Por Daniela Giopato
Com a chegada do inverno, as condições meteorológicas são desfavoráveis à dispersão de poluentes e o carreteiro que não estiver com o caminhão regulado enfrenta mais um problema além dos velhos conhecidos: a fumaça preta, que além dos efeitos maléficos da poluição, provoca a redução da visibilidade.
Esta fumaça – resultado da queima de combustível incompleta – é composta basicamente por carbono (fuligem) e a suas partículas que causam graves danos à saúde, como irritação nos olhos e garganta, redução da resistência às infecções, além de doenças crônicas que colocam em risco a qualidade de vida dos habitantes das áreas metropolitanas, já que o organismo humano não consegue retirar as partículas do corpo. Além disso, provoca descoloração e corrosão de materiais, além de afetar os vegetais.
De acordo com informações da Cetesb, o Estado de São Paulo detêm aproximadamente 40% da frota automotiva do País. ” A frota motorizada chegou a aproximadamente 13,8 milhões de veículos, em dezembro de 2002, dos quais 1,01 milhões seriam com motor diesel, ou seja, caminhões, ônibus microônibus, picapes e vans”, diz o gerente do setor de operações da Cetesb, Moacir F. da Silva, baseado nos dados da Prodesp – Companhia de Processamentos de Dados do Estado de São Paulo.
Não há como negar que a questão é séria. Mas, também é verdade que muitas ações estão sendo desenvolvidas a fim de controlar e até diminuir a emissão de fumaça preta. A Cetesb, por exemplo, iniciou, em 1988, um programa de controle dessas fuligens e utiliza a escala Ringelmann para verificar o nível de emissão dos veículos em qualquer condição de operação do motor. Durante os meses de maio a setembro, a fiscalização é intensificada pela Operação Caça-fumaça. “É oportuno lembrar que o índice de desconformidade em 1995 era da ordem de 45%, ou seja, a cada dois veículos a diesel um estava desregularizado. Estes valores foram revertidos ao longo dos anos e resultou em 2003 num fechamento com índice de desconformidade de aproximadamente 5,8%”, ressalta Moacir. O valor da multa, atualizado em fevereiro de 2004, é de R$ 749,40.
Com o objetivo de reeducar os motoristas o órgão criou trabalhos de caráter preventivo, os quais auxiliam na redução de multas por conta do excesso de fumaça preta. São eles o programa de conscientização dos condutores de veículos diesel, programa de melhoria da manutenção veicular diesel e programa de gestão ambiental e autofiscalização. “Com todo esse esforço obtivemos significativa melhora na frota diesel em circulação”, afirma Moacir.
O Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), instituído pelo Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente -, em 1996, estabeleceu um cronograma de redução gradual da emissão de poluentes para veículos leves (automóveis) e pesados (ônibus e caminhões).
A partir de 2006, todos os modelos produzidos no Brasil deverão ter injeção eletrônica de diesel. Isso porque, será necessário atender os limites de emissões veiculares do Proncove P-5, cujos valores, os motores só conseguem atender com injeção eletrônica de diesel.
Apesar do acréscimo de aproximadamente 15% no valor final do caminhão, o gerenciamento eletrônico traz alguns benefícios para os carreteiros e ao meio ambiente, tais como a facilidade de manutenção, economia de combustível, melhor funcionamento e redução de fumaça preta, já que há um maior aproveitamento do diesel.
O problema é grave e não faltam pessoas especializadas que buscam soluções. Um deles é o engenheiro Sérgio Varkala Sangiodani, que desenvolveu um retentor de fuligem. O dispositivo é instalado no final do cano do escapamento para reter o material particulado produzido pelos motores a diesel e de acordo com ele, testes realizados com opacímetros constataram que a peça (retentor) reduz em média 50% a 90% a fumaça preta expelida pelo veículo.
“Se um caminhão lança 16 kg de material particulado no meio ambiente durante um ano de trabalho, o retentor capta no mínimo 8 kg desse componente”, explica Sangiodani. Os testes com o dispositivo que desenvolveu estão sendo realizados desde 2001, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
A vida útil da peça é de dois a cinco anos e segundo o engenheiro ela não afeta o rendimento do motor, pois está localizado depois da área de compressão do escapamento. “A utilização do retentor evita a multa por fumaça preta quando o teste for realizado pela escala Ringelman Escala Calorimétrica, utilizada pelos fiscais da Cetesb”, complementa. O retentor de fumaça, que já recebeu certificado, e está sendo testado junto com membros da prefeitura de São Paulo, técnicos e especialistas em material particulado. Pode ser encontrado em algumas lojas de autopeças para caminhões (listadas no site www.retfue.com.br) pelo preço médio de R$ 250,00. |
Como Evitar a Fumaça Preta
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Mantenha seu veículo regulado de acordo com as especificações do fabricante. Além de reduzir a poluição, você prolonga a vida do motor e economiza combustível.
Evite transitar por vias congestionadas, procurando, sempre que possível caminhos alternativos. O anda-pára do trânsito congestionado aumenta o consumo de combustível e a emissão de poluentes. Procure utilizar meios de transporte coletivo, sempre que possível. Se o seu veículo utiliza diesel, mantenha o sistema de injeção de combustível regulado, conforme especificação do fabricante. Quando parado no tráfego, não acelere seu veículo desnecessariamente. Acelerando, você aumenta a emissão dos poluentes. Observe o período de troca do(s) filtro(s) de ar. Filtro sujo aumenta o consumo de combustível e o veículo polui mais. |