Medidas do governo federal, como manutenção de juros mais baixos, IPI zero para caminhões, projetos de infraestrutura para o Brasil, mais a safra recorde de grãos esperada para este ano, são os principais motivos que levam os executivos das fabricantes de caminhões a apostarem que 2013 será melhor do que 2012. Mesmo assim, não deixam de acreditar que será mais um ano de muito trabalho
o de desafios, adaptações e de vendas em baixa. Esse pode ser o resumo de 2012 para a indústria de caminhões no Brasil. Dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) revelam que no ano passado foram comercializados 139.147 caminhões, uma redução de 19,5% em relação às 172.871 unidades emplacadas em 2011. Executivos de montadoras instaladas no País justificam que a entrada em vigor do Proconve P-7 – equivalente às normas Euro V (em vigor na Europa) – e a crise mundial foram os principais fatores para esse resultado.
Comparado com 2011 o ano passado foi negativo, mesmo assim registramos o terceiro melhor resultado de nossa história, ressalta Ricardo Alouche, da MAN Latin America
“Além da mudança imediata da tecnologia, houve o aumento no preço dos veículos. Por isso é natural que o cliente que comprou um caminhão no segundo semestre de 2011, por exemplo, tenha se espantado com o preço e acabou adiando a compra. Além disso, o mercado tinha muitas dúvidas, principalmente com o combustível (diesel S-50) e o Arla32. Muitos temiam que não houvesse produtos para atender a demanda”, explica Ricardo Alouche, diretor de vendas, marketing e pós-venda da MAN Latin America.
Tânia Silvestri, da Mercedes-Benz, destaca que a performance de vendas do caminhão leve Accelo foi muito boa e o modelo figurou entre os mais vendidos do mercado
No entanto, o executivo destaca que mesmo com a queda de quase 20% nas vendas o ano não foi tão ruim quanto parece. “Se considerarmos o resultado de 2013, não foi ruim. Afinal registramos o terceiro melhor resultado de vendas de nossa história. No entanto, se compararmos os resultados com o ano de 2011, aí sim identificamos algo negativo, já que as vendas caíram”, explica. Para 2013, o executivo está otimista. Segundo ele, as vendas de toda a indústria devem crescer entre 10 e 15%, devido – principalmente às medidas do governo como a manutenção dos juros do Finame PSI em 3% até junho e de 4% entre os meses de julho e dezembro, mais o IPI zero para caminhões sem data para acabar. Além disso, o executivo destaca que a safra recorde de grãos prevista para este ano e os projetos de infraestrutura irão impulsionar o mercado. “Não será o suficiente para superar o volume vendido em 2011, mas deve ficar igual ou maior a 2010, nosso segundo melhor resultado”, afirma.
As medidas de incentivo do governo, a safra de grãos recorde e o reaquecimento da economia puxarão as vendas de caminhões este ano, diz Eronildo dos Santos, da Scania
Tânia Silvestri, diretora de vendas e marketing de Caminhões Mercedes-Benz, partilha da opinião de que a mudança foi mais desafiadora do que se esperava. “A transição para a tecnologia Euro V, somada à desaceleração da economia brasileira e situações como o atraso de algumas obras do PAC e a postergação das compras de veículos, nos apresentaram um cenário repleto de desafios”, detalha. A executiva acrescenta que, no entanto, durante o último trimestre do ano foi possível perceber uma tendência de melhoria da situação, apoiada por medidas do Governo Federal e a retomada da atividade econômica. Tania Silvestri cita, ainda, que ao longo de 2012 a performance de vendas do caminhão leve Accelo foi muito positiva. “No último, ano o Accelo figurou entre os modelos mais vendidos do mercado brasileiro”, aponta.
As projeções para o ano de 2013 indicam que o mercado de caminhões voltará a crescer, podendo alcançar um aumento de 10%, avalia Alcides Cavalcanti, da Iveco
ara 2013, a empresa espera a retomada das vendas. “Sabemos que este ano também será de desafios. No entanto, nossas expectativas são de reaquecimento da atividade econômica do País, e também do mercado de veículos comerciais. Acreditamos que as medidas do governo, as obras de infraestrutura, e as projeções de recorde na produção agrícola vão movimentar positivamente o mercado. Esperamos que o mercado total de caminhões acima de seis toneladas cresça cerca de 8%, atingindo um patamar de mais de 140 mil unidades no ano”, destaca.
Com a continuidade dos incentivos do Governo Federal mais as perspectivas de crescimento do País, o cenário é de otimismo, considera Marcel Bueno, da Ford
Outra empresa que aposta no crescimento do mercado para este ano é a Scania. Eronildo Santos, diretor de vendas de veículos da companhia, também acredita que as medidas de incentivo do governo, o recorde da safra de grãos e o reaquecimento da economia puxarão as vendas. Além disso, ele destaca que a confiança dos clientes pelos produtos Euro V é constante. “Acompanhamos de perto o crescente interesse dos clientes por estes equipamentos. É verdade que houve um receio com a linha de novos motores que a indústria passou a produzir. Esse fenômeno acontece em todos os países quando há mudança de legislação. Contudo, o relato de excelente desempenho dos caminhões dos grandes transportadoras no mercado fez avançar a confiabilidade nos produtos e assim novas empresas foram adquirindo suas unidades”.
Enquanto o mercado de caminhões viveu queda em 2012, a International registrou alta nas vendas e projeta crescimento de 6 a 7% no segmento de pesados
No ano passado, mesmo em meio a recessão do mercado, a Scania comemorou o crescimento da linha de semipesados. Segundo a companhia, os emplacamentos aumentaram 250% em comparação a 2011 (de 324 para 1.136 unidades). “Estamos trabalhando mais forte na categoria desde 2011 e esse reflexo foi comprovado no ano passado”, concluiu.
Na Iveco, as projeções também são positivas. Ainda mais porque, na avaliação da empresa, mesmo diante a queda do mercado as vendas de produtos da marca a mantiveram estável em termos de participação (8,7%). “Para este ano, as projeções já indicam que o mercado voltará a crescer, podendo alcançar um aumento de 10%”, destaca Alcides Cavalcanti, diretor comercial da Iveco. Segundo ele, as mudanças de legislação afetaram mais os caminhões semipesados e pesados devido a incerteza do transportador de encontrar o diesel S-50 e o Arla32 em todas as rotas rodoviárias em que esses veículos rodam. Cavalcanti também acredita que o segmento deverá reagir por conta das medidas do governo federal em relação à taxa de IPI e também das taxas atrativas do Finame, que deverão alavancar a renovação da frota.
Na Ford Caminhões, as projeções também seguem o positivismo. Segundo Marcel Bueno, supervisor de marketing e vendas da companhia, “o cenário de 2013 é de otimismo, com a continuidade dos incentivos do Governo Federal e com as perspectivas de crescimento do País, obras de infraestrutura, PAC, entre outros. Nossa expectativa para 2013 é de que a indústria cresça em torno de 10% em relação a 2012”.
Sobre a entrada dos veículos Euro V no mercado nacional, o executivo ressalta que “apesar de termos completado um ano do início da produção destes caminhões, as vendas efetivas destes modelos para a cobertura total da indústria, ou seja, considerando o término da fase de transição de Euro 3 para Euro 5, aconteceu apenas no início do segundo semestre de 2012. Assim, o tempo desta tecnologia no mercado ainda é baixo, mas os consumidores passaram por uma fase muito longa de adaptação e esse trabalho para mostrar todas as vantagens associadas à tecnologia para sua operação do dia a dia é contínuo”, comentou. Já para a International Caminhões, o ano foi de crescimento. Enquanto o mercado registrou baixa de quase 20%, a companhia atingiu uma alta de 35,9%, totalizando 522 unidades. Segundo a empresa, um dos setores que tiveram menor impacto nas vendas foram as aplicações diretamente ligadas ao agronegócio. Para este ano, as vendas devem crescer ainda mais. “Projeções indicam um avanço de até 7%”, informou a empresa.
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