Mais eficiente, seguro e confortável. Estas são algumas das características do protótipo de caminhão conectado apresentado pela Ford na Fenatran, um veículo semiautônomo, com diversos recursos tecnológicos, que alguns anos deverá estar em operação. Com caminhões para atender os diferentes segmentos de carga, a montadora destacou também novidades de veículos vocacionais na faixa de 17 a 24 toneladas de PBT
Por João Geraldo
Em meio a uma avalanche de novidades tecnológicas para o setor do transporte rodoviário de cargas, a Ford apresentou o Connect, um modelo Cargo 2429 8X2 que mostra como e o que farão os caminhões conectados dentro de alguns anos. Com o advento de tecnologias de conectividade, os veículos de carga serão muito mais eficientes, seguros e confortáveis. Em seu projeto, a Ford apresenta 13 soluções, sendo que algumas delas já são conhecidas e disponibilizadas no mercado.
Um deles é o sistema autônomo de frenagem de emergência, o qual por meio de radar e câmera é capaz de detectar um obstáculo à frente, prepara o veículo para a frenagem de emergência e alerta o motorista. Caso o condutor não responda, o próprio sistema realiza uma frenagem parcial e caso não aja uma ação do condutor o sistema faz a frenagem autônoma de emergência.
Outros recursos do veículo conectado são o alerta de ponto cego, assistente de permanência em faixa, piloto automático adaptativo, alerta de fadiga e monitoramento 360 graus com quatro câmeras instaladas na frente e laterais do caminhão, as quais são conectadas diretamente a uma central de operações.
As tecnologias do veículo aumentam sua segurança e produtividade em todas as fases da operação, desde rodagem em áreas urbanas e rodoviárias, paradas de descanso, manutenção e carregamento e descarregamento. Nestes dois últimos itens, quatro sensores instalados no chassi permitem o monitoramento da carga transportada em tempo real e on-line. Esta solução ajuda no cumprimento da Lei da Balança e na distribuição correta da carga sobre o veículo. Pode ser usado para comprovação e cobrança do volume transportado, além de evitar o excesso de peso e o consequente desgaste de componentes do caminhão mais rapidamente.
Outro recurso é o ajuste automático de torque e potência, o qual combina os dados da carga e torque do motor, da transmissão e velocidade do caminhão. O sistema calibra automaticamente a potência e o torque do motor para obter o melhor desempenho com menor custo em cada condição de rodagem. “Além de economizar combustível, reduz o desgaste e aumenta a durabilidade do equipamento”, complementa João Pimentel.
Item já incluso nos pacotes de serviços conectados anunciados por outros fabricantes de caminhão (Mercedes-Benz, Scania e Volvo), o desempenho do motorista também pode ser avaliado em detalhes e ser comparado com o de outros condutores ou de caminhões semelhantes. Esse recurso, como se sabe, possibilita o melhoramento do comportamento na direção e pode servir de parâmetro para – no caso de empregados de frotas – remuneração ou premiação dos condutores com melhor desempenho.
Toda a inteligência agregada ao veículo vai abrir caminho para condução autônoma, conforme dizem especialistas da indústria de caminhões. O diretor de operações da Ford Caminhões América do Sul, João Pimentel, explica que o Cargo Connect tem também soluções voltadas à produtividade como, por exemplo, o gerenciamento inteligente de carga, sistema de leitura de placas de trânsito, ajuste automático de torque e potência, sistema de diagnóstico preventivo e um aplicativo que mede o desempenho do motorista.
O executivo lembra que se tratam de soluções já desenvolvidas para outros segmentos de veículos, as quais podem agregar segurança e produtividade antes da chegada dos caminhões totalmente autônomos. “O Cargo Connect traz uma visão de caminhão conectado, com tecnologias inteligentes de direção semiautônomas que podem ser lançadas no período entre três meses e três anos”, acrescentou
Ainda de acordo com Pimentel, o projeto é focado principalmente no segmento de caminhões leves e médios para atender pequenos frotistas e carreteiros autônomos, públicos que na visão da companhia são carentes de inovações em suas rotinas. O protótipo apresentado pela Ford na Fenatran foi desenvolvido em parceria com a Bosch, Autotrac, Cummins e Eaton. Também participou do projeto o Instituto PARAR, que lidera iniciativas e discussões sobre educação no trânsito valorização da vida nas cidades e estradas.
Outros modelos da marca expostos na feira foram os leves 816 e 1119, médio 1519, os pesados Torqshift 2429 e 1933 e o extrapesado 2841, todos da linha Cargo. A montadora destacou também os vocacionais desenvolvidos para aplicações especiais, entre os quais relacionou os modelos da linha Cargo 1723 Torqshift com autotanque de gás, 2629 6X4 betoneira, 2429 6X2 Torqshift (para distribuição de bebidas) e Cargo 1723 8X2 Torqshift Kolector, para coleta de resíduos. A montadora divulga que se trata do primeiro modelo do mercado com essa configuração de tração e caixa de câmbio automatizada. No estande da empresa ficou exposto também um Ford F-450 Super Duty, com motor 6,7 litros e 440cv de potência, produzido nos Estados Unidos.
BONÉ INTELIGENTE
Na aparência não há diferença de um boné comum, mas na realidade é um dispositivo equipado com sensores capazes de interpretar os movimentos de cabeça do motorista e evitar acidentes. Isso é possível porque o alerta é feito pela geração de três tipos de sinais: vibratório, visual e sonoro. A novidade foi apresentada pela Ford como parte da comemoração dos 60 anos de produção de caminhões no Brasil.
Segundo informações da Ford, o primeiro passo para a criação do “boné alerta” se deu com a realização de um estudo para identificar os movimentos do motorista de caminhão relacionados à sua rotina normal de trabalho e os que indicam que ele está com sono. Posteriormente esta base de dados foi transferida para uma unidade central de processamento do boné, a qual funciona conectada a um acelerômetro e um giroscópio para identificar cada tipo de situação.
Ainda em fase de testes, o protótipo do boné foi testado durante oito meses por um grupo de motoristas, por mais de cinco mil quilômetros em condições reais de rodagem. O dispositivo foi apresentado também para autoridades de tráfego e estudos do sono, os quais, segundo a Ford, reconheceram o potencial para auxiliar na prevenção de acidentes nas estradas. Sem planos para produção e comercialização a curto ou longo prazo, a Ford divulgou ter interesse em dividir essa tecnologia com parceiros e clientes para avançar no seu desenvolvimento e viabilizar a introdução no mercado.
O presidente da Ford na América do Sul, Lyle Watters, destacou que a empresa é a primeira montadora a pensar na “tecnologia de vestir” para utilização enquanto o motorista está ao volante do caminhão, e que pode contribuir para a redução de acidentes. “Dessa forma reforçamos nosso compromisso de trazer tecnologia embarcada não somente para veículos, mas também acessórios capazes de facilitar a vida do motorista, e o foco na segurança como prioridade nos nossos investimentos em tecnologia”, concluiu o executivo.