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Revista O Carreteiro – Como você está vendo este momento pelo qual passa o País e especificamente o segmento de caminhões, que pelas previsões este ano deve emplacar bem menos unidades novas em relação às quase 138 mil obtidas durante 2014? 

Roberto Leoncini – Temos de ver o lado positivo dentro do momento que passamos e do que está acontecendo. Está ficando muito claro para todo mundo qual é a direção econômica do governo. Vai ter o ajuste fiscal e isso vai reduzir o subsídio. O que eu sempre pedi e venho falando constantemente é que não importa de quanto seja a taxa de juros, o transportador tem de ter previsibilidade. Ele tem de saber que a taxa de hoje será a mesma de amanhã. Dessa forma o empresário consegue se planejar.

Revista O Carreteiro – Tem cliente esperando uma possível volta dos juros mais baixos?

Roberto Leoncini – Sim, tem clientes que me ligam e perguntam se eu acho que o governo vai voltar atrás na questão dos juros. Eu digo que não, porque o governo não tem dinheiro. O empresário tem de se adequar a essa nova realidade de Finame de taxas de 12,5, 13%, dependendo do tamanho do cliente, entre Finame e complementação do financiamento. É caro, mas é a realidade do País, e não é por isso que vai parar de se vender caminhão, pois a geração de carga continua. Alguém sempre está transportando alguma coisa para algum lugar.

Revista O Carreteiro – Você diria que o caminho para o transportador é se adequar a essa nova realidade da economia do País? 

Roberto Leoncini – Eu acho que tem de acabar a expectativa de que o governo vai voltar a subsidiar, porque isso não vai acontecer. Estamos em momento de mudança da política econômica, e estão colocando em dúvida politicamente a estabilidade do novo governo. Então, tudo isso tem levado transportadores a esperar.

Revista O Carreteiro – E os outros clientes que não estão esperando para tomar decisões. Qual a postura deles? 

Roberto Leoncini – Esses estão aproveitando a situação, ampliando suas operações e indo buscar mais eficiência. Tem muitos transportadores se mexendo e dando continuidade aos seus planos de expansão, de investimento, porém, adequados à nova realidade de custos de financiamento.

Revista O Carreteiro – Além de procurar trazer seus custos para a realidade atual, o que mais o empresário de transporte pode fazer? 

Roberto Leoncini – O empresário de transporte deve ter uma reinvindicação clara: se aumentou o custo no financiamento e também da operação, neste caso em razão do preço do diesel, que estava congelado, aí ele tem de negociar com o embarcador e esse, por sua vez, tem de botar isso na cadeia de preço dele e repassar. É assim que funciona. Só que essa cadeia fica contaminada pela expectativa de que alguém vai pagar a conta ou parte dela.

Revista O Carreteiro – Essa fase da economia ajuda a mostrar diferença entre os empresários do setor de transporte mais e menos comprometidos com o negócio em que atuam? 

Roberto Leoncini – Estamos naquele momento em que será diferenciado quem é o empresário de transporte e quem estava no setor pela oportunidade de financiar o caminhão ou de prestar um tipo de serviço que havia achado interessante. Mas a logística está ficando mais refinada, agora que a taxa maior de juros é de até 13%, o transportador começa a fazer mais contas.

Revista O Carreteiro – Qual a expectativa em relação ao transportador que faz a lição de casa para renovação de sua frota? 

Roberto Leoncini – Acho que ele não vai ficar com o caminhão antigo, porque esse transportador está acostumado a operar com caminhões com a idade média de três, cinco e seis anos. Ele sabe que se prolongar muito a vida do veículo, e não se adequar, vai começar a fazer manutenção e o custo dele pode ficar maior ainda. Então, ele vai renovar. Como eu disse, tem de acabar essa expectativa de que o governo vai voltar a subsidiar. Isso não vai acontecer. Estamos passando por um processo, mas depois vamos tomar um caminho normal. A grande dúvida agora é saber quanto tempo vai demorar ainda esse processo.

Revista O Carreteiro – E como está sendo esse processo para a Mercedes-Benz em relação ao negócio de caminhões? 

Roberto Leoncini – A Mercedes-Benz está aproveitando esse momento para ampliar a oferta de serviço. Estamos escutando o cliente para saber o que ele deseja, porque temos muita coisa para oferecer. Temos o FleetBoard, o Alliance Trucks Parts e estamos estudando o que podemos fazer a mais em termos de pacotes de serviços. Isso porque se o transportador vai rodar mais com a mesma frota ele terá de fazer manutenção.

Revista O Carreteiro – Dá para afirmar que é um bom momento para o transportador adquirir itens do Alliance Trucks Parts, a segunda marca da Mercedes-Benz com preços mais em conta?

Roberto Leoncini – Vamos aumentar a oferta do Alliance Parts isso é redução de custo operacional, principalmente para veículos mais antigos. Hoje temos 50 itens e pretendemos aumentar a oferta para 250 ou 260 itens até o final do ano. Eu quero ir até o cliente e levar boas notícias para ele e ajudá-lo, porque já passamos da fase de terapia e não adianta chorarmos juntos.

Revista O Carreteiro – Resumindo, o negócio é buscar mais eficiência? 

Roberto Leoncini – Sim. Nesse momento é importante ganhar eficiência, rodar por mais tempo sem parar gastando o mínimo possível. É isso, redução de custo operacional é o nome do jogo. E o transportador que for conversar com o concessionário Mercedes-Benz vai sair de lá com ao menos uma oferta que vai ajudá-lo no dia a dia. É isso que temos de fazer