Modelos das marcas Volkswagen, Ford, Scania e Volvo encerraram o ano de 2017 como os caminhões mais emplacados em diferentes categorias e faixas de carga. Independente dos números já consolidados ano passado, a expectativa para 2018 é de crescimento no volume de emplacamentos de veículos de carga
Por Andrea Ramos
Apesar do volume tímido, o total de caminhões licenciados em 2017 cresceu em relação ao ano anterior. Isso depois de três anos seguidos de queda. Os números fecharam com 51.941 unidades vendidas contra as 50.559 unidades de 2016, aumento de 2,7%, segundo dados da Anfavea, associação que reúne fabricantes de veículos automotores instalados no Brasil.
O grande salto da indústria de caminhões em 2017 aconteceu no último trimestre do ano passado, quando os emplacamentos tiveram aumento de 47% em relação ao período anterior. O resultado pode ser creditado em maior parte à Fenatran, a feira nacional do transporte, evento onde tanto os fabricantes de veículos, quanto de implementos rodoviários e outras empresas do setor conseguiram alavancar negócios.
Há bons sinais no ar, pois até mesmo a Anfavea acredita que a partir desses bons resultados a cena mude de vez a partir deste ano. Tanto é assim que a expectativa de crescimento é da ordem de 25%, o que resultaria num número próximo a 80.000 caminhões emplacados. E o agronegócio será o ator principal para que essa cena se concretize.
“A safra vai ajudar a vender mais modelos extrapesados, mas esperamos a recuperação também de outros segmentos, como o de veículos para entregas urbanas, cujas vendas caíram muito nos últimos anos. De qualquer forma, o percentual de crescimento esperado é alto porque o volume ainda é muito baixo”, conta Luiz Carlos de Moraes, vice-presidente da Anfavea e diretor de relações institucionais da Mercedes-Benz do Brasil.
LEVES
Em 2017, quem se destacou na c ategoria de caminhões leves foi a MAN Latin America com dois modelos da família Delivery, a linha de entrada da Volkswagen. Foram vendidas 2.425 unidades da versão de 8 toneladas e tal resultado permitiu à fabricante repetir o mesmo feito de 2016 e posicionar o 8.160 no topo do ranking de vendas. Importante ressaltar que o modelo teve número mais expressivo em 2016, quando atingiu 3.236 unidades.
Em contrapartida, ano passado a MAN estreou na vice-liderança com um outro membro da família Delivery, o Volkswagen 10.160, que vendeu 2.141 unidades. Com isso, ela tirou o posto do Mercedes-Benz Accelo 1016, que havia emplacado 2.116 unidades em 2016, ocupando, até então, a segunda posição no ranking.
Um dos maiores predicados do Delivery 8.160 é a sua pouca desvalorização. Neste último ano, o modelo desvalorizou apenas 6,16%. Segundo a Fipe, o preço da versão 2017 é de R$ 113.178, enquanto que um 0 km custa R$ 120.603,00. Além disso, sua boa fama se deve à versatilidade. O veículo é disponibilizado em três opções de entre-eixos ( 3.300 mm, 3.900 mm e 4.300 mm) e conta com motor Cummins que também ajuda na procura pelo modelo, graças a sua simplicidade na hora de fazer a manutenção. Esse propulsor, de 3,8 litros, desenvolve de 160 cv de potência a um pico de rotação de 2.600 rpm. O torque, por sua vez, ajustado às operações urbanas, é de 61,1 mkgf de 1.300 a 1.700 rpm.
MÉDIOS
Na categoria de caminhões que pega a faixa a de 10 a 15 toneladas de PBT não houve mudanças significativas em 2017. O Ford Cargo 1119 se manteve na liderança e em relação ao ano de 2016 ganhou novos adeptos. Foram 1.094 unidades vendidas em 2017, as quais lhe garantiram participação de 30,55% no segmento. Contudo, se comparar ao ano de 2016, o Cargo 1119 vendeu 81 unidades a mais este ano.
Com PBT (Peso Bruto Total) de 10.510 kg, pela classificação da Anfavea o modelo da Ford pode ser classificado como caminhão médio. Con‑tudo, ele foi desenvolvido com o objetivo de atender e suprir uma demanda do mercado por veículos capazes de carregar maior densidade dentro da distribuição urbana. Com relação ao seu PBT superior, a engenharia da Ford justifica que o modelo possui atributos de um caminhão leve. A ideia é ter maior aproveitamento do produto, sem perder suas características, tanto é que ele tem capacidade para 7.164 kg de carga útil num baú convencional, por exemplo.
O caminhão é destinado às aplicações urbanas e interurbanas de curtas distâncias, sendo indicado para uso com baú isotérmico, baú frigorífico, carga seca, guincho, plataforma e bebidas, por exemplo. Por ser um caminhão de dimensões compactas, além da vantagem de ter 700 kg a mais de capacidade de carga em relação aos competidores de 10 t, ele pode entrar com mais mercadorias em ruas estreitas, comuns nas grandes capitais, tornando-se uma opção bastante competitiva, se levar em conta as inúmeras atividades em que ele pode ser aplicado.
Trata-se de um caminhão cujas características técnicas o levam à condição de produto preferido entre os frotistas. Um modelo zero quilômetro custa R$ 129.611, enquanto uma versão produzida em 2017 sai por R$ 110.802, o que lhe rende uma desvalorização de 14,51%.
SEMIPESADOS
É possível que nem a MAN Latin America imaginasse que 11 anos mais tarde o seu representante semipesado, o Constellation 24.280 6×2, estaria ocupando o topo do ranking de vendas por tantos anos consecutivos. E em 2017 o modelo repetiu o desempenho, com 2.091 unidades vendidas que lhes garantiram participação de 14,77% de mercado.
Com preço sugerido de R$ 209.463,00 para o 0 km, e R$ 191.000,00 para um modelo fabricado em 2017, aparentemente a desvalorização não é elemento capaz de afugentar o transportador. O 24.280 é equipado com motor que dispensa o uso de Arla 32, característica técnica que o torna único modelo em sua categoria com propulsor com tecnologia EGR de emissões. Esse motor MAN D08 de 6 cilindros em linha, entrega 277 cv de potência a 2.300 rpm e seu torque é de 107,1 mkgf de 1.100 a 1.700 rpm.
O modelo da marca Volkswagen oferece ainda caixa de transmissão manual de 9 velocidades e opção também para versão com câmbio automatizado de 6 marchas, ambos fornecidos pela ZF. A unidade manual ganhou melhorias como o acionamento a cabo e servo assistência, mudanças que simplificam e suavizam as trocas de marchas. A caixa tem ainda um sensor de proteção contra erros de operação, o qual preserva o trem de força durante a mudança de velocidade. Cabe destacar também, o sistema de freio melhorado, que passou a contar com freio motor de cabeçote EVB, com cerca de 200 cv de potência.
PESADOS
Nessa categoria, a disputa mais acirrada acontece entre os cavalos mecânicos das marcas Volvo e Scania, sendo que a segunda tem levado vantagem em razão do modelo R440. Pelo menos tem sido assim nos últimos dois anos. Em 2017, por exemplo, a marca do grifo vendeu 3.033 unidades –1.128 unidades a mais em relação à 2016 quando emplacou 1.905 modelos. Obviamente, por causa do agronegócio, os números são puxados pela versão 6×4 – configuração mais vendida no Brasil entre cavalos mecânicos pesados.
O torque do motor Scania é o seu maior tesouro: 235 mkgf de 1.000 a 1.300 rpm – e que agrada bastante aos transportadores e motoristas.
Não por acaso, a Volvo parece querer promover o seu caminhão FH 540 (o segundo colocado nesse ranking de vendas em 2017) e que po ssui maior potência e, obviamente, mais torque. E neste caso também as vendas são mais expressivas para a versão traçada do modelo. Contudo, essa impressão se comprova se comparar o preço do FH 540 cujo o torque é de 265 mkgf de 1.050 a 1.450, com a do FH 460 com torque de 235 mkgf na faixa de 1.000 a 1.400 rpm, ambos 6×4.
Em pesquisa baseada na tabela Fipe, o Volvo FH 540 6×4 0 km custa R$ 377.252, enquanto o FH com motor de 460cv, também 0km, tem preço de R$ 379.386. Se levar em conta que o FH 540, além de mais motor entrega mais torque, ainda com a vantagem de custar cerca de R$ 2 mil reais a menos, faz sentido acreditar que o preço é o maior motivo pelo qual o modelo de 540 cv terminou o ano na segunda posição em emplacamentos, com 2.008 unidades, seguido pelo FH 460 com 1.956 unidades.
No que se refere à desvalorização, o FH 540 ainda leva mais vantagem em relação ao modelo com motor de 460cv. O FH 540, ano 2017, custa R$ 355.191, uma desvalorização de 5,85% frente ao 2018. Já o 460, modelo 2017, por custar R$ 336.753 perde mais valor em relação ao 2018, desvalorizando 11,24%.
MERCEDES CRESCE NOS EXTRAPESADOS
A Mercedes-Benz também teve resultados para comemorar em 2017 no segmento de caminhões. Um dos destaques da empresa ano passado está no desempenho dos extrapesados da marca, segmento no qual tem trabalhado bastante para aumentar sua participação. Das 4.914 unidades de modelos Actros e Axor licenciados durante 2017, 1.498 foram da linha Actros. Para a empresa há motivos para comemoração, pois em 2016 os modelos desta família tinham alcançado a marca de 934 caminhões.
Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas, marketing e peças & serviços caminhões e ônibus da Mercedes-Benz, explica que do total emplacado foram 2.839 unidades rodoviárias e 2.075 fora de estrada, segmento no qual ele afirmar que a marca consolidou a liderança com 860 unidades licenciadas do Axor 3344 6X4. Entre os estradeiros, ele destacou as 719 unidades emplacadas do Actros 2651 6X4.