Por João Geraldo
A Mercedes-Benz aproveitou o momento de atualização da motorização de seus veículos comerciais, com vistas ao cumprimento da nova fase da legislação brasileira de emissões – que entra em vigor a partir de janeiro de 2012 – e estendeu as mudanças para a parte interna e externa da cabine, além de padronizar visualmente todos os modelos da linha 2012. Desde a sua instalação no Brasil, há 55 anos, esta é a primeira vez que a montadora muda de uma só vez toda sua linha de produtos fabricada no País.
Joachim Maier, vice-presidente de vendas da Mercedes-Benz do Brasil, destacou que um grupo de engenheiros e técnicos, formado por mais de 500 profissionais, esteve envolvido durante mais de três anos na preparação dos motores com a nova tecnologia, formada pelo OM 651 LA e OM 924 LA de quatro cilindros e OM 926 LA, OM 457 LA e OM 501 LA, de seis, além do desenvolvimento da linha de caminhões 2012.
O executivo lembra que a motorização da linha 2012 está preparada para reduzir em 80% as emissões de Material Particulado (MP) e de 60% nas emissões de Óxidos de Nitrogênio (NOx), em relação à legislação atual. Acrescenta que os motores não se limitam apenas a atender o Proconve P-7, mas também oferecem menor consumo de combustível e entregam mais potência e torque. Porém, os veículos sofreram um aumento de preço entre seis e 10%, dependendo do modelo, devido à tecnologia de redução de emissões.
O ponto de partida para as mudanças da linha de caminhões 2012 foi a necessidade da introdução da nova motorização para atender o programa brasileiro de meio ambiente, o Proconve P-7, equivalente ao Euro 5. Porém, a preocupação da montadora em apresentar mudanças e melhorias nos produtos está centrada também na recuperação da liderança de mercado, a qual deteve até alguns anos atrás. As ações da montadora incluem também o início da produção do pesadão Actros no País, com a inauguração da unidade industrial em Juiz de Fora/MG, onde também serão montados os leves da linha Accelo, produzidos atualmente na fábrica de São Bernardo do Campo/SP.
Para começar a falar das novidades da Mercedes-Benz, por mérito devido ao tempo de mercado vale citar em primeiro lugar o “novo L-1620”. Equipado com motor de seis cilindros e 240cv, o “veterano das estradas” foi rebatizado de Atron 2324 6X2 e ganhou uma nova grade frontal que lhe conferiu uma imagem mais robusta e também o identifica com os demais caminhões da marca. Eustáquio Siroli, gerente de marketing de caminhões, explica que além da nova frente, que deixou o veículo mais robusto, todo o interior da cabine foi mudado, ganhou novo volante, computador de bordo e vários itens. “Esse caminhão tem muitos fãs no mercado brasileiro, por isso tem de continuar sendo oferecido aos transportadores”, concluiu.
Outros dois modelos bicudos que também integram o portfólio de caminhões Mercedes-Benz são o Atron 1319 (motor de quatro cilindros e 190cv) e o cavalo-mecânico Atron 1635 4X2, indicado para o transporte de carga em médias e longas distâncias. Outro modelo Atron é o 2729 6X4 (com cabine avançada), indicado para aplicações severas em terrenos fora-de-estrada, betoneiras e basculante e plataforma configurada para os setores canavieiro e madeireiro.
Os caminhões com cabine convencional já foram os preferidos dos transportadores brasileiros, com destaque para o L-1620 que já ocupou o posto de mais vendido do País. Assim como outros modelos com capô sobre o motor, o sucesso de vendas da Mercedes-Benz perdeu mercado devido a preferência dos transportadores por veículos de carga com cabine avançada. Tânia Silvestri, diretora de vendas e marketing da montadora, diz que o modelo rende ainda bons números de vendas para a montadora, um volume em torno de 6.000 unidades/ano. “Não podíamos tirar de produção um caminhão que tem ainda a preferência de muitos transportadores, com destaque para autônomos de várias partes do País. Se alguém vai tirá-lo de linha um dia será o próprio mercado”, justifica.
Um veterano que deixa de ser produzido é o 712 C, conhecido como Mercedinho. Seu espaço na linha leve será absorvido pelo modelo Accelo, produto já conhecido dos transportadores e que surge totalmente reformulado na linha 2012, para atender a faixa de transporte de oito a 10 toneladas de PBT, com as versões 815 e 1016, respectivamente. Entre as novidades do modelo constam 36% a mais de potência no motor de 4,8 litros e quatro cilindros e mais opções de entreeixos. Um destaque é a possibilidade de receber um terceiro eixo e carroceria de oito metros.
O Atego, por sua vez, equipado com motores OM 924 LA e OM 926 LA, de 185 a 286cv, oferece quatro opções de cabine e três de entreeixos. Uma das providências da Mercedes-Benz para o modelo 2012 foi deixá-lo com uma cara mais robusta e estradeira. Tânia Silvestri diz que a versão rodoviária foi totalmente modificada, inclusive no design externo. “O Atego urbano também mudou bastante, teve todo o interior renovado, novo painel e ganhou econômetro (indicador de consumo de combustível)”.
O Axor 2012 também passou por mudanças internas e externas na cabine e oferece como itens de série na versão 2644 transmissão automatizada – sem embreagem -, ar condicionado e trio elétrico. O Actros, modelo extrapesado que serviu de base para a criação da identidade visual de todos os modelos Mercedes-Benz 2012, começa a ser produzido no Brasil em janeiro próximo com 25% de índice de nacionalização. De acordo com o presidente da montadora no Brasil, Jürger Ziegler, o índice subirá para 40% em 2013 e chegará aos 60% no ano seguinte. O Accelo também será produzido na fábrica de Juiz de Fora, com produção plena de 15 mil unidades somados os dois modelos. “Não estamos apenas modernizando, atualizando e melhorando os nossos produtos. Muito além disso, uma nova Mercedes-Benz está surgindo, ainda mais forte e competitiva. Inauguramos, de forma marcante, uma nova era para nossa empresa”, concluiu Ziegler.