Por João Geraldo

Há 35 anos, a frota brasileira se dividia em veículos de carga movidos por motores a diesel e gasolina. Em 1970, por exemplo, foram produzidos no País 38.388 caminhões e destes 17.150 eram equipados com motor a gasolina e 21.238 com propulsores a diesel. Quase dez anos depois (1979), as montadoras aderiram ao programa brasileiro do álcool e produziram 10.743 unidades até 1989. Estes dados constam no relatório da Anfavea, associação que congrega os fabricantes de veículos automotores.

Porém, em pouco tempo todas as montadoras adotaram por completo o motor diesel, que mostrou ser um produto eficiente para o setor do transporte rodoviário. Com a evolução técnica dos propulsores, e a necessidade de se ter combustível mais eficiente, não demorou para que as distribuidoras de petróleo, BR, Esso, Ipiranga, Shell e Texaco, lançassem no mercado seus produtos aditivados, no segundo semestre de 1993, após passar pela Cetesb, Ibama e o Departamento Nacional de Combustíveis (DNC).

Hoje, 12 anos depois, o desafio das distribuidoras de petróleo é garantir ao consumidor que das bombas dos postos que ostentam suas bandeiras saia apenas combustível de boa qualidade. A onda de adulteração, que tomou conta do mercado nos últimos anos, causa prejuízo aos transportadores e ao meio ambiente, porque danifica o veículo e polui o meio ambiente, respectivamente, além de lesar o bolso do consumidor.

A Esso, por exemplo, tem o programa Diesel Garantido a partir de 2003, o qual abrange o controle do combustível desde a sua produção até a chegada ao tanque do veículo. Os postos da rede devem realizar limpeza periódica dos tanques e usar elementos filtrantes duplos desenvolvidos exclusivamente para esta ação. É necessário também o uso de um manômetro com indicação que permita a observação imediata da condição de saturação do meio filtrante e de um visor de combustível para visualizar o diesel limpo. “Os postos da rede Esso que participam do programa Diesel Garantido são fiscalizados periodicamente por um laboratório independente”, acrescenta José Roberto Braga, gerente de vendas rodovias da empresa.

A
Shell, por sua vez, viu uma queda no volume de diesel adulterado nos postos de sua rede após a implantação do programa DNA, há quase três anos, período em que analisou milhares de amostras de diesel em seus laboratórios. Juliano Tamaso, gerente de combustível, lembra que o percentual de adulteração nos postos com a bandeira da empresa estão abaixo do patamar do mercado com 3,8%, enquanto a média registrada pela Agência Nacional do Petróleo –ANP– mostram 4,7% , em levantamento realizado entre o inicio de 2004 e abril deste ano. “É por isso que a Shell Brasil continua investindo na manutenção e melhoria do programa DNA”, acrescenta Haissa Carloni, do mesmo departamento de Tamaso.

A Texaco também tem um programa próprio de controle de qualidade dos combustíveis em sua rede de postos, cujos testes são realizados por empresa independente, em trabalho realizado através de amostras retiradas das bombas de combustível. “Os produtos devem estar em conformidade com as especificações regulamentadas pela ANP. Além dos testes de qualidade são feitos aqueles que garantem a origem do produto, que tem de ser cem por cento Texaco”, explica o coordenador de controle de qualidade, Rodrigo Almeida.

O Programa de Olho no Combustível, lançado pela BR Petrobras em 1996, para comprovar a qualidade do produto Petrobras e sensibilizar o revendedor e consumidor final, realiza testes na gasolina, óleo diesel e álcool comercializados nos postos da rede. Outra ação é o treinamento dos responsáveis pelo armazenamento e recebimento dos combustíveis, devolução de produtos, limpeza de tanques e filtros. O trabalho é realizado através dos LMQ – Laboratórios Móveis da Qualidade, equipados com materiais de análise para a realização dos testes no próprio posto.

A empresa conta também com os LIQs – Laboratórios Itinerantes de Qualidade, operados por químicos treinados para esta finalidade, com estruturas disponíveis nos Estados do Paraná, Santa Catarina, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Brasília, Goiás, Mato Grosso e Tocantins.

Carlos Eduardo Meirelles, gerente de divisão – marketing de lubrificantes, conta que a Ipiranga dispõe de 16 veículos-laboratórios para percorrer a rede de postos com a bandeira da marca credenciados pelo sistema de Controle de Qualidade Ipiranga. “No caso específico do óleo diesel, temos incentivado nossos revendedores a manter, além do tradicional filtro-prensa, o sistema de centrifugação que propicia a eliminação completa dos resíduos sólidos e da água”, explica.