Embora as vendas de caminhões tenham ficado abaixo das expectativas no primeiro semestre deste ano, modelos de certos segmentos têm se destacado e apontam que o mercado vai se recuperando aos poucos, com previsão de melhora no segundo semestre. Nos primeiros cinco meses de 2012, a Ford, por exemplo, registrou crescimento significativo nas vendas do Cargo1933, um cavalo-mecânico bem resolvido nos quesitos de motorização, caixa de câmbio e também no nível de conforto da nova cabine. Oswaldo Jardim, diretor de operações da Ford do Brasil, detalha o sucesso da nova linha, cita seus diferenciais e comemora o retorno de clientes à marca. Os modelos da família Transit também têm trazido bons resultados para a montadora, especialmente por ter chegado ao Brasil na “hora certa”, conforme afirma Jardim.

Revista O Carreteiro – Apesar da queda nas vendas da marca superior a 15% nos primeiros cinco meses de 2012, a Ford se destacou como a montadora com maior volume de veículos emplacados na categoria dos pesados. Num comparativo com o mesmo período de 2011 foram 268 unidades contra 451, o que representou um crescimento superior a 68%. A que motivos você atribui a este crescimento da marca no segmento?

Oswaldo Jardim – Este crescimento é realmente bastante significativo e tem sido puxado pelo excelente desempenho do nosso cavalo, o 1933 (ou 1932 na versão Euro 3). Desde o lançamento da nova linha Cargo, no final do primeiro semestre de 2011, o Cargo 1933 vem crescendo sua participação, já que agora oferecemos além da cabine simples, um leito de fábrica, com ar condicionado, vidro e travas elétricas de série. A nova cabine tem sido um sucesso absoluto, com os nossos clientes ressaltando a tecnologia da suspensão da cabine, o silêncio interno, a ergonomia, a transmissão via cabo e o conforto da cama, entre outros elogios. Agora no Euro 5, se destaca a tecnologia SCR, com motorização Cummins, que comprovadamente traz economia de consumo de diesel de no mínimo 6%, com relatos de até 11%. Portanto, hoje a Ford Caminhões oferece uma linha Cargo muito competitiva que aliada à qualidade da nossa Rede de Distribuição, nos coloca em destaque no mercado, com muitos clientes que não estavam na marca voltando a considerar nossos produtos. E quanto mais clientes atraímos, mais o boca-a-boca positivo se encarrega de trazer novos clientes.

Revista O Carreteiro – A nova linha de caminhões Ford lançada em 2011 foi bastante comentada no mercado. Isso aconteceu justamente pela inovação total dos modelos. A resposta dada pelo mercado em relação aos novos produtos está dentro das expectativas da empresa?

Oswaldo Jardim – A resposta foi fantástica, a ponto de incomodar bastante a concorrência. Fato é que a participação da linha Cargo na indústria aumentou dois pontos percentuais em 2012 em relação a 2011. Este é um feito e tanto num mercado que está altamente disputado, com novos concorrentes e os tradicionais lançando novos produtos e modernizando os existentes.

Revista O Carreteiro – Em certa ocasião, durante uma apresentação sobre o mercado de caminhões, você citou em sua análise que países em desenvolvimento tendem a ter uma maior demanda por caminhões pesados. Você acha que a Ford tem aproveitado bem o momento da economia brasileira, considerada em desenvolvimento, apesar do momento não estar tão favorável ao mercado de caminhões?

Oswaldo Jardim – Como visão de longo prazo, entre cinco e 10 anos, podemos sim prever que as pontas da indústria terão uma tendência de crescimento maior que o meio. Ou seja, os caminhões semileves e leves juntamente com os pesados e extra pesados crescerão em um ritmo maior que os segmentos 4×2 e 6×2. Este é um movimento natural, já vivido por outros países que tem indústrias mais maduras, com crescimento estável. O crescimento das cidades e o avanço de novos conceitos e tecnologias em logística é que serão os impulsores deste movimento. No Brasil, esta mudança ainda é pouco notada, tendo os segmentos médios grande participação ainda. A Ford Caminhões oferece uma linha de produtos desde os leves até os pesados, portanto cobrindo bem a demanda e as características do mercado. Estamos preparados para o futuro próximo, com lançamentos inovadores e complementares à nossa linha atual.

Revista O Carreteiro – Em sua opinião, modelos de qual segmento devem apresentar menor desempenho em 2012 comparado ao ano passado?

Oswaldo Jardim – Os segmentos de Leves, 6×4 Rígidos e Cavalos Pesados em geral deverão ter um leve crescimento em 2012 quando comparados com 2011. Os segmentos de 4×2 e 6×2 terão uma tendência à estabilidade ou leve queda. Porém o mercado está bastante instável devido à desaceleração da economia e da introdução da nova legislação de emissões, o que ainda pode trazer variações no segundo semestre.

Revista O Carreteiro – Com as medidas do governo, é sensato dizer que o mercado de caminhões começa a reagir em agosto?

Oswaldo Jardim – Acredito que sim. Será uma reação lenta, porém crescente, e altamente dependente do crescimento econômico do País. As dificuldades relacionadas à introdução da nova lei de emissões vão sendo superadas à medida que mais caminhões e comerciais leves que precisam do diesel S50 entram em operação. Gostaríamos que este processo fosse mais rápido, claro, mas sabíamos que enfrentaríamos estas dificuldades e todos envolvidos na cadeia de soluções estão empenhados em acelerar ao máximo esta transição.

Revista O Carreteiro – O segmento de veículos semileves e leves têm apresentado crescimento rápido nos últimos anos. Esta evolução é creditada ao E-commerce e também à restrição de circulação de veículos pesados nos grandes centros urbanos. Este ano, por exemplo, a previsão de crescimento nas vendas de leves (VUC) é de 15% até dezembro. Você acredita que estes fatores têm sido responsáveis pela consolidação da família Transit no mercado brasileiro? Em caso afirmativo, então a Ford entrou neste segmento no momento certo?

Oswaldo Jardim – A família Transit chegou ao Brasil na hora certíssima. Começamos com a versão furgão em dois tamanhos lá em 2009. Em 2010 adicionamos a versão passageiros e em 2011 a versão chassi cabine. Sabíamos que o produto era excelente e líder mundial de vendas. Porém, o retorno positivo dos clientes sobre o nível de equipamento, a qualidade da construção, a economia de combustível, o baixo custo de manutenção entre outros atributos foi surpreendente. A família Transit proporciona um nível de satisfação sem paralelo no segmento e a concorrência viu-se obrigada a acompanhar. Mas ainda hoje, nenhum produto oferecido no mercado nacional tem o nível de equipamentos normais de produção que a Transit oferece. E tudo isso com preços muito competitivos.

Revista O Carreteiro – Alguns concorrentes estão investindo em atendimento personalizado para os clientes de veículos semileves e leves. Quais as ações de pós-vendas da Ford para atender de maneira satisfatória os clientes da família Transit?

Oswaldo Jardim – Novamente inovamos aqui. Ainda em 2011 lançamos duas instalações exclusivas para a Transit. Uma do Grupo Konrad, na cidade de Curitiba, e outra do Grupo Divepe, na cidade de São Paulo. Identificamos que os clientes de Transit nem sempre acham conveniente o atendimento junto com a linha de Caminhões ou em instalações longe das áreas centrais das cidades. Continuaremos oferecendo novas instalações separadas em grandes centros, com alguns projetos já em andamento.

Revista O Carreteiro – Até onde o mercado de semileves e leves deve crescer no País?

Oswaldo Jardim – Pergunta difícil para dizer um número. Que ainda vai crescer muito, isto vai. Muitas cidades implementarão leis de restrição à circulação de caminhões nos próximos anos. Esta ação, aliada ao crescimento do País, com todos tendo mais acesso a bens de consumo, certamente continuará estimulando o crescimento dos segmentos semileves e leves, que proporcionam entrega rápidas e convenientes principalmente dentro das cidades e entre municípios, com distâncias que permitem ao motorista dormir em casa e com a família ao final do dia de trabalho.

Revista O Carreteiro – Existe a possibilidade de produzir a família Transit no Brasil, ou montá-la em regime de CKD?

Oswaldo Jardim – É uma possibilidade que nunca deixamos de avaliar. Porém, ainda não saímos dos estudos. De grande importância para que esta possibilidade ocorra é o aumento das nossas vendas e do próprio segmento. Ambos continuam crescendo conforme nossas expectativas. Portanto, se, e quando tomarmos qualquer decisão nesse sentido, todos logo ficarão sabendo.

Revista O Carreteiro – Além do Odontomóvel, a Ford tem outras ações sociais voltadas para os motoristas de caminhão e a população?

Oswaldo Jardim – O nosso Odontomóvel está em operações há mais de uma década. No ano passado acrescentamos mais uma unidade, agora uma Transit, que auxilia a comunidade de Camaçari, onde temos a fábrica das famílias EcoSport e Fiesta. E participamos pontualmente de iniciativas privadas. Por exemplo, em julho auxiliamos um projeto que visa educar a população sobre a prevenção de acidentes no ambiente doméstico, patrocinada pela Associação Médica Brasileira e a Secretaria de Saúde do Governo do Estado de São Paulo.