Apesar da lei que regulamenta horários de descanso estar em vigor há anos, dirigir com sono ainda é uma ameaça a segurança. Cerca de 42% dos acidentes de trânsito no Brasil acontecem por motivos relacionados ao sono.
A informação vem de pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) desenvolvida em parceria com a academia Brasileira de Neurologia e o Conselho Regional de Medicina. Assim como o álcool, sono e direção não combinam e não raramente resultam em acidente.
É de conhecimento geral e todo profissional do volante sabe o quanto é arriscado dirigir com sono. Neste estado, o motorista perde maior parte de suas habilidades. Entre elas, sente dificuldade em manter os olhos abertos e focados na pista, além de ter os pensamentos desconexos e vagos. Nesta condição fica sujeito a não perceber a sinalização, errar o caminho e provocar acidentes.
A sonolência pode gerar desconcentração e ocasionar acidentes
O doutor Geraldo Lorenzi Filho, médico e professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e diretor do laboratório de sono do Incor, reforça que a sonolência pode provocar acidentes de trânsito. “Existem evidências científicas claras de que a sonolência pode gerar desconcentração e ocasionar acidentes automobilísticos”, afirma.
De acordo com o médico, sonolência e direção formam uma mistura muito perigosa porque o sono vai se instalando aos poucos e a pessoa não percebe. “Como dirigir já faz parte da rotina de muitos, o indivíduo pode não se dar conta de que está sonolento ao volante”, conclui o médico.
No entanto, é preciso considerar que o sono pode ser afetado não apenas pelas longas jornadas ao volante, mas também por distúrbios e outros problemas. O médico destaca a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), como um dos distúrbios que fragmentam o sono, causa fadiga e sonolência durante o dia.
Período mais crítico de sono acontece entre 3h30 e 5h30
Medidas como tomar café, bebidas energéticas, lavar o rosto com água fria e abrir e baixar os vidros das janelas ajudam a manter o condutor alerta. Mas, na prática, essas receitas não funcionam, alertam especialistas. Os efeitos são apenas momentâneos e não isentam o motorista das situações de curtos espaços de sonos com duração de até cinco segundos, suficientes para resultar em tragédia, tratando-se de caminhão.
Pesquisas apontam que os horários com maior índice de acidentes são entre 12h40 e 14hs e também entre às 22hs e 6 horas da manhã, sendo neste período noturno o período mais crítico entre 3h30 e 5h30. Quanto menos horas de sono maior é o risco de acidentes.
Nos Estados Unidos, uma pesquisa apontou que períodos de sono entre 6 e 7 horas levaram a uma taxa de risco de acidentes de 0,3 vezes maior em relação a indivíduos que dormiram ao menos 7 horas nas 24 horas anteriores, podendo chegar a 10,5 vezes mais em períodos de sono inferiores a 4 horas
Dirigir sem sono é fundamental para segurança nas rodovias, pois além de evitar o risco de fatalidades e perdas materiais, há consequências legais previstas no Código Trânsito Brasileiro nas quais o condutor pode ser enquadrado.