Por Daniel Rela

Uma safra bem sucedida vai além do plantio e da colheita, pois se houver alguma falha no transporte do produto, por exemplo, o prejuízo pode ser grande. Entre os vilões que podem atrapalhar os resultados encontram-se as chuvas e as condições precárias das estradas, as quais impedem o tráfego dos caminhões, sem contar os danos e desgastes.

“O produtor precisa dos caminhões funcionando perfeitamente para não ter problemas com os prazos de entrega”, afirma Humberto Wagner Bilorio, gerente geral da Rodobens Caminhões, concessionária Mercedes-Benz instalada em Rondonópolis/MT, uma das principais regiões produtoras de grãos do País. Bilorio lembra que as vendas foram intensas no segundo semestre de 2010, e acrescenta que no início desse ano, mais próximo da colheita, a manutenção dos veículos tem sido mais constante.

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O evento da safra gera diferentes reflexos no mercado de caminhões e pode ser considerada apenas como mais um dos vários fatores que impulsionam o setor no Estado. Na opinião de Paulo Sérgio Rangel, coordenador da área de consórcio da concessionária Iveco Torino Comercial de Veículos, por exemplo, as vendas de caminhões aumentaram devido à oferta de crédito disponibilizada até pouco tempo e também ao crescimento geral do Estado do Mato Grosso. “Em Cuiabá/MT, várias obras da construção civil e de infraestrutura para a Copa do Mundo também contribuem para movimentar o setor”, cita.

Para outros profissionais do setor, como Janilson Almeida, gerente geral de vendas e serviços da Scania Rota Oeste Veículos, localizada na cidade de Lucas do Rio Verde, a super safra impulsionou as vendas. “No primeiro bimestre (2010) vendemos 80% a mais na comparação com o mesmo período de 2009”, diz. Ele informa ainda que a concessionária prevê crescimento de 10% nas vendas de veículos pesados e de 15% em peças e serviços em 2011. Esse alto índice nos primeiros meses do ano é consequência também da mudança da legislação do cavalo-mecânico 6×2 para o 6×4 e do incentivo fiscal. A isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para caminhões alavancou as vendas do segmento no ano passado. Segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o mercado de caminhões registrou alta de 44%. E com a prorrogação da alíquota zero para veículos de transporte, até 31 de dezembro de 2011, a expectativa é repetir os bons índices de vendas.

Além desses fatores, Eliana Yamamoto, diretora comercial da concessionária Volvo Rivesa Veículos, de Maringá/PR, lembra que a safra 2011 gerou maior volume de carga e tornou necessária a aceleração do crescimento da frota e da disponibilidade dos veículos. No entanto, faz critica às transportadoras. “Infelizmente a falta de logística acaba anulando as estratégias das transportadoras na busca de maior produtividade e eficiência”, afirma.

A safra movimenta as vendas de todas as marcas de caminhões, até mesmo daquelas que não trabalham com modelos extrapesados de grandes potências. Caso da Ford e Volkswagen, que também sentem as influências positivas nas vendas de veículos. “Nós vendemos 10% mais dos modelos F-350 e F-4000, no segundo semestre de 2010, porque elas são muito importantes para a locomoção nas fazendas produtoras”, explica Antônio de Jesus Milhomem, gerente de vendas da concessionária Ford Navesa, de Rio Verde/GO.

Roberto Martins, gerente de vendas da Icavél Veículos, concessionária da MAN Latin America em Cascavel/PR, confirma a procura e aumento das vendas dos caminhões menores, “pois eles fazem o trabalho auxiliar para transportar a safra dentro das plantações”, diz.