Por Daniela Giopato

Apesar de estarem disponíveis às margens de certas rodovias, o atendimento de saúde, informações gerais e outros serviços oferecidos por empresas para os motoristas de caminhão, parecem não serem percebidos por boa parte dos profi ssionais, mesmo sendo gratuitos. A iniciativa ajuda a suprir a falta de tempo dos carreteiros para cuidar dos dentes, tomar vacinas, fazer exames médicos de rotina entre outros, já que normalmente são oferecidos na beira da estrada. Manuel Luciano Pires, 31 anos, oito de estrada, de João Ramalho, interior de São Paulo, nunca participou de nenhum programa realizado na estrada. “Já ouvi falar, mas na rota que faço, de São Paulo a Mato Grosso, nunca vi nenhum. Acho boa a iniciativa já que nos permite ter acesso a médicos, barbearia, sem sair da rota. Há pouca divulgação das coisas que são oferecidas pelas empresas nas rodovias do País, e como conseqüência nem todos os motoristas são beneficiados”, opina.

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Apesar de já ter ouvido falar sobre os programas de estrada, Manuel Luciano Pires garante que na rota São Paulo a Mato Grosso nunca viu

Ao contrário do colega, Adão Darci Oliveira de Campos, 47 anos, 27 de profi ssão, de Ibirituba/RS, já utilizou alguns dos serviços disponibilizados em postos de estrada e acha um excelente negócio para os motoristas. “Tudo o que vem para nos ajudar é muito bem vindo. A nossa classe está mal assistida e quase ninguém se preocupa com o nosso bem estar. Também tem o problema da falta de tempo que nos impede de procurar um médico, um dentista. Mas concordo que ainda existem poucas informações sobre os programas direcionados aos carreteiros. Nunca sei em que local e horário vão acontecer e aí acabo perdendo a oportunidade”, lamenta.

Há 14 anos na estrada, Paulo César Magerroski, de Caçador/SC, não tem conhecimento de nenhum serviço oferecido aos motoristas na estrada. “Para ser sincero, conheço apenas o atendimento do Sest Senat, no Terminal de Cargas de São Paulo, e alguns outros pontos fi xos de atendimento, que geralmente encontro em postos de serviços, mas essas campanhas na rodovia nunca vi. Nem ouvi falar. Mas é bom saber que existem, e que estão à nossa disposição, porém deveriam ser mais divulgados para que pudéssemos nos programar melhor”.

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Paulo César, que nunca ouviu falar dessas campanhas, garante que é bom saber que existem serviços à
disposição dos carreteiros

A falta de informação também é a principal queixa de Valderis Ferreira da Silva, Jupi/PE, 36 anos e seis de estrada. Ele faz a rota Recife, Salvador e São Paulo e diz que esse tipo de evento é pouco divulgado. Seria interessante se as empresas distribuíssem algum folheto com a data e o horário nos postos, praças de pedágio ou fi zessem mais propagandas para que pudéssemos nos programar e usar esses serviços, que são muito úteis para nós”. Enquanto isso, Valderis se presta do Sest/Senat. “Quando passo no terminal de cargas, aproveito para ir ao dentista e médico. Tive um problema de pele e me tratei aqui. Mas se tivesse acesso aos programas em outros locais seria uma maravilha, porque daria mais atenção a minha saúde”.

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Para Donizete da Silva, os programas oferecidosnas estradas são uma boa solução para os carreteiros

Assim como Valderis, o autônomo Donizete da Silva, de Campo Grande/ MT, 43 anos, 10 na profissão, também utiliza os serviços oferecidos no Sest Senat, mas afirma que apesar de serem ótimo eles não são exclusivos para os carreteiros, o que torna difícil a utilização. “O dentista é o mais procurado, eu mesmo já realizei uma obturação, mas até hoje não consegui retornar, porque é difícil conseguir horário. Eles trabalham com hora marcada e como vou agendar se não sei quando vou estar no local novamente”? Donizete afi rma que os programas oferecidos nas estradas são uma boa solução para os carreteiros. “Melhor ainda se eles fossem divulgados, pois teríamos como nos programar”.

Entidade do Transporte

O Sest e o Senat (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) foram criados em 1993 pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e hoje atendem trabalhadores de 40 mil empresas e 500 mil autônomos do transporte rodoviário brasileiro. O objetivo da entidade é contribuir para a melhoria dos padrões de vida do trabalhador em transporte, do autônomo e de seus dependentes. As 56 unidades de estrada desenvolvem serviços de apoio nas rodovias na tentativa de reduzir as difi culdades enfrentadas por tais profi ssionais que se encontram em deslocamento permanente através da extensa malha rodoviária do País, às vezes em condições adversas de trabalho.

Em relação às queixas de alguns carreteiros de que os serviços oferecidos não são apenas para os profi ssionais, o gerente da unidade Fernão Dias, Agostinho Pinto de Almeida, explica que o Sest Senat tem como meta abranger também os demais trabalhadores de transporte, suas famílias e a comunidade local. “Aqui no Terminal de Cargas, onde atendemos um número expressivo de autônomo, disponibilizamos três vagas a esses profi ssionais no período da manhã e a tarde. Porém, alguns chegam ao local e, ao invés de virem à recepção e agendar o horário, vão fazer outras coisas e só no fi nal do dia aparecem e querem ser atendidos. A consulta marcada é importante no caso de alguns tratamentos que exigem mais tempo”, justifi ca. A unidade atende por dia cerca de 100 pessoas e os procedimentos mais realizados são extração, limpeza e restauração de dentes (DG).