Montadora inaugura campo de provas e passa a ter mais agilidade no desenvolvimento de caminhões e ônibus das marcas MAN e Volkswagen. Modelo leve 6X2 automatizado é um dos produtos em testes

Por João Geraldo

A MAN Latin America acaba de concluir um projeto de grande importância para reduzir o tempo necessário para o desenvolvimento de seus veículos comerciais: um campo de provas. Construído em terreno dentro da fábrica, em Resende/RJ, ter pista de teste própria era um “sonho de 20 anos da montadora”, conforme disse o CEO da companhia Roberto Cortês, durante a apresentação do empreendimento.

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Com área total de 35.500m2 (equivalente a quatro campos de futebol), a pista de testes da MAN conta com 19 tipos de pavimentos que possibilitam a realização de 26 tipos de rodagem. Isso permite a reprodução da realidade das diversas condições de tráfego em que os veículos poderão enfrentar durante a vida útil.

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Com pista de 900 metros de extensão, o campo de provas recebeu certificação internacional e atende plenamente ao desenvolvimento de veículos comerciais que suportem climas e condições que o veículo precisar rodar em qualquer parte do planeta.

“Neste campo de provas conseguimos desenvolver produtos para serem eficientes nas mais diversas situações de operação”, comentou o diretor de engenharia e planejamento de produto, Leandro Siqueira. O piso das diferentes pistas é projetado para suportar até 18 toneladas por eixo e o complexo conta também com uma pista para detectar ruídos. É a única pista da América Latina para esse fim”, acrescentou.

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Modelo para 13 toneladas de PBT, com caixa de câmbio automatizada, tem dirigibilidade semelhante à de um automóvel de passeio. Lançamento ainda não tem data definida

As vantagens em ter um campo de provas próprio, para o desenvolvimento de seus produtos justificam os 9,5 milhões de reais investidos pela MAN Latin America no projeto. As diferentes condições de rodagem, por exemplo, permitem que a cada um quilômetro na pista de teste equivale a 50 na estrada.

O diretor de engenharia acrescenta outras vantagens técnicas. De acordo com ele, em 15 mil quilômetros rodados nas pistas do campo de provas é possível simular com precisão o equivalente a 400 mil quilômetros na cidade e mais de um milhão e 200 mil quilômetros em rodovias. “Podemos dizer que agora conseguimos fazer em três meses, e com precisão, um trabalho que poderíamos demorar até 10 anos se fosse algum tempo atrás”, concluiu Siqueira, que conta com equipe de 600 engenheiros.

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Campo de provas tem 19 pavimentos que permitem simular a realidade em 26 tipos de rodagem

Os fabricantes de veículos comerciais, mesmo aqueles que têm campo de provas próprio no Brasil (caso também da Ford e Iveco), tem como praxe ceder produtos em fase de desenvolvimento para clientes utilizá-los, muito antes de serem lançados. Operando em condições reais por vários meses, os transportadores opinam e assim dão sua contribuição no processo de ajustes do produto.

Atualmente um dos produtos da MAN Latin America nas mãos de cliente é um protótipo leve do Delivery com terceiro eixo. Denominado de VW Delivery 13.160, uma unidade do veículo encontra-se há vários meses em operação na empresa Martins Atacadista, de Uberlândia/MG.

O modelo, projetado para 13 toneladas de PBT, que tem como  um  de seus diferenciais a transmissão automatizada, é um entre mais de 100 da montadora que rodam em testes em todo o País. De certo modo, o 13.160 é uma novidade para o segmento de caminhões leves. A caixa definida para o veículo é a ZF 6AS 1010 BO – V Tronic de seis velocidades.

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Dirigir na pista de teste um protótipo disponibilizado pela engenharia da MAN, permitiu uma avaliação prévia sobre o que o veículo poderá oferecer em termos de desempenho e conforto. A transmissão, por exemplo, demonstrou estar bem ajustada ao motor Cummins ISF de 4 cilindros em linha, 3.8 litros, 160cv de potência a 2.600rpm e 600Nm na faixa de 1.200 a 1.600rpm. Potência de sobra para um caminhão desta categoria. O eixo traseiro tem relação 4,30:1.

A dirigibilidade é muito semelhante à um automóvel, tanto pelo porte quanto pelas características de direção. As marchas são automaticamente engatadas sem o mínimo tranco no veículo. O interior da cabine é simples; o painel de instrumentos oferece funções básicas necessárias a um veículo de carga e o volante não conta com qualquer regulagem.

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Estima-se hoje que o Delivery 13.160 deverá chegar ao mercado com preço sugerido na faixa entre 160 a 170 mil reais. Boa parte do valor – considerado alto para um veículo leve – se deve à transmissão automatizada, que em contrapartida oferece um pacote de vantagens, como economia de combustível, de embreagem e mais segurança e conforto para o motorista. “Num caminhão maior é mais fácil diluir esse custo, mas num veículo deste porte é mais difícill”, disse um dos engenheiros da companhia.

O modelo não tem ainda data definida para chegar ao mercado, talvez no segundo semestre de 2018, mas são apenas expectativas, conforme adiantou Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, pós-vendas e marketing da MAN Latin America.

O veículo em teste no cliente está respondendo bem à operação. Alouche encontra-se otimista, já que a automatização é um caminho sem volta. De acordo com ele, a linha Delivery representa 30% das vendas da companhia e expectativa é de crescimento com a chegada do novo modelo.