Por João Geraldo
Roger Alm, um sueco de 49 anos de idade, viveu um dia diferente longe da sua rotina diária na presidência da Volvo do Brasil, ao aceitar a proposta do jornalista Pedro Trucão para fazer uma viagem de caminhão em trecho de rodovia na região Centro-Oeste do País. Convite aceito, o executivo botou “o pé na estrada”, numa rota de pouco mais de 200 quilômetros pela BR-153, entre a capital goiana e a cidade de Itumbiara, na divisa dos Estados de Minas Gerais e Goiás.
Para estradeiros acostumados a rodar diariamente centenas de quilômetros, o trecho percorrido pelo presidente da montadora não dá nem para esquentar o banco do caminhão, porém, mais importante que a distância foi a disposição do executivo de ir para a estrada e conversar com os motoristas para conhecer um pouco mais os carreteiros, sua atividade, desejos e os problemas enfrentados no dia a dia na profissão.
O contato de Alm com os profissionais da estrada aconteceu em três diferentes momentos durante a viagem: no Posto Aparecidão, em Aparecida de Goiás; Posto Alvorada, em Goiatuba, e no Posto Décio Araporã/MG, este localizado a cerca de 500 metros da divisa com Goiás. Foi também no pátio deste posto que ele enfrentou a noite fria na cabine de um Volvo FH 480 com cabine L2H3 XL, cuja altura entre o piso e o teto é 2,89m, com bancos giratórios, cama dupla, TV de LCD e DVD. De todos os itens de conforto oferecidos pelo modelo, o mais utilizado pelo executivo foi a cama, na qual ele se acomodou por volta das 22h00 e se levantou às 5h00 da manhã, como um verdadeiro estradeiro.
“É muito importante o presidente de uma grande montadora vir para a estrada e conversar com os motoristas para conhecer nossos problemas e o nosso ponto de vista sobre várias coisas que afetam nossa atividade”, disse o carreteiro Magno Júnio Ferreira, de Capão Bonito/SP e 25 anos de idade. Na ocasião, ele esperava conseguir uma carga para São Paulo em agência no Posto Aparecidão. “Nossa profissão é muito dura e muita gente pensa que é só subir no caminhão e pegar a estrada.
Mas não é bem assim, e o presidente da Volvo pode ver isso de perto”, concluiu. Em seu primeiro encontro com um grupo de carreteiros, a maioria autônomos, o assunto levantado pelos estradeiros girou em torno da falta de rodovias, de financiamentos com menores custos para autônomos e treinamento para motoristas. Empolgado com a simplicidade dos carreteiros, Roger Alm quis saber informações detalhadas sobre a atividade do motorista, coisas como quantos quilômetros rodavam em média por dia, a situação das estradas, das cargas e dos valores de frete, pedágios e excesso de horas na direção. O executivo ouviu atenciosamente todas as exposições dos motoristas.
“Estou há 35 anos na profissão e nunca ouvi dizer que um presidente de montadora tenha saído de sua sala e ido para a estrada conversar com motoristas de caminhão em um posto de serviço. Ele abriu espaço para a gente falar”, disse Manoel Macário da Silva, de São Bernardo do Campo/SP, dono de um caminhão semipesado. Valter de Paula, 46 anos de idade, disse, por sua vez, não acreditar que exista no Brasil motorista de caminhão em atividade que rode apenas oito horas por dia. Citou também que está na profissão desde 1990 e trabalha com um caminhão semipesado baú rodando por todas as partes do Brasil e com diversos tipo de carga.
Outro estradeiro, entre vários, que conversou com o presidente da Volvo foi o paulista de Americana, Pedro Luiz Boaretto, 59 anos de idade e mais de 30 como carreteiro. Na ocasião, ele disse que estava parado no posto havia quatro dias tentando conseguir uma carga. No seu caso, conforme explicou, é mais difícil ainda contratar um frete porque seu Mercedes-Benz 1113, fabricado em 1977, tem capacidade para 12 toneladas de PBT. “Está difícil, porque só aparecem cargas para caminhões que carregam mais de 14 toneladas, por isso tenho de esperar um pouco mais”, lamentou. Apesar de sua situação ser difícil, ficou muito satisfeito com a atenção dispensada pelo executivo aos carreteiros. “É a primeira vez que a gente vê uma montadora fazer isso. Acho que agora ele conhece um pouco do nosso dia a dia”, avaliou.
Para Roger Alm, conversar com os motoristas e ouvir a opinião deles é importante, porque ajuda a empresa a melhorar os produtos. “Afinal, são eles que vivem na estrada, o caminhão é a casa deles, por isso precisamos oferecer uma casa segura e confortável para transportarem as mercadorias”, disse o presidente.
Para Pedro Trucão, idealizador da viagem, o trecho percorrido não retrata a realidade da maioria das estradas do País, as quais não oferecem as mesmas condições da BR-153, porém a experiência foi bastante proveitosa, porque colocou o dirigente de uma grande montadora frente a frente com os motoristas de caminhão. “Espero que esta iniciativa, inédita entre as montadoras de caminhões, sirva para motivar outros executivos a irem para a estrada e conhecer de perto a realidade do dia a dia dos profissionais da estrada”, concluiu Trucão, lembrando que durante as paradas houve motoristas que num primeiro momento não acreditavam que estavam diante do presidente da Volvo do Brasil. Durante a viagem, Roger Alm contou com apoio de Vânio Albino, instrutor de treinamento da montadora.
A CASA DO MOTORISTA
O caminhão é a casa do motorista na estrada, mas quando ele para também precisa de um lugar tranquilo onde ele se sinta bem e seguro, conforme define o diretor comercial do Grupo Décio, Djair Arantes. Ele diz que o grupo tem cinco postos rodoviários em atividade, todos com o mesmo padrão, e outros três em fase de construção. De acordo com ele, a unidade de Araporã – com bandeira BR – vendeu 6,6 milhões de litros de diesel no mês de maio e juntos os cinco postos rodoviários do grupo vendem perto de 22 milhões de litros de diesel por mês. “Procuramos fazer do posto a casa do motorista, e todas as nossas unidades têm o mesmo padrão de atendimento”, explicou. Os outros quatro postos estão instalados em Gurupi/TO, Ituiutaba/MG, Buriti/MA e Parado Bonita/MG. Os que ainda se encontram em construção estão na BR-050 (Uberlândia/MG), BR 060 (Rio Verde/GO) e BR 364 (Cuiabá/MT). |