Aproveitando as comemorações do Dia Internacional da Mulher, a Mercedes-Benz promoveu uma roda de conversa para debater questões importantes em relação a importância da diversidade nas empresas e a inclusão das mulheres no transporte. Um dos pontos altos foi o anúncio da ampliação das ações do Movimento a Voz Delas, atualmente com foco nas mulheres motoristas e cristais, para as mulheres do setor de ônibus.

O gerente sênior de marketing de produto e comunicação ônibus, Curt Axthelm, explicou que o primeiro passo será ouvir as demandas das motoristas, assim como executivas e empresárias e entender quais são os principais desafios de suas operações, as oportunidades de melhoria e, principalmente, qual a participação das mulheres em suas atividades.

movimento voz delas

“Nós estamos embarcando agora no movimento Voz Delas que já têm várias ações em caminhões e agora vamos ampliar para o público feminino do setor de ônibus. Não é tão fácil atingir as motoristas de ônibus e um dos motivos é a falta de estatística oficial de quantas profissionais existem. Mas já estamos em contato com algumas associações para iniciar esse levantamento. Já sabemos que é um número inferior em relação as mulheres que transportam cargas. Queremos conhecer os problemas de infraestrutura e operação para as motoristas assim como as questões de assédio e machismo em suas rotinas de trabalho. Depois, buscaremos soluções, sensibilizando para isso todos aqueles que atuam no transporte, incentivando a participação do maior número de parceiros”.

O executivo adiantou que ainda dentro do primeiro semestre duas ações serão iniciadas dentro do movimento Voz Delas. Uma será voltada para o púbico feminino geral e visa acolher mulheres que tenham sofrido abuso dentro do transporte coletivo. A outra diz respeito a saúde das mulheres. Ambos os projetos estão sendo amadurecidos e em breve serão apresentados.

Para Ebru Semizer, gerente sênior de Marketing Comunicação & Inteligência de Mercado Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil, é importante ampliar as ações para as mulheres do setor de ônibus. 

“ O movimento a Voz Delas foi iniciado em 2019 e nesse período diversas ações foram realizadas para ajudar as caminhoneiras e cristais a terem um ambiente mais seguro e respeitoso de trabalho e o mesmo deve acontecer para as mulheres de ônibus. Nesse período projetos foram realizados e hoje contamos com 45 parceiros que são empresas, clientes, fornecedores, associações, veículos de comunicação, e cada um deles promove várias inciativas no sentido de contribuir para melhorar a rotina das mulheres na estrada. Alguns parceiros que trabalham com transportadores, por exemplo, não contratam o serviço, se, a empresa não tiver uma estrutura adequada para receber as mulheres. Então, com essas pequenas ações estamos conseguindo fazer a diferença”, destacou.

Participação das mulheres no transporte

A Voz Delas reuniu motoristas de caminhão e ônibus para atividades

Para celebrar o Dia Internacional da Mulher, a Mercedes-Benz, por meio do Movimento a Voz Delas, promoveu um evento que reuniu 50 mulheres motoristas de caminhão em sua fábrica de São Bernardo do Campo. O grupo conheceu as modernas linhas 4.0 de produção de caminhões e de chassis de ônibus, assistiram à palestras e compartilharam suas experiências profissionais. Além disso, puderam conhecer o Actros 2651 Estrela Delas e registrar aquele momento com fotos junto a um tótem temático.

Durante o encontro, o Consórcio Mercedes-Benz apresentou detalhes de uma condição especial para mulheres do transporte que estará disponível durante todo o mês de março. Já o Banco Mercedes-Benz ofereceu um seguro específico para que as mulheres protejam seu patrimônio. Essas promoções estão sendo divulgadas nas redes sociais da Mercedes-Benz, do Banco e do Consórcio.

A parte da tarde foi reservada a palestras que abordaram a importância da diversidade dentro das empresas e também questões voltadas para a saúde da mulher.

Conversamos com algumas motoristas que falaram sobre a profissão e incentivaram outras mulheres a nunca desistirem de seus sonhos.

voz delas RafaelaRafaela de Oliveira, de 29 anos, trabalha com carreta 30 metros, no carregamento florestal, e acredita que para ser motorista o primeiro passo é ser persistente pois o caminho não é fácil. “Muitos não vão fazer parte da jornada até que você consiga uma oportunidade então é importante correr atras do sonho”. A colega de empresa Camila Greice, de 33 anos, começou a carreira de motorista em uma van escolar, depois passou para o micro-ônibus e somente depois conseguiu uma chance em uma transportadora. Ela conta que no início não tinha o apoio do marido. “Ele dizia que a primeira noite que eu passasse fora eu não precisava mais voltar para casa. E com isso meu sonho foi morrendo dentro de mim. Mas aos poucos ele foi percebendo que era isso mesmo que eu queria e resolveu me apoiar. E foi ai que decidi correr atras. E hoje estou aqui para dizer para as mulheres nunca pensarem em desistir pois é possível”.

 

voz delas AlineAline Portugal, 37 anos, é motorista carreteira profissional e atua no ramo de importação e exportação e também com sider abastecendo as fábricas. “Minha família é toda de motorista e talvez por isso é de sangue. Sempre senti vontade de atuar como motorista mas não tinha oportunidade. Mesmo tirando a CNH categoria E.  Naquela época era bem mais difícil para mulher. Hoje eu vejo que as coisas estão mudando. Há dois anos uma empresa de São Bernardo/SP me deu uma oportunidade e hoje consigo trabalhar no que realmente gosto. Acredito que se alguma mulher quer ser motorista deve insistir. Hoje tem muitas ações, movimentos, empresas que estão facilitando o ingresso delas na área. Se eu consegui mesmo em uma época onde as portas estavam bem fechadas tenho certeza que se elas persistirem vão conseguir”, finalizou.

 

voz delas isabelaCom apenas 27 anos, Isabella Leopoldino dos Santos, é bem madura quando o assunto é profissão. Desde pequena, era apaixonada por caminhão. Viajava sempre que podia com o seu pai que, na época, carregava flores para o Ceagesp toda terça e quinta. O tempo foi passando, e a paixão por caminhão aumentou. Mas, Isabella conta que seu pai nunca deixou ela dirigir o seu caminhão. “A Mercedes-Benz lançou uma promoção e mesmo meu pai não acreditando me inscrevi e não contei para ninguém. Fui selecionada. Entrei em choque, eu estava com 25 anos. Quando eu contei para o meu pai ele não gostou. Disse que a profissão não era fácil e teria muito preconceito. Mas, como ele percebeu que estava decidida acabou me ajudando. Me colocou pela primeira vez para dirigir o caminhão para que eu fosse bem na prova. Nesse dia ele disse que eu levava jeito e que era para eu seguir meu sonho”.

Isabella conta que não foi fácil e que o preconceito é grande em relação a mulher. “Muitos ainda não entendem porque uma mulher possa gostar de caminhão e querer seguir essa profissão mesmo com todas as dificuldades. Hoje eu trabalho com meu pai. Ele se sente seguro. O que ele disse realmente aconteceu. Afinal não é fácil essa vida mas eu nunca me deixo abalar. E acredito que é importante correr atras sempre do seu sonho pois uma hora dá certo. Meu próximo sonho é ter uma transportadora e contratar apenas mulheres”, disse.

Fabiana Balduino, 38 anos, trabalha no transporte de bebidas mas antes atuava como manicure. Mas, como o marido é caminhoneiro viajava em algumas ocasiões. “A minha paixão não surgiu na infância. Foi viajando com ele que percebi que gostava de caminhão. Então quando tive a oportunidade agarrei e estou até hoje”.

voz delas Daniela e Fabiana

Daniela Nunes, 53 anos, vem de uma família inteira de caminhoneiros e desde os 10 anos de idade sonha em ser caminhoneiro. Porém, essa realização demorou 50 anos para acontecer. “Minha família foi bastante resistente. Fui casada por 28 anos e eles não querem a gente em uma área assim. Existe muito preconceito ainda. Mas aos poucos estamos conseguindo acabar com essa ideia de que mulher não pode nada. Nós podemos tudo e sabemos das nossas lutas. Mulher tem que fazer o que ela gosta. E todas as profissões são para ela. Hoje, as dificuldades existem mas, existe um diálogo e a vontade de fazer dar certo e melhorar as condições para nós. Afinal, tem muita coisa a ser feita principalmente em reação a infraestrutura. É uma profissão de muita honra”.

 

 

Veja a vida na estrada a bordo do caminhão Estrela Delas