Por Daniela Giopato
Fotos: Divulgação

Redução de custo sempre foi uma das principais metas dos empresários do transporte rodoviário de cargas e para atingir o objetivo investem em caminhões com tecnologia embarcada, logística, gestão empresarial e procuram, dentro do possível, manter a frota atualizada. Porém, com o passar do tempo e as mudanças pelas quais têm passado o setor, apenas estar com a empresa organizada deixou de ser o suficiente para manter o negócio rentável. Também era necessário ter mão de obra qualificada para operar os veículos com eficiência, e diante dessa demanda as transportadoras passaram a exigir profissionais capacitados e a investir em treinamento para os funcionários e motoristas não contratados. Os resultados, segundo dados das próprias empresas que realizam esse tipo de trabalho, são redução do consumo de combustível, de acidentes e de manutenção dos veículos da frota.“Um motorista que passa pelo treinamento de condução econômica, por exemplo, tem condições de diminuir o consumo de combustível em torno de 30%. Consumo de pneus e economia do sistema de freios também são percebidos pós-treinamento”, explica Celso Luchiari, diretor geral da Holding Transportadora Americana. A empresa investe em treinamento e desenvolvimento de pessoal desde a década de 70 e criou, em 1996 a Universidade do Transporte (UT), unidade corporativa que possui atualmente portfólio de mais de 50 cursos. Só para motoristas são 10 cursos específicos, entre eles Condução Econômica, Direção Defensiva, Técnicas de Manobra, Atendimento ao Cliente. Em média, cada colaborador recebe 75 horas de treinamento por ano.

Motorista preparado consegue obter melhor aproveitamento do caminhão com menor consumo de combustível e desgaste do veículo
Motorista preparado consegue obter melhor aproveitamento do caminhão com menor consumo de combustível e desgaste do veículo

A empresa informa que investe também no bem estar do motorista no período de descanso e que todas as suas filiais possuem dormitórios para que o motorista descanse entre as viagens de transferência. Existe também uma Comissão de Trânsito que trabalha na análise dos acidentes e promove campanhas preventivas e ações voltadas para a melhoria das condições dos seus motoristas. “Talvez a atenção tenha se voltado para o motorista devido à escassez de mão de obra. Hoje em dia, está cada vez mais difícil de encontrar bons profissionais”, justificou Luchiari.

Para Ércio Gomes, gerente de gestão de gente, treinamento e desenvolvimento da JSL, o treinamento é fundamental não apenas para redução de acidentes e motivação, mas também para alertar o profissional sobre a importância de sua responsabilidade social e do seu papel na sociedade, e também contribuir para a redução de custos. “Podemos comparar a redução de combustível para motoristas bem treinados. Após o treinamento e acompanhamento, ele consegue o maior aproveitamento do veículo gerando economia média de 15% no consumo de combustível por quilômetro rodado”, destaca.

Treinamento e capacitação contribuem para a redução de acidentes e deixam o motorista alerta sobre a importância da sua responsabilidade social
Treinamento e capacitação contribuem para a redução de acidentes e deixam o motorista alerta sobre a importância da sua responsabilidade social

Na opinião de Gomes, mudanças das leis que regem a função de motorista (estipuladas no Código de Trânsito Brasileiro), tecnologia de produto, equipamentos modernos e aumento de veículos nas estradas brasileiras e de acidentes são fatores que contribuem para a necessidade de as empresas adotarem programas de treinamento e capacitação para a educação, prevenção e conscientização.

Para atender a essa demanda, a transportadora disponibiliza o PEC (Programa de Educação Continuada) que abrange todas as categorias de motoristas da empresa. O foco principal é a redução do número de acidentes, qualificação dos motoristas e redução da rotatividade, além do incentivo à motivação e à redução de custos operacionais devido à má operação dos veículos. “O curso de formação foi desenvolvido para atender as necessidades dos colaboradores. Para cada tipo de motorista há um conteúdo programático específico e uma carga horária. O motorista carreteiro, por exemplo, faz um curso diferente do motorista de ônibus, de caminhão trucado ou toco”, destaca.

A Braspress, por sua vez, investe em treinamento e também na capacitação dos colaboradores de duas formas, através da inserção de vários módulos orientativos e especializados na área de atuação do profissional. Em 2014 foram mais de 10 mil horas de treinamento e capacitação de colaboradores. Luiz Carlos Lopes, diretor de operações da empresa, diz que a Braspress dedica atenção redobrada aos motoristas, tanto pela importância de sua atuação no negócio, quanto pelos cenários em que produzem, expostos aos vários riscos, inerentes ou não da atividade, das interações exigidas pelas variantes fiscais e condições de rodovias brasileiras”, explicou.

A empresa criou um departamento denominado CAMB – Centro de Apoio ao Motorista Braspress – onde são reforçadas questões ligadas à saúde e bem estar, com exames toxicológicos, sangue, urina, pressão arterial, entrevistas psicológicas e de orientações preventivas de alimentação e saúde e sala de descompressão. “Outro importante recurso na preparação dos motoristas da Braspress se relaciona aos treinamentos de direção aplicados com palestras orientativas e uso de simuladores com cenários semelhantes aos enfrentados na rotina de suas viagens”, concluiu. n

Preparado em casa

preparado em casa

A JSL conta com o Centro de Treinamento, que disponibiliza para as filiais estratégicas no Brasil, a escola de formação de motoristas para colaboradores externos e internos sem a devida experiência para a condução de equipamentos pesados. A carga horária é de 260 horas aula, entre aulas práticas e teóricas. “O objetivo é preparar e capacitar o motorista para uma direção mais segura e econômica, domínio do veículo e habilidades na execução das tarefas propostas, tanto em percurso quanto em manobras, respeitando as normas internas da empresa e o Código de Trânsito Brasileiro”, explicou Ércio Gomes.

A TA, por sua vez, disponibiliza uma “escolinha de motorista” na qual monitores dedicam parte do seu tempo treinando aspirantes a motoristas ou os recém-contratados da empresa. “Se um ajudante ou conferente da casa quer ser motorista, financiamos a Carteira de Habilitação e, posteriormente, colocamos ele para treinar com os monitores até que estejam aptos a assumir a nova função” disse Celso Luchiari, lembrando que muitos motoristas da Transportadora, os mais antigos principalmente, passaram por esse processo na empresa”.

Também na Braspress, profissionais que não possuem experiência comprovada em carteira de trabalho na função de motoristas, encontram oportunidade para ingressar na profissão. Luiz Carlos Lopes destaca que um dos grandes diferenciais da empresa é essa abertura ao aceitá-los nesta condição, pois possam por longa preparação em pátio, instruídos e monitorados por instrutores capacitados.

“Na medida em que vão apresentando condições de direção própria, eles iniciam a escalada de efetivação nas rotas que se diferenciam por distâncias ou por complexidades, até que conseguiam atingir as mais longas e mais complexas”, acrescenta Lopes. Ainda de acordo com ele, a Braspress reúne várias experiências que mostram estas escaladas, especialmente para as motoristas mulheres. Atualmente, a participação do sexo feminino no quadro de profissionais que conduzem veículos representa cerca de 40 %, tendo, em algum momento, representado mais de 50 % do efetivo”, conforme revelou o diretor operacional da empresa.