Por Nilza Vaz Guimarães

Cuidar do caminhão e do seu bom funcionamento deve ser uma atitude frequente de quem enfrenta as perigosas estradas de todo o País. Para viajar tranquilo, o carreteiro deve conferir se está tudo bem antes de pegar a estrada. Pneus, freios, suspensão e embreagem são itens que garantem a segurança do motorista e devem, portanto, contar com cuidados redobrados.

Dono de um caminhão novo, Luiz Antonio Lima Brito diz estar feliz com a aquisição e que fará a manutenção na concessionária, para não perder a garantia do veículo
Dono de um caminhão novo, Luiz Antonio Lima Brito diz estar feliz com a aquisição e que fará a manutenção na concessionária, para não perder a garantia do veículo

Com um caminhão novinho nas mãos, Luis Antonio Lima Brito, 37 anos, afirma que agora a manutenção do caminhão passará a ser feita na concessionária para não perder a garantia. Carreteiro há 10 anos, transporta todos os tipos de carga, inclusive frutas em contêineres e está muito feliz com a aquisição do veículo. “Além de ser um caminhão barato, é bonito, confortável e atende ao mesmo serviço que os outros”, justifica.

Troca de lonas de freio ou de óleo, Emanuel Augusto de Souza Santana realiza, mas quando se trata da parte mecânica ou eletrônica leva seu caminhão à concessionária
Troca de lonas de freio ou de óleo, Emanuel Augusto de Souza Santana realiza, mas quando se trata da parte mecânica ou eletrônica leva seu caminhão à concessionária

Rodando há 21 anos nas estradas brasileiras, Emanuel Augusto de Souza Santana, 39 anos, diz que faz manutenção periodicamente. Costuma dizer que ao acordar pela manhã, a primeira coisa que faz é verificar o óleo do motor e conferir a água do radiador. Depois liga o caminhão e enquanto o motor aquece vai escovar os dentes. “Essa é minha rotina diária”, sorri. De vez em quando ele leva o seu caminhão para a concessionária, mas quando aparece algum serviço simples garante que ele mesmo resolve e cita como exemplo a troca de lona de freio e troca de óleo (a cada 10 mil quilômetros), conforme diz. “Porém, quando se fala em caixa de câmbio e parte eletrônica não tenho o que pensar, sigo direto para a concessionária”, esclarece.

Fernando Musse faz as revisões na rede de concessionárias e diz que a maior despesa do autônomo é o óleo diesel, que no seu caso representa 60% do frete
Fernando Musse faz as revisões na rede de concessionárias e diz que a maior despesa do autônomo é o óleo diesel, que no seu caso representa 60% do frete

Diz também que é costume todo final de semana levantar seu caminhão para verificar se há folga de roda e aproveita para fazer regulagem no freio e conferir a parte elétrica, além da verificação diária de rotina. “Quando chego de viagem faço uma revisão básica e se tiver algum problema procuro resolver logo. Sou adepto da manutenção preventiva, troco sempre as pastilhas de freio antes da quilometragem recomendada”, informa.

Dono de um caminhão fabricado em 1986, Vanderlei da Cruz faz manutenção em oficina de sua confiança e diz que nunca parou na estrada por motivo de quebra
Dono de um caminhão fabricado em 1986, Vanderlei da Cruz faz manutenção em oficina de sua confiança e diz que nunca parou na estrada por motivo de quebra

Outro cuidado citado por Santana é evitar o excesso de peso, para que seu caminhão tenha uma vida mais longa. “Carrego até 41 toneladas, assim tenho menos manutenção na lona de freio, no rolamento porque agindo assim forço menos o veículo”, explica. O carreteiro comenta sobre outros itens, como os pneus, por exemplo, os quais ele cita como componentes com grande desgaste e acrescenta que os buracos na estrada causam grandes prejuízos. Quando roda na área urbana da cidade, em Recife/PE (onde puxa açúcar na safra que vai de agosto a março) diz que utiliza pneus novos na dianteira e usados ou recauchutados na traseira. “As viagens são curtas, então dá para colocar um pneu mais em conta, mas, por outro lado, a lona de freio gasta mais na cidade”, constata.

Uma das preocupações de Ademar Adriano de Carvalho é cuidar do motor, pois pretende rodar por mais quatro anos com o mesmo caminhão
Uma das preocupações de Ademar Adriano de Carvalho é cuidar do motor, pois pretende rodar por mais quatro anos com o mesmo caminhão

Acrescenta que a borracha de tensores da suspensão também é um item que ele precisa verificar sempre, principalmente quando está carregando açúcar, onde precisa fazer muitas manobras na carga e descarga. Santana tem como filosofia colocar sempre peças novas em seu caminhão, porém, costuma comprar tanto peças originais como de segunda linha e justifica que a aquisição em lojas de autopeças é bem mais em conta que nas concessionárias. Ele não soube informar quanto gasta por mês com manutenção. Quanto ao faturamento afirma que às vezes roda o mês todo e só tem lucro, mas tem vezes que quase fica no prejuízo.

Ele aproveita e faz um alerta para que todos os carreteiros observem seus caminhões, com atenção à suspensão, sistema de freio e se o marcador de combustível está funcionando direito. “No caso de acabar o combustível e o carreteiro estiver numa serra ou numa estrada deserta, ou mesmo frente a frente com outro veículo no sentido contrário, pode ter uma grande surpresa”, conclui.

Fernando Musse, 47 anos de idade, transporta Oxiteno e outros produtos químicos, de São Paulo para todo o Nordeste, em seu Volvo FH, ano 2010 e diz que realiza revisões a cada 40 mil quilômetros. “Rodo cerca de 25 mil quilômetros por mês, então cuido do meu caminhão para garantir minha segurança nas estradas”, explica o carreteiro, que afirma só colocar pneus novos na tração e faz duas recapagens, porque acha arriscado fazer a terceira. “E ainda periodicamente troco a lona de freio”, observa.

Em sua opinião, o item manutenção não é o mais caro para um carreteiro autônomo e sim o diesel. “O que pesa no bolso é o tal do óleo diesel. É a maior despesa que temos, que chega a representar 60% do frete, isso é demais”, esbraveja.

Para ele que faz as revisões em concessionárias da rede, diz valer a pena pagar mais caro, porque além de peças originais tem a garantia da fábrica e a vida útil do caminhão é bem maior. Viaja despreocupado e afirma que caminhão novo não tem o que fazer, apenas rodar. Por ter plano de manutenção da montadora, ele recomenda que todos os carreteiros façam sempre manutenção preventiva para não serem surpreendidos com quebras na estrada.

Já o carreteiro Vanderlei da Cruz, 40 anos, que faz duas viagens por mês do Paraná para a Bahia em seu caminhão ano 86, fazer manutenção em concessionária é impossível. “Em concessionária não tem condições, é muito caro. Só o valor da mão de obra não tem autônomo que dê conta”, justifica. Cruz conserta o veículo em oficina de confiança, na cidade de Londrina/PR, e diz que nunca parou na estrada por quebra. “Se acontece algum problema na estrada, os falsos mecânicos querem trocar todas as peças, enquanto o mecânico de confiança faz uma programação junto comigo para trocar de tempo em tempo certos componentes. Assim a conta não fica tão pesada e não corro o risco de ficar na estrada e ainda pagar mais caro”, comenta.

Ele garante que faz manutenção preventiva todas às vezes que chega de viagem. Os pneus de seu caminhão são recapados, cujos valores variam entre R$ 330,00 e R$ 400,00 e diz que quando faz a troca coloca protetor e câmaras de ar novas. Garante fazer diariamente inspeção dos pneus e do nível do tanque de óleo diesel. “Temos que verificar todos os dias para constatar se houve furto de combustível, principalmente quando pernoitamos em alguns postos de abastecimento”, comenta. Para finalizar, ele cita dois itens que exigem atenção constante – e que pesam muito no bolso do motorista: o óleo diesel e filtro de motor, o qual deve ser trocado a cada duas viagens, a um custo de R$ 500,00 por mês.

Ademar Adriano de Carvalho, 62 anos de idade e 38 de estrada, viaja com sua esposa, com a qual está casado há 39 anos. Diz ter aprendido a dirigir caminhão na roça ainda quando menino, pois lá não havia auto-escolas, por isso teve de aprender na “marra”. Mesmo assim, gosta de dirigir e ainda enfrenta as estradas entre São Paulo e a região Nordeste, com seu caminhão fabricado em 1990, e no qual transporta todos os tipos de cargas. “Graças a Deus, este caminhão não dá muita despesa com manutenção. Já fiz o motor duas vezes e espero rodar com ele por mais uns quatro anos, mas para isso preciso ter muito cuidado para o motor não esquentar demais. Para isso verifico a água todos os dias e troco o óleo a cada 10 mil quilômetros” garante.

Afirma que sua maior despesa é com o óleo diesel. Diz que pneu não é barato, mas dura e cita também como caro o diferencial, porém é difícil de quebrar, além da lona de freio, que só gasta se andar com o caminhão muito pesado, que não é o seu caso, conforme garante. “A maior despesa é mesmo com o diesel”, acentua.

Carvalho nunca fez curso de mecânico ou eletricista, mas aprendeu muita coisa no dia a dia em seu próprio caminhão.Tem opinião de para ser um bom profissional é preciso cuidar muito bem do cargueiro antes de pegar a estrada e acrescenta que é sempre mais seguro verificar se o freio está bom e se a direção está com algum problema. E recomenda: “nunca beber antes de dirigir para evitar acidentes”.