Por João Geraldo

Idealizada para ser uma das principais rotas entre Brasília/DF e o Rio de Janeiro/RJ, a BR-040 se destaca atualmente como uma das mais importantes rodovias do País. Em seu percurso com pouco mais de mil quilômetros de extensão, a ligação entre as duas capitais é formada por diferentes estradas – construídas e inauguradas em diferentes épocas.

O trecho com maior apelo histórico e também rico de paisagens, se concentra entre as cidades de Belo Horizonte/MG e Rio de Janeiro/RJ, passando por 18 municípios, sendo 12 deles no Estado de Minas. Denominada como BR-3 até o ano de 1964, trata-se de uma rota sinuosa com cerca de 400 quilômetros entre montanhas e enriquecidos por paisagens formadas por belezas naturais e por povoados plantados às suas margens. O motorista empregado Aparecido de Souza percorre a BR 040 há anos e tem opinião bem definida em relação ao trecho da BR -040 entre Belo Horizonte e Rio de janeiro. “Esta estrada tem muito ainda para ser melhorada”, citando a falta de socorro mecânico.

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Trechos de rodovia com pista simples e mão dupla de direção, além da inexistência de acostamento, são parte da realidade da BR-040 na ligação entre Belo Horizonte e o Rio de Janeiro

O trecho entre Juiz de Fora/MS e Petrópolis/RJ, tido como a primeira rodovia do País, inaugurada em 1.861 e chamada à época de Estrada da União e da Indústria. As obras para torná-la mais moderna tiveram início em 1975 e foram concluídas em junho de 1980, com percurso de 138 quilômetros entre as duas cidades, todo em pista dupla, cortando uma região montanhosa. Já o trecho entre Petrópolis e a cidade do Rio de Janeiro foi inaugurado em 1928 pelo então presidente da república, Washington Luiz, que ficou conhecido por ter construído várias estradas em seu mandato de 1926 a 1930. Já o trecho entre Petrópolis e Brasília recebeu em 2009 o nome de Rodovia Presidente Juscelino Kubitscheck, embora seja chamada também de Rodovia Rio-Brasília e com extensão de 1.178,7 quilômetros.

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Cláudio Viana Guedes cita que acontecem muitos acidentes na rodovia, mas credita as ocorrências aos abusos praticados pelos motoristas e considera o valor do pedágio alto na estrada

As montanhas da região no Estado mineiro são fontes de minério de ferro exploradas por mineradoras que empregam frotas de veículos pesados e, por consequência, o aumento de tráfego na rodovia. Apesar de suas características e do tráfego incessante de caminhões, o trecho entre os dois Estados conta ainda com vários quilômetros de pista simples com mão dupla de direção, embora seja administrada por uma concessionária de rodovia desde 1996 e por conta disso não faltam os postos de pedágio. “Em minha opinião esta rodovia é segura, a pista é boa e tem placas indicando os limites de velocidade”, diz o motorista empregado Cláudio Viana Guedes, há 20 anos na profissão. Perguntado se vê muitos acidentes na estrada, ele afirma que sim, porem acredita que acontecem porque as pessoas abusam. Em relação aos postos pedágio, pensa que os valores poderiam baixar um pouco o preço.

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O carreteiro Aparecido de Souza percorre há anos o trecho entre Minas e Rio e tem opinião de que a estrada tem ainda muita coisa parar ser melhorada, inclusive o atendimento de socorro mecânico.

Na realidade, a antiga BR-3 é uma movimentada rota de caminhões e também o mais perigoso de toda a extensão do que hoje é conhecido como BR-040. Um dos pontos mais famosos é o Viaduto das Almas, inaugurado em 1957 e desativado em 2006. Embora não receba mais tráfego de veículos, a obra – construída em curva e desafiadora – ainda continua em pé e preservada. Cerca de 200 pessoas perderam a vida em acidentes rodoviários durante os 49 anos que serviu de travessia. “É uma estrada antiga, onde acontecem muitos acidentes. Os veículos melhoraram, se modernizaram, mas a estrada não. No trecho entre Lafaiete (município de Engenheiro Lafaiete) e Congonhas tem muito buraco”, disse Agnaldo Barros, motorista autônomo há 36 anos. Agnaldo passa pela rodovia ao menos três vezes por semana com seu caminhão trucado no qual carrega todo tipo de carga.

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O cenário das montanhas de Minas e da Serra da Mantiqueira, que compõem parte da história do Brasil colonial, a estrada Real, cidades históricas de Minas e a movimentação rodoviária dos dias de hoje, despertou atenção do sueco Roger Alm, presidente do Grupo Volvo America Latina, para cruzar o trecho de caminhão. Suas andanças por regiões do Brasil dentro de uma cabine já o levaram a cruzar rodovias dos Estados de Goiás, Mato Grosso, Ceará e Rio Grande do Norte.

Suas viagens pelas estradas passam pelo interesse de conversar com os motoristas de caminhão e também com os clientes da marca para conhecer um pouquinho mais como é a vida desses trabalhadores e as condições de segurança dos envolvidos com o transporte rodoviário de cargas, a frota e também a situação das rodovias brasileiras, as quais, em sua opinião, poderiam ser melhores. “É bom poder ouvi-los dizer como operam os caminhões, quais são suas experiências, seus desejos e necessidades”, disse o executivo.

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Usuário da rodovia três vezes por semana, o autônomo Agnaldo Barros comenta haver muitos buracos no trecho entre Engenheiro Lafaiete e Congonhas. Diz que a estrada não melhorou como os caminhões

Para enfrentar a BR -040 a bordo da cabine de um caminhão, o executivo escolheu um Volvo FH16 8X4, com motor de 750cv de potência. Além de sua imponência pelo porte e todos os itens de segurança disponibilizados pela marca, o FH 16 é equipado com a nova cabine que a Volvo já comercializa na Europa desde o final de 2012, porém ainda novidade no Brasil. Como era esperado, a passagem de um caminhão com tais características causou grande movimentação de profissionais ligados ao transporte rodoviário e também de outras pessoas, todos atraídos pela imponência do veículo.

Antes de iniciar a viagem em Belo Horizonte, Roger Alm visitou a Vitran Transportes, empresa com 30 anos de atividades e frota de 180 caminhões, dos quais 150 são da marca Volvo. Os modelos FH operam em médias e longas distâncias no transporte de granéis sólidos e carga principal – minério de ferro – é transportada pela frota de FMs para a Vale, Gerdau, VSB (Vallourec e Sumitomo), Holcim Brasil, Extrativa, Mineral e Arcelor Mittal, entre outras. Os modelos VM da Vitran operam das mineradoras, na movimentação e material, caminhões pipa e basculantes 6X4. Quando o Volvo FH 750 parou na frente da empresa causou grande furor em todos os empregados da administração, motoristas e até mesmo em um dos proprietários da empresa, Francisco Maia, conhecido na região como Chico.

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Rodovia tem bela paisagem natural às suas margens, incluindo montanhas das quais mineradoras extraem minério de ferro, atividade que aumenta o movimento de caminhões no trecho

Outra parada de Alm aconteceu na Herculano Mineração (do Grupo Herculano) especializada na extração de minério de ferro e de manganês. A empresa trabalha com a Transcoaço, a qual possui em sua frota de 230 unidades também veículo Volvo dos modelos NH 380 4X2, FH 400 6X2, FH 440 6X2 e FM 420 8X2, sendo que estes últimos operam 24 horas sem parar transportando 38 toneladas brutas por viagem. Os demais operam no transporte rodoviário levando minério de ferro beneficiado para as siderúrgicas. A mineradora movimenta um milhão de toneladas de cargas/mês. Vale, Gerdau (Aço Minas) e Usiminas são os principais clientes da mineradora.

Renato Herculano, gerente geral da empresa é adepto da marca Volvo, tanto é que tem um modelo ano 1999, o qual somente ele e um dos seus funcionário podem dirigir. Hoje, com motor repotenciado para 600cv, acabamento interno, pintura e suspensão personalizados, entre outros itens exclusivos, o veículo é um brinquedo de luxo, mas segundo Renato, antes de ser modificado ele rodou mais de um milhão de quilômetros puxando carga na mineradora.

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Em várias paradas durante a viagem, o presidente da Volvo se dispôs a conversar como motoristas de caminhão sobre assuntos ligados ao transporte rodoviário de cargas e a segurança das estradas

De volta à estrada, a próxima parada do presidente da Volvo foi num dos locais mais conhecidos para se comer na BR-040, o Restaurante da Celinha, no km 583, Ribeirão de Eixo, município de Itabirito, comida tipicamente mineira. A recepção ficou por conta do grupo de carreteiros que aguardava para ver de perto o FH com motor de 16 litros e 750cv de potência. Desde a manhã notícia já havia se espalhado pela BR 040 via rádio PX, telefone celular e também devido a uma chamada dada por pelo jornalista e radialista Pedro Trucão em seu programa matinal.

A próxima parada – e local de pernoite na cabine do caminhão – foi no pátio do Posto Graal, no km 771,9 em Juiz de Fora, onde na madrugada o executivo acordou para participar – junto com um grupo de motoristas – do programa de rádio comandado pelo jornalista e radialista Pedro Trucão. O último trecho da viagem, com destino à cidade do Rio de Janeiro, e também um dos mais bonitos e sinuosos do trajeto, tem boa parte descendo a Serra de Petrópolis, já no Estado do Rio. A jornada terminou na concessionária Volvo Treviso, na Avenida Brasil, em Duque de Caxias/RJ, com uma recepção ao presidente e ao FH 16 750 preparada pelos dirigentes e funcionários da casa. “Gosto bastante desta experiência na estrada e de ter contato com os nossos clientes e com os motorisas. Todas as informações que obtenho desses profissionais eu levo para a fábrica, porque elas no ajudam a aprimorar cada vez mais nossos produtos, para podermos atendê-los cada vez melhor”, concluiu.