Por João Geraldo
A Revista O Carreteiro foi lançada em julho de 1970, imediatamente após o Brasil ter conquistado o tricampeonato mundial de futebol, em partida disputada no México, dia 21 de junho, contra a seleção da Itália, e vencida por 4 x 1. Parte de uma família de revistas técnicas da Editora Abril, a publicação nasceu com o objetivo de levar informações para os motoristas de caminhão. Era um período de comunicação difícil, com o País governado pelos militares, e os carreteiros não contavam ainda com uma publicação específica para a categoria.
No formato 13,5 cm x 19 cm, o editorial de apresentação na primeira edição citava o problema do valor do frete, que existe até hoje. O texto dizia que os leilões de frete e as tarifas baixas eram queixas frequentes de carreteiros, mas não iam além das conversas de pequenos grupos em postos de beira de estrada ou nos balcões de transportadoras.
Os motoristas não contavam com associações ou entidades ativas para atender às suas reivindicações, mesmo assim eram vistos como heróis das estradas e, por essa razão, gozavam de mais respeito. Na época, a frota brasileira de caminhões beirava 640 mil veículos, cerca de 100 mil unidades a mais do que as 540 mil em circulação no ano de 1960.
Os modelos de caminhões montados no Brasil eram das marcas Mercedes-Benz, Scania, FNM, Chevrolet e Dodge, este último produzido pela Chrysler nas versões 400 e 700, equipados com motor a gasolina. A Chrysler foi o primeiro grande patrocinador da revista e, por conta disso, publicava inclusive as Histórias do Dodjão Vermelho, que aparecia como um herói das estradas, e outros personagens alusivos à atividade e à estrada.
Logo a publicação passou de trimestral a mensal, e seu comando foi transferido da Editora Abril para as mãos do norte-americano John Garner, fundador da GG Editora de Publicações Técnicas Ltda. Alguns anos depois houve nova troca de comando, até que, no final dos anos 80, o ingresso de novos sócios começou a ampliar ainda mais os horizontes da Revista O Carreteiro.
Em 40 anos de estrada, a publicação acompanhou o desenvolvimento do transporte rodoviário de cargas em seus diversos aspectos e registrou fatos e lançamentos relevantes ao meio, que tiveram influência sobre o setor. Foram décadas que transformaram totalmente a atividade no País, desde os caminhões pequenos, apertados e difíceis de serem dirigidos, até os amplos e potentes modelos atuais, sempre sob o guarda-chuva da tecnologia, a qual produz coisas que provavelmente não eram ainda imaginadas pelos carreteiros do início dos anos 70.
Com o passar dos anos, a profissão também foi sofrendo transformações e deixou para trás o lado romântico, pois apenas saber dirigir e conhecer caminhão e estradas passou a ser a exigência mínima na profissão. Na busca por produtividade e eficiência, e nessa nova forma de operar, o motorista passou a ser fundamental, tanto para o autônomo, dono do próprio negócio, quanto para os frotistas, que começaram a exigir também das montadoras caminhões mais específicos para suas aplicações.