Lançado em julho de 2012, o programa “Descarte Consciente Abrafiltros” de logística reversa da Associação Brasileira das Empresas de Filtros, atingiu até outubro de 2014 a marca de um milhão de quilos reciclados, o equivalente a mais de 2,5 milhões de filtros de óleo lubrificante automotivo processados e destinados de maneira ambientalmente correta. O resultado vai de encontro com o objetivo proposto pelas Secretarias do Meio Ambiente de evitar a destinação de resíduos e rejeitos a aterros sanitários, através da resolução SMA 038, de 02 de agosto de 2011.
O programa opera atualmente nos Estados de São Paulo (em 25 municípios) e no Paraná (20 municípios) somando mil pontos de coleta, com destaque para postos de combustíveis. Em termos de Brasil, a Abrafiltros vê com bons olhos a expansão do programa, mas com os pés no chão por conta dos altos custos e a necessidade de logística especializada terceirizada. De acordo com o presidente da Abrafiltros, João Moura, o programa deve encerrar 2014 com mais de R$ 3 milhões investidos pelas empresas associadas, além da previsão de mais R$ 7 milhões no período de 2015 a 2018.
Ele explica que a logística reversa pós-consumo dos filtros do óleo lubrificante automotivo é um processo de alto custo pelo fato de os filtros serem classificados como resíduo perigoso classe I, conforme a norma ABNT – NBR 10.004. Isso significa a necessidade de armazenamento, transporte em caminhões especiais e processamento adequado, além de não haver retorno direto ou qualquer tipo de aproveitamento de resíduos pela cadeia produtiva.
De acordo com Moura, as 15 empresas participantes do programa entendem a importância da logística reversa para o meio ambiente e o futuro do planeta, e que todos os integrantes da cadeia têm responsabilidades a cumprir para que os resultados sejam cada vez mais expressivos e benéficos. “É preciso ter em mente que a logística reversa está ainda no estágio inicial no País. Mais cedo ou mais tarde as 27 unidades federativas estarão envolvidas no sistema, resultando na necessidade de investimentos expressivos e havendo muitas questões a trabalhar, como formas de processamento dos resíduos, logística, a necessidade de mais empresas capacitadas para coleta e processamento”, afirma.
O presidente da Abrafiltros acrescenta que é necessário os órgãos governamentais aprimorarem as políticas de conscientização e fiscalização, de forma que a responsabilidade pela logística reversa seja aplicada a todos os integrantes da cadeia, e não apenas a uma parcela, que também passa a ser cada vez mais exigida em termos de resultados, sob pena de comprometer o desenvolvimento do programa”, conclui. (DG).
Coleta proporcional
O programa “Descarte Consciente Abrafiltros”, que está ainda na fase piloto, embora esteja em atividade há mais de dois anos, está baseado no conceito de marca própria, isto é, cada empresa participa da coleta compartilhada proporcionalmente e de maneira gradativa aos filtros que ela coloca no mercado. Conforme explica João Moura, “é por isso que podem participar do programa fabricantes, importadores. Distribuidores, revendedores, montadoras e todos aqueles envolvidos na comercialização dos filtros no Brasil”.
As 15 empresas participantes do programa são Affinia Automotiva Ltda; Cummins Filtration do Brasil; Donaldson do Brasil Equipamentos Industriais Ltda.; General Motors do Brasil Ltda.; Hengst Indústria de Filtros Ltda.; KSPG Automotive Brazil Ltda.; Magneti Marelli Cofap Fábrica de Peças Ltda.; Mahle Metal Leve S.A.; Mann Hummel do Brasil Ltda.; Parker Hannifin Indústria e Comércio Ltda.; Poli Filtro Ind. e Comércio de Peças para Autos Ltda.; Scania Latin America Ltda.; Sofape S/A / Tecfil; Sogefi Filtration do Brasil Ltda. / Fram; e Wega Motors Ltda.
Por meio das Resoluções CONAMA 273/00 e 362/05, o governo federal proíbe a destinação inadequada pelos geradores e a comercialização pelos catadores e sucateiros por causa do alto risco de poluição ambiental e graves danos à saúde da população, o que pode ocasionar multas até o fechamento do estabelecimento.