Por João Geraldo
A boa aceitação da caixa automatizada pelos transportadores brasileiros levou a Volvo a acelerar a implantação de uma fábrica da transmissão eletrônica I-Shift dentro do complexo industrial de Curitiba/PR. A inauguração ocorrida dia 29 de novembro, coincide com o período que marca os 10 anos de lançamento do sistema pela montadora na Europa. O presidente da Volvo do Brasil, Roger Alm, destaca que esta é a segunda fábrica no mundo de caixa I-Shift e, consequentemente, a primeira fora da Europa, e destacou a importância do País para a Volvo, pois aqui rodam quase 100 mil veículos pesados da marca sueca.
Além da fábrica de transmissão, a montadora iniciou também a montagem dos motores de 11 litros, integrada à de 13 litros. O engenho de 11 litros equipa caminhões da linha FM e chassis de ônibus pesados da marca. “É uma grande conquista para o nosso processo”, disse Alm. O projeto para a instalação das duas fábricas começou há dois anos e exigiu investimentos de 25 milhões de reais por parte da empresa. Nilton Roeder, diretor de powertrain da Volvo Latin America, acrescenta que a fábrica tem capacidade para produzir 14 mil transmissões automatizadas/ano.
A caixa I-Shift foi lançada na Europa em 2001 e um ano depois já equipava 14% de todos os caminhões Volvo vendidos. As primeiras unidades começaram a chegar ao Brasil em 2003. Na época o equipamento tinha limitação para 45 toneladas de PBTC, que aumentou em 2006. As unidades atuais são da terceira geração, lançada na Europa em 2009, tem 12 marchas e capacidade para 56 toneladas de PBTC.
As novas unidades são preparadas para equipar caminhões com motores que atendem a legislação Proconve P-7. “Fomos pioneiros no mercado brasileiro na introdução neste segmento de veículos comerciais de uma caixa de câmbio eletrônica, muito avançada tecnicamente, mas muito simples de ser utilizada”, acrescenta Sérgio Gomes, gerente de planejamento estratégico e um dos principais responsáveis pela introdução do equipamento no Brasil.
Atualmente, o sistema equipa 80% dos caminhões Volvo (linhas FH e FM) produzidos em Curitiba. De acordo com Bernardo Fedalto, gerente de caminhões da linha F, a explicação pela grande aceitação da transmissão I-Shift é que o “mercado é sábio, e o transportador sabe fazer contas”. Para o gerente de engenharia de vendas, Álvaro Menoncin, boa parte do sucesso se deve à sensível redução no consumo de combustível (de até 5% em relação aos veículos equipados com caixa manual). “Existem relatos de transportadores de uma economia maior, de 7% de redução”, acrescenta.
Outras vantagens da caixa de transmissão eletrônica são, maior durabilidade da embreagem e até redução de consumo dos pneus de tração, segundo informações da Volvo. Uma das características da caixa I-Shift está no seu “cérebro” eletrônico, que registra as condições de condução e o peso bruto do veículo antes de selecionar a marcha inicial adequada. O sistema inibidor de trocas indevidas impede a troca de marcha caso a rotação do motor não seja a adequada no momento e também permite a troca no modo manual. O custo da caixa I-Shift, segundo a Volvo, é de R$ 15 mil com ABS.