Por Elizabete Vasconcelos
Após registrar queda de 19,5% nas vendas em 2012, a indústria de caminhões voltou a crescer em 2013 ao atingir a marca de 154.549 unidades licenciadas, a qual representou alta de 11,1%. Isoladamente, a categoria de pesados registrou maior crescimento, com o emplacamento de 55.886 unidades, 34,5% sobre o desempenho do ano anterior. Os números são da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos) e apontaram também queda de 15,8% e de 3,5%, respectivamente, nos segmentos de semileves e leves.

Malagrine
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As questões relativas ao Euro 5 e financiamento já foram resolvidas, por isso as vendas de caminhões devem crescer em 2014, analisa Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas a MAN Latin America

“Mesmo o mercado tendo registrado seu terceiro melhor resultado da história, foi um ano desafiador. Bom, mas poderia ter sido melhor. Quando imaginamos que o mercado se recuperaria – após a inclusão da tecnologia Euro V – tivemos algumas dificuldades, como, por exemplo, em questões econômicas que afetaram a liberação de financiamentos”, destaca Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da MAN Latin America.

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A redução dos juros, isenções tributárias e investimentos em infraestrutura, entre outros fatores, vão contribuir para o aumento das vendas, diz Phillip Schiemer, presidente da mercedes-Benz

De acordo com o executivo, é possível resumir o mercado da seguinte forma: “em 2012 comprou-se pouco caminhão por conta das incertezas do Euro V; em 2013 muitos clientes tiveram dificuldades em obter financiamento e em 2014 estas questões deverão ser acertadas. Por isso, as vendas tendem a crescer, mesmo que timidamente”. Pelas projeções da MAN Latin America, em 2014 o mercado geral aponta crescimento entre 5% e 8% e no caso específico da empresa, os resultados serão bastante influenciados pelo segmento de caminhões equipados com motores acima de 300cv de potencia. “Esse mercado foi o principal destaque no ano passado, com crescimento de 42% em relação a 2012. E neste ano deve continuar crescendo, puxado pelos setores de construção, coleta de lixo e distribuição de bebidas – por conta da Copa de 2014 – que, segundo projeções de mercado, deve impulsionar as vendas de bebidas”, explica. Por isso, segundo Alouche, o principal produto da empresa neste ano será o Volkswagen Constellation 420cv, lançado na Fenatran 2013.

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Bernardo Fedalto, diretor de caminhões da Volvo, acredita que o mercado de pesados e semipesados deve repetir os resultados de 2013, mas alerta que o Finame precisa voltar a funcionar normalmentedo Brasil

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Para a Mercedes-Benz, que teve 38.197 caminhões da marca emplacados, 2013 foi equilibrado. “Neste ano, esperamos crescimento moderado da atividade econômica do País e também aumento das vendas de veículos comerciais. Fatores como a redução dos juros, isenções tributárias, medidas de incentivos ao consumo, grandes investimentos em infraestrutura, finalização e entrega das obras ligadas à Copa do Mundo e as Olímpiadas de 2016, compras por parte do governo, além de novos recordes na produção agrícola vão movimentar positivamente o mercado. Por isso, esperamos que o mercado total de caminhões acima de 6 toneladas cresça entre 3% e 5%”, destaca Phillip Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO América Latina.

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Cargo - Executivos  marÁo 2011 Marcel Bueno
Para o supervisor de marketing da Ford Caminhões, Marcel Bueno, a movimentação na economia influenciada pela Copa do Mundo e Olimpíadas contribuirão para maior tilização de caminhões

Schiemer destaca que a empresa acredita no potencial brasileiro para continuar crescendo no longo prazo. No entanto, acrescenta que o Brasil está cada vez mais competitivo. “Há mais competidores brigando para conquistar participação de mercado e dessa forma os resultados são cada vez mais ameaçados. Por isso estabelecemos estratégias de crescimento e eficiência para aumentar ainda mais a competitividade”, ressalta o executivo, destacando também os planos de investimento de R$ 1 bilhão nas fábricas de São Bernardo do Campo/SP e de Juiz de Fora/MG, nos anos de 2014 e 2015.

ROBERTO LEONCINI
ROBERTO LEONCINI
STREAMLINE 2013
Se há mercadorias a serem transportadas há demanda por caminhão, destaca o diretor geral da Scania, Roberto Leoncini, acrescentando que o agronegócio alavancou as vendas de pesados em 2013

Na avaliação da Volvo do Brasil, 2013 foi bastante positivo. Bernardo Fedalto, diretor de caminhões, diz que a empresa manteve a participação de 27% no segmento de pesados e cresceu de 10% para 12% no mercado de semipesados. “Neste segmento o mercado contabilizou o 3º melhor resultado da história”, destaca. Fedalto ressalta também que somando os dois segmentos a empresa subiu de 18% para 20% de participação em um ano.

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Marco Borba - Estande Iveco Fenatran 2013 (Foto: Divulgacao)
O vice-presidente da Iveco, Marco Borba, demonstra otimismo e lembra que o Brasil tem demandas, irá crescer e puxará todos os setores da economia, mas é preciso ter regras claras de financiamento

“Para 2014, prevemos um mercado muito parecido com 2013. Deverá haver repetição nos resultados (em torno de 105 mil unidades emplacadas). A única mudança que pode acontecer é de as vendas se concentrarem mais no 1º semestre por conta, talvez, da Copa 2014 e das eleições”, explica. No entanto, na avaliação de Fedalto, todo este cenário irá se confirmar apenas se o Finame – que passou por recentes mudanças voltar a funcionar normalmente. Em novembro, o governo anunciou algumas alterações nas regras do PSI. Com isso, os juros para aquisição de caminhões e ônibus passou para 6%, ante os 4%, sendo que os níveis de financiamento passaram para 90% às pequenas e médias empresas e para 80% às grandes, ante 100 e 90 por cento, respectivamente. “Mas estamos tranquilos quanto a isso, porque o BNDES sabe da importância de ter o Finame eficiente para atingirmos estes resultados, se não, tudo terá de ser revisto”, conclui.

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Fred Petroff, diretor de vendas da International, destaca que o número de dias será reduzido este ano, mas acredita que a expectativa por novos recordes de produção manterá o mercado acelerado

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A Ford também vê 2013 como um período positivo. “Obtivemos grande destaque no segmento de caminhões leves (entre 6 e 11 toneladas) com o modelo C-816, que fechou o ano como o modelo mais vendido no segmento, com 20,6% de participação. Outro destaque foi no segmento de semipesados 6×2, com crescimento de 2,6%, o mais expressivo no segmento, com um total de 20,4%, com destaque para o modelo C-2429”, ressalta Marcel Bueno, supervisor de marketing da companhia.

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Em 2014 vamos concentrar esforços no estabelecimento da rede de concessionários e no crescimento gradativo da produção, diz Jorge Medina, diretor de marketing da DAF Brasil

Para este ano, Bueno acredita que a indústria poderá crescer 5%. “Toda a movimentação na economia influenciada pela Copa do Mundo de Futebol certamente irá contribuir com as operações logísticas e de distribuição. Quanto às Olimpíadas de 2016, os investimentos em infraestrutura também contribuirão para a maior utilização de caminhões”, analisa.

A Scania, por sua vez, registrou o melhor ano de emplacamentos de caminhões fora de estrada, além de ter conquistado a liderança no segmento de pesados com o modelo R 440, que alcançou 18% do mercado. Além disso, a empresa atingiu a marca histórica de 1.715 unidades emplacadas no segmento de semipesados. “O agronegócio alavancou as vendas dos caminhões pesados. O transporte de carga industrial e o crescimento da própria indústria automotiva também contribuíram para o aumento dos emplacamentos. Além do aumento da renda das famílias que vêm comprando mais e influenciando também no segmento dos caminhões semipesados”, destacou Roberto Leoncini, diretor-geral da Scania no Brasil.

Sobre 2014, o executivo ressaltou que a empresa vai manter sua posição de oferecer soluções para os clientes. “As obras para a Copa 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 ajudam a aumentar as vendas de caminhões, assim como o aumento da infraestrutura da mobilidade urbana. A lógica do mercado é simples: se há mercadorias a serem transportadas há demanda por caminhões”, sintetiza. O resultado do mercado em 2013 ficou também dentro das expectativas para a Iveco. Ainda assim, o desempenho no segmento de extrapesado chamou a atenção. “O Iveco Hi-Way, lançado em agosto do ano passado, teve grande aceitação do mercado. Dois meses após seu lançamento no Brasil, já tínhamos comercializado toda a produção para 2013”, comemora Marco Borba, vice-presidente da Iveco. Quanto ao desempenho deste ano, Borba é otimista.

“Eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olímpiadas de 2016 podem, sim, influenciar os resultados do setor de caminhões. Mas ainda é muito prematuro para se projetar percentuais de crescimento. O mais importante a considerar é que o País tem demandas e necessidades prementes de crescimento, principalmente em obras de infraestrutura. Se fizermos o nosso dever de casa, independente dos eventos esportivos, o País irá crescer e puxará todos os setores econômicos. E o setor de transportes está atrelado a todos os setores que deverão crescer, como agronegócio, mineração, construção, indústria e comércio. Também precisamos ter regras claras com relação ao financiamento dos veículos – nos últimos meses houve muita confusão a respeito deste assunto, o que acabou afetando o mercado”, avalia.

Para a International, o ano de 2013 foi importante para a consolidação da marca no País. “Inauguramos nossa fábrica, expandimos nossa rede – abrindo lojas e postos de serviços nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, fundamentais para nossa atuação – e conquistamos clientes significativos para nossa estratégia de crescimento”, destacou Fred Petroff, diretor de vendas da companhia. De acordo com ele o ano passado foi importante para consolidar o modelo semipesado DuraStar, o qual registrou um crescimento acima de 200% sobre os resultados de 2012.

O executivo acredita que o ano de 2014 será atípico. “Com a Copa do Mundo, o número de dias de vendas será reduzido. Mas a expectativa por novos recordes na produção agrícola e os investimentos em infraestrutura deverão manter o mercado acelerado em 2014. Somado a isso, o PSI – que apesar do reajuste continua competitivo – e a possibilidade de um programa nacional de renovação de frota, poderão movimentar ainda mais o mercado durante o ano”, finaliza.

Para a DAF, o ano de 2013 marcou o início de suas operações no mercado brasileiro, com a produção do modelo XF105, em fábrica instalada na cidade de Ponta Grossa/PR as primeiras unidades foram entregues aos clientes no início desse ano. Em 2014, de acordo com projeções da companhia, os esforços estarão concentrados no estabelecimento da Rede de Concessionários. “Nossa fábrica, também aumentará gradativamente a produção, seguindo a demanda do mercado brasileiro. Esperamos atingir nossas metas comerciais, oferecendo uma experiência de compra e pós-venda de classe mundial, seguindo os mais rigorosos padrões da marca no mundo”, disse Jorge Medina, diretor de marketing da DAF Brasil.

Na avaliação do executivo, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 podem também influenciar positivamente o mercado. “Ambos os eventos estimulam a criação de projetos de infraestrutura, ligados a segmentos chave para os nossos negócios no Brasil. Tanto o XF105 quanto o futuro modelo que lançaremos no Brasil, o CF, possuem ótimo desempenho no setor de construção. Nesse sentido, os eventos esportivos que o Brasil sediará podem influenciar nos resultados comerciais para a DAF no Brasil”, conclui Medina.