandes composições (do tipo romeu-e-julieta) também é vista como um fator positivo, com redução de até 30% das emissões de dióxido de carbono, conforme avaliado em composições do Laboratório de Transportes. Aliás, na Suécia a Agência de Transportes concedeu, em 2014, autorização para circulação de combinações com até 31,5 metros de comprimento.
Porém, veículos desse porte não são liberado para circular em todos os países da Europa. Os caminhões do laboratório de transportes seguem até a fronteira da Suécia, depois a carga é dividida em dois para atender legislação fora do país. Hoje, existe a expectativa da aprovação da utilização de semirreboques mais longos também em outros países. Atualmente estão sendo realizados testes com combinações de 31,5m. Tudo para se ganhar eficiência no transporte e, por consequência, reduzir emissões.