Por João Geraldo
O transportador de cargas rodoviárias, seja ele autônomo, agregado, ou frotista, espera de cada lançamento da indústria brasileira de caminhões mais do que um novo produto no mercado. Isso porque o veículo já sai da linha de montagem com sua missão definida e deve agregar capacidade técnica para cumpri-la com eficiência. Feito sob medida, o caminhão atual traz uma carga de tecnologia distribuída em toda sua extensão, a qual se traduz ao atender as expectativas do cliente nos quesitos desempenho, conforto e segurança, entre outras exigências.
Um desses novos produtos é o Constellation 25.370 6X2, um caminhão da família de extrapesados da Volkswagen, a qual inclui também outras duas versões, a 19.370 4X2 e a 31.370 6X4, e que juntas formam uma “nova geração” de produtos da marca. Como destaque principal, é equipada com um moderno motor de 367cv de potência, o NGD 370, produzido pela MWM International, na cidade de Canoas/RS. Para equipar a nova família Constellation, este propulsor passou por certas alterações, após trabalho desenvolvido em parceria com o departamento de engenharia da Volkswagen.
Após rodar com uma unidade cedida pela Volkswagen Caminhões e Ônibus à Revista O Carreteiro, ficou a constatação de que se trata de um motor “valente”, que surpreende com sua litragem pouco acima de nove mil cm3. Se mostrou eficiente para tracionar – em boa velocidade de cruzeiro (entre 70 e 80 km/hora) – um conjunto bitrem carregado no peso de balança – 57 toneladas de PBTC.
Mas cabe acrescentar que em termos de desempenho o veículo não pode ser comparado a outros modelos com motores de maior litragem e maior potência para arrastar a mesma carga, itens pelos quais o transportador tem de pagar mais também, caso os queira. Além disso, depois que o motorista se torna mais íntimo do Constellation – e aprende a trabalhar com ele – passa a tirar maior proveito do trem de força e a mantê-lo em bom ritmo na estrada sem forçar o equipamento ou penalizar o consumo.
O motor NGD 370 tem também como destaque – entre outros detalhes técnicos – o turbo com o sistema de geometria variável, uma tecnologia que faz a diferença no desempenho do veículo, conforme foi verificado durante uma viagem realizada pela equipe da Revista o Carreteiro.
É provável que os carreteiros ainda vão ouvir muito pelas estradas falar sobre turbo de geometria variável. Em poucas palavras, o turbo-compressor está atrelado a um sistema de comando eletrônico que varia continuamente o ângulo de abertura de suas palhetas. Isso ocorre conforme o motor é exigido. E no caso específico do motor do VW Constellation, o turbo-compressor Multi Turbo System (MTS), nome dado pela montadora para identificá-lo e diferenciá-lo dos demais, possibilita maior rapidez e eficiência nas respostas do motor aos comandos do carreteiro.
O sistema MTS executa também a função de freio motor no escapamento através de um recirculador e resfriador que aproveita parte dos gases da exaustão, a qual retorna à câmara de combustão e produz a combustão a temperaturas mais baixas e com menos emissões de poluentes. Enfim, trata-se de um motor que dá conta do recado.
Durante nossa viagem, foi possível perceber também – nos trechos de rodovia em declive – a performance do freio motor de 360cv de potência. O sistema é integrado eletronicamente à turbina, tem atuação no cabeçote do motor, e opera em duas fases. Denominado de Dual Power Brake (DPB), proporciona aumento na velocidade média operacional, na potência de frenagem e na velocidade em declives. Tudo isso com menos trocas de marchas, conforme comprovamos ao descer trecho de Régis Bittencourt (BR-116) conhecido como Serra dos Noventa, entre a capital paulista e o Vale do Ribeira/SP.
O VW Constellation conta também com uma transmissão reconhecida pelo mercado como um produto eficiente. É a ZF 16S 1685TD, com 16 velocidades sincronizadas, cujo escalonamento de marchas é favorável ao carreteiro, pois o ajuda nas rotas de longas e médias distâncias, com menos trocas de marchas. É uma caixa fácil de trabalhar, com engates suaves e precisos. Isso se deve, em parte, ao sistema de engate pneumático, que associado ao pedal da embreagem não exige esforço do pé do carreteiro, e torna a condução mais agradável.
Outro item que merece destaque no Constellation 19.370 6X2 é o levantamento parcial – ou total – do terceiro eixo para dar maior tração ao veículo, porque parte do peso da carga é transferida para o eixo de tração do cavalo-mecânico. Este recurso é acionado através de um botão no painel de controle do veículo. Também merece destaque o sistema de bloqueio transversal do diferencial, item de série na versão 25.370. Este recurso proporciona maior tração ao veículo nos trechos de subidas e o acionamento é feito através de simples toque do motorista em um botão no painel.
Outra característica importante do veículo é o conforto e o silêncio que imperam a bordo da cabine com o veículo trafegando em velocidade média de 70/80km/hora. É uma condição que se deve ao sistema de suspensão da cabine bem resolvido, que conta com amortecedores frontais e traseiros com regulagem e evita as vibrações que incomodam o motorista e ajudante, principalmente nas viagens mais longas. O sistema é de série no Constellation 25.370.
Além do espaço e conforto que disponibiliza para os ocupantes, itens que são motivo de orgulho da Volkswagen em relação à cabine da linha Constellation, o ambiente interno é bem ventilado, principalmente em razão do teto alto com escotilha. Esta cabine tem garantia de fábrica de seis anos contra corrosão.
O console – cuja tampa se transforma em uma mesinha quando fechada – incorpora espaço porta-trecos e complementa com sobra outros espaços no interior da cabina, como os bolsões nas portas – destinados a guardar objetos e documentos da carga e do caminhão – e os nichos na parte superior frontal. O volante de direção – com quatro raios e bom diâmetro – oferece várias posições de regulagem, enquanto o painel de instrumentos, por sua vez, é simples e descomplicado, oferece boa visibilidade para o motorista e disponibiliza todas as funções necessárias para a operação do caminhão.
A parte analógica do painel de instrumentos conta com velocímetro, conta-giros e marcadores de pressão do freio, da temperatura do motor, da pressão do óleo e combustível, enquanto outras informações geradas pelo computador de bordo são acessadas pelo menu, e aparecem num display também de boas dimensões. “Menos não compensa e mais também não é preciso”, expressou, satisfeito, ao final da viagem, nosso motorista, ao parafrasear a propaganda da VW.
FICHA TÉCNICA | |
MOTOR | |
Modelo | NGD 370 – Turbo e Intercooler |
Tipo / Cilindrada | 6 cilindros em linha /9.354 |
Potência líquida máxima | 367cv (273kw) a 2000rpm |
Torque máximo kgm | 163,3 (1600NM) – 1.100 |
-1.400rpm | |
Sistema de Injeção | Hydraulic Eletronic Unit Injector |
(HEUI) | |
TRANSMISSÃO | |
Caixa de mudanças | ZF 16S 1685 TD com resfriador |
de óleo | |
Número de marchas | 16 à frente sincronizadas e |
duas à ré | |
Relação | 1a 16,41:1/2a 13,80:1/3a 11,28:1/4a 9,49:1/5a 7,76:1/6a 6,53:1/7a 5,43:1/8a 4,57:1/9a 3,59:1/10a 3,02:1/11a 2,46:1/ 12a 2,08:1/13a 1,70:1/14a 1,43:1/15a 1,19:1/16a 1,00;1 – Ré 15,36:1 e 12,92:1 |
EIXOS TRASEIRO MOTRIZ | |
Modelo | Méritor MS 23 185 |
Relação de redução simples | 3,42:1 |
RODAS E PNEUS | |
Aro das rodas | 8,25 X 22,5 |
Pneus | 295/80 R 22,5 |
VOL. DE ABASTECIMENTO | |
Tanque de combustível | Em alumínio. 1 de 380 l + 1 |
de 240 l = 620 l | |
Cárter | 44 l com filtro e 40 l sem filtro |
Caixa de mudanças | 13,0 l |
Eixo traseiro | 21,0 l |
PESOS (CAPACIDADE TÉCNICA) | |
Eixo dianteiro | 6.100kg |
Traseiro | 22.000 kg |
Total admissível | 28.100 kg |
PBT homologado | 23.000 kg |
PBTC | 57.000 kg |
Capac. Máx. de tração | 60.000 kg |