Você sabia que no primeiro semestre desse ano 51,5% (1.499) de todas as mortes nas rodovias federais envolveram caminhões e ônibus?
Dados de levantamento realizado pela Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), feito com base em dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram também que mais de um quarto do número de sinistros e de feridos no período, envolveram caminhões (27% – 10.975) e ônibus ( 27,6%- 9.722).
O que chama a atenção nesses números é o fato desses veículos representarem apenas 4% da frota nacional.
Mortes nas rodovias: flexibilização do Código de Trânsito Brasileiro
O diretor científico da Ammetra, Alysson Coimbra, acredita ser importante rever a flexibilização do Código de Trânsito Brasileiro, que equiparou motoristas profissionais a condutores comuns. Dessa forma, estabeleceu prazo de validade de 10 anos para todas as CNHs.
“Isso é problemático porque motoristas profissionais, que passam mais tempo dirigindo, estão mais expostos a riscos. Esses veículos têm um potencial de destruição maior que os demais, por isso a categoria tem algumas regras mais rígidas, como a realização de exames toxicológicos e a avaliação psicológica a cada renovação”, comenta.
Mortes nas rodovias: saúde física e mental
Coimbra destaca a questão da saúde física e mental desses profissionais que por conta da rotina cheia de desafios pode se deteriorar. Um outro levantamento mostrou o crescimento gradual dos transtornos mentais que colocam os brasileiros no topo do ranking dos países mais ansiosos e deprimidos do mundo.
Mortes nas rodovias: uso de drogas
Outro fator que contribui para os acidentes com mortes nas rodovias envolvendo caminhões é o uso de drogas. Pesquisa feita pela Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho (Codemat) revelou que metade dos caminhoneiros que se submetem a jornadas de trabalho superiores a 16 horas por dia recorre ao uso de drogas. Cerca de 17% dos condutores que trabalham de 4 a 8 horas por dia usam drogas. O número salta para 50% entre aqueles cujas jornadas ultrapassam 16 horas.
Alysson Coimbra reforça que o aumento do limite de pontos na CNH para os motoristas profissionais favorece infratores. “Isso não traz qualquer melhoria para a segurança no trânsito, pelo contrário, estimula comportamentos infracionais, o que é especialmente perigoso quando falamos de motoristas exaustos, com jornadas extensas, conduzindo veículos pesados e muitas vezes sob efeito substâncias ilegais”, comenta.